Com a atenção geral voltada para a confusão da fogueira. Foi nesse movimento meio desorganizado que Marshall me cutucou com o cotovelo.
— Vai — ele disse num sussurro rápido. — Ninguém tá prestando mais atenção.
Ele virou o rosto, se afastando um pouco de mim, mas ainda estava perto para conseguir escutar a conversa.
Antes que eu pudesse protestar, viro meu rosto para Flame, mas ele já olhava na minha direção e sorriu. Isso começou a me deixar nervosa, fui pega desprevenida.
— Ei. — Simples. Curto. Mortífero. Um "ei" que derreteu meu cérebro.
— E-ei. — Sorri também. Ou pelo menos tentei.
Houve um silêncio rápido entre nós. Eu me amaldiçoei por não ter algo para puxar assunto. Queria poder começar assuntos casualmente ou temas que ele pudesse me admirar. Mas, claro, meu cérebro só entregava pensamentos inúteis como "será que tô suando?" ou "meu cabelo tá estranho visto desse ângulo?"
— Tá curtindo a festa? — ele perguntou, como quem realmente queria saber. Olhei de relance pra Marshall, que acenou discretamente com a cabeça, como se dissesse "vai, agora é com você".
— Tá legal, na verdade — respondi. — Bem melhor do que eu esperava.
— E o som? Tô meio inseguro com a playlist — ele disse, rindo. — Bonnibel é exigente e o Marshall me fez duvidar de todas as minhas escolhas.
— Bom, começou com Red Hot e já ganhou pontos comigo — dei um pequeno sorriso. — E agora tem Foo Fighters... Você tá indo muito bem.
Isso! Ele começou um assunto que eu domino. Música!
— Ah, então você gosta de Foo Fighters? — os olhos dele começaram a brilhar. — Eles lançaram um álbum que estourou esse ano. Fiquei feliz por acompanhar o crescimento deles.
Ok, agora vou colocar meu conhecimento em prática pra valer.
— Acho que eles tinham tudo pra dar certo. Afinal, o fundador da banda é o Dave Grohl. Não esperava menos de quem foi o próprio baterista do Nirvana.
Flame me olhou, como se tivesse ficado... impressionado?
— Você entende bastante sobre música, né, garota do Pixies? Isso me faz lembrar da nossa última conversa — Ele deu um sorriso.
Então ele lembrava que eu também gosto de Pixies... Foco, Fionna. Nada de se emocionar.
— Eu trabalho numa loja de discos, lembra? — soltei, tentando soar casual. — É obrigatório gostar de música.
— Mas entender, que nem você... — ele respondeu, ainda com aquele meio sorriso. — Aposto que consegue reconhecer uma banda só pela mixagem.
Dei de ombros, fingindo modéstia, mas por dentro eu estava em colapso. Ele estava me elogiando.
— Talvez... É tipo um superpoder.
Flame riu e mexeu na própria latinha.
— Quer beber alguma coisa? — apontou para a própria latinha. — Posso buscar uma pra você.
— Claro!
— Justo. Vou ver o que tem. Me espera aqui.
Assenti. E quando ele se levantou, percebi: ele pediu pra eu esperar aqui. O que significa que ele iria voltar. E iria querer falar mais comigo. Até iria buscar algo pra eu beber.
Eu podia morrer feliz hoje.
— É, você não consegue nem disfarçar a cara — Marshall sentou ao meu lado novamente com uma lata de cerveja nas mãos. — Aparentemente, você não é um caso perdido. Na verdade, estava indo muito bem.
Tinha esquecido, por um segundo, que ele estava perto o suficiente pra escutar a conversa.
— Só porque ele falou algo que eu consigo conversar...
— E você conversou bem. — Marshall respondeu, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Sério. Teve charme, teve humor, teve conhecimento musical... Eu diria que você foi quase carismática.
Revirei os olhos.
— "Quase"?
-Desculpa, Mertens. Mas você não vai receber um elogio, ainda não merece.
— Que incentivo. — Cruzei os braços, mas no fundo, um orgulho idiota inchava dentro de mim.
— É por isso que eu tô aqui, doninha. Mentores durões fazem bons protagonistas. — Ele deu um gole na cerveja e deu um sorrisinho.
— Por que você me chama de "doninha", mesmo? — Virei o rosto, junto com o corpo. — Acho que nunca perguntei.
Ele deu um sorriso, olhando para a fogueira com um brilho divertido nos olhos. Quando voltou a me encarar, pareceu pensar por um segundo antes de responder. Seu rosto estava iluminado pelo tom alaranjado do fogo.
— É que doninhas são pequenas e fof— bobas. — Ele pareceu nervoso por um segundo. — É, você parece uma doninha porque parece meio tonta, sabe?
— Gratificante, Lee — respondi de forma ácida.
— Sempre à disposição pra levantar sua moral. — Ele deu mais um gole na cerveja e me lançou um olhar de lado. — Mas, falando sério... você foi bem. Mesmo.
— Você já falou isso — franzi o cenho, desconfiada.
— E tô repetindo pra ver se você acredita. — Fez uma pausa curta. — Até porque, se continuar assim, vou conseguir o que eu quero rapidinho.
— Você acha que ele está interessado em mim...? — encolhi os ombros ao perguntar, desviando o olhar.
O silêncio de Marshall durou alguns segundos.
— Olha, sendo sincero... Ainda não. Mas não se preocupe, ele é um dos meus melhores amigos e eu o conheço. Sei de vários truques, então não se desanime.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, ouvindo o barulho da fogueira estalando e alguém tocando um violão desafinado ao fundo. A brisa estava mais fria agora, e eu puxei os braços pra dentro do casaco, meio involuntariamente.
Marshall notou.
— Quer minha jaqueta? — perguntou.
— Deus me livre. Vai que ela está amaldiçoada. — Fiz uma careta.
— Bom, então congela aí com dignidade. — Ele encostou a cabeça nos joelhos, rindo baixo. — Mas só pra constar, era um gesto nobre.
— Me avisa quando tiver outro desses. Acho que perdi o primeiro.
Ele me olhou de lado de novo, com aquele sorrisinho irritante e... Um pouco encantador. E foi nesse exato momento que Flame apareceu na nossa frente — sem que eu percebesse.
— Trouxe cerveja — disse, estendendo uma latinha gelada na minha direção. — E peguei uma extra... caso você queira outra depois.
Meu cérebro derreteu por um segundo. Mas consegui, com muita dignidade, aceitar a latinha e sorrir.
— Obrigada. Você é oficialmente meu favorito agora — tentei dizer a brincadeira de forma casual.
— O Marshall que lute — ele respondeu, brincando, e se sentou ao meu lado.
— Como se ele já tivesse estado nesse posto em algum momento... Nem em cem anos — brinquei de volta.
Olhei para o Marshall, esperando que ele dissesse alguma coisa. Mas ele só sorriu, virou a cerveja inteira de uma vez e se levantou. Foi embora sem dizer uma palavra.
Isso me fez sentir estranha. De um jeito péssimo.
Não revisei o capítulo, mas espero que esteja aceitável. Obrigada por acompanharem até aqui! 🧡
Ps: citei Everlong do Foo Fighters, mas depois que me toquei que lançaram em 97 e minha fic se passa em 95. Vamos fingir que não tivemos um erro e essa música foi lançada em 95 hehe
YOU ARE READING
Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
8 - Bonnibel's Fall Bash
Start from the beginning
