7 - Operação: fisgar o Flame

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O que ele queria perguntar?

Talvez... se eu queria ser a namorada dele. E depois a gente se casava. E adotava três gatos. É, talvez eu precise de terapia.

Tentei me distrair organizando os discos. E estava quase conseguindo, até o sininho tocar de novo. Dessa vez, era meu tio... e Marshall Lee, logo atrás dele.

Eles estavam discutindo — de novo.

Era a terceira semana seguida que Marshall tentava convencer meu tio a vender as fitas da banda dele. Meu tio, que nunca ouviu uma única música da tal banda, já tinha jogado várias tentativas no lixo sem nem piscar. Marshall até tentava deixar escondido nas prateleiras entre as bandas fodas, mas meu tio sempre achava. E sempre se livrava delas.

— Qual é, tio Martens! Só escuta a fita, uma chancezinha. Eu juro que não vai se arrepender. — Marshall estava praticamente suplicando. — A gente pode atrair um público novo! Imagina a fila de garotas comprando nossas fitas!

— Marshall, eu gosto de você, de verdade. E admiro sua paixão pela música — meu tio suspirou, cansado —, mas eu não vou colocar um álbum de três adolescentes amadores na minha loja. Não faz sentido.

— A gente é bom! Você só precisa dar uma chance!

Foi então que meu tio olhou pra mim.
Aquele olhar de "tive uma ideia brilhante".

— Aceito com uma condição — disse ele.

Marshall parou. Os olhos brilharam.

— Qual condição?

— Se a Fionna gostar da fita, eu deixo vocês venderem. Só como teste. Não vai achando que sou um santo.

— Ela me odeia! — Marshall protestou, virando os olhos. — Nunca vai gostar de nada vindo de mim por pura birra!

— EI! — protestei. — Que legal, tio, me colocando no meio da palhaçada de vocês dois.

— Então você já sabe o que isso significa — respondeu meu tio, satisfeito. — Nunca vai vender suas fitas aqui.

Marshall bufou, indignado. Mas respirou fundo.
Caminhou até mim e estendeu a fita.
Com cuidado.

— Só escuta — disse, me olhando nos olhos. — Depois pode continuar me odiando pelo resto da sua vida. Mas dá uma chance.

Houve uma pausa. Então ele inclinou um pouco o corpo, sussurrando:

— Assim eu também te ajudo com outra coisa que você quer...

Franzi as sobrancelhas.

— Que coisa?

Ele deu um meio sorriso.

— Ficar com o Flame.

Eu prendi a respiração.

— C-como é? — soltei, gaguejando feito uma idiota. — Você tá... me chantageando emocionalmente?!

Marshall deu de ombros, com aquele sorriso de canto. O típico sorriso de quem está se divertindo mais do que deveria.

— Eu prefiro chamar de "troca justa de interesses".

— Você é impossível — revirei os olhos, apertando a fita na mão como se ela fosse um detonador de bomba.

— E você é previsível.



(..)



A festa da Bonnibel seria perto do penhasco, aquele que ficava ao lado do grande lago da nossa cidade. Um lugar afastado o suficiente de adultos e vizinhos — ideal para não chamar a polícia por causa do barulho, segundo o Finn.

Na minha humilde opinião, parecia o cenário perfeito para um filme de terror: adolescentes bêbados, vulneráveis, perto de um penhasco. Um prato cheio para um assassino mascarado.

 Mas preferia que os momentos que fossem acontecer essa noite não envolvessem facões e nem trilha sonora tensa.

Finn tinha chamado os garotos para dar um mergulho antes da festa (o que ainda me confundia, porque o clima não era nem quente nem frio). Ou seja: a qualquer momento eu poderia esbarrar com o Flame casualmente — e fingir que não foi milimetricamente calculado por mim.

Enquanto eles jogavam vôlei na piscina, eu estava na cozinha esperando o Marshall. Tínhamos um acordo: ajudar um ao outro a conseguir o que queríamos. Era hora de bolar o plano para o meu caso.

Marshall apareceu com uma toalha no ombro. O cabelo ainda úmido, pingando nas têmporas. Eu juro que tentei não olhar. Juro. Mas o abdômen dele tinha quadradinhos perfeitos demais para serem ignorados.

Odeio reconhecer que ele é bonito.

— Esperou muito, querida? — ele perguntou com um sorriso torto.

— Muito engraçado, simplesmente hilário. — respondi, o sarcasmo escorrendo pela voz. — Podemos falar logo sobre o plano? Assim posso te ajudar também.

— Primeiramente: cadê o senso de humor? Com esse comportamento, não vai conquistar o Flame.

Cruzei os braços, encarando ele como se eu pudesse disparar lasers pelos olhos.

— Eu devo realmente amar muito minha música... como pode a única loja decente de discos dessa cidade ser do seu tio? Cidadezinha pacata dos infernos. — ele resmungou, quase pra si mesmo. — Enfim, a operação "fisgar o Flame" está oficialmente em andamento.

— Não chama assim. "Fisgar o Flame" faz parecer que sou uma tarada desesperada.

— Mas não é isso que você é? — Marshall riu. — Tô brincando, doninha. Não me olha assim. Não tem nada de apaixonante nesse seu ódio.

— Foco, Marshall! Vamos voltar ao que interessa.

— Tudo bem, tudo bem. Primeiro de tudo: hoje, quero que você se vista como na última festa. Algo naquele estilo. Porque, com todo o respeito, suas roupas normais... não são nada provocantes. E hoje, queremos a Fionna provocante.

Ele olhou nos meus olhos, sério. Antes que eu pudesse protestar, ele lançou aquele olhar. Aquele misto de confiança e desafio que fazia as pessoas dizerem "ok".

— Hoje você precisa se enturmar mais com a gente. Só fique perto de mim que, na hora certa, eu te dou o empurrão. Sem pressão. Confia em mim. Vou fazer a magia acontecer e, com sorte, você termina a noite beijando o nosso foguinho.

Ele parecia enjoado falando a última parte. Mas, pra minha vergonha, eu quase sorri.

— Mas eu nem consigo manter uma conversa decente com ele...

— Fionna. — Marshall segurou meus ombros, olhando bem no fundo dos meus olhos. — Eu disse que você podia deixar o resto comigo, não disse? Confia em mim. Vocês vão conversar como duas pessoas normais.

— Eu esqueço da sua habilidade social impressionante de... contagiar todo mundo ao redor.

De fato, se tinha uma coisa que o idiota do Marshall dominava era a arte de encantar qualquer ser vivo a dez metros de distância. Talvez fosse o charme de músico.

— Certo — suspirei. — Estarei em suas mãos.

— Não se preocupe. Vai estar segura. — Ele sorriu, e por um segundo, ele parecia quase... confiável.

Quase.






Capítulo curto, mas espero que gostem! 🧡

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeOù les histoires vivent. Découvrez maintenant