Ela fechou os olhos, um meio sorriso nos lábios. A respiração começava a ficar mais ritmada. Parecia que ia dormir.
Fiquei ali sentado por mais alguns segundos, ouvindo o barulho distante da música tocando lá fora e o som da respiração tranquila da Fionna. E aí, no silêncio do quarto, murmurei quase sem querer:
— E por mais idiota que pareça... não quero que você chore por causa do Flame. Ele não merece.
(..)
Narrativa de Fionna Menters
Acordei com a sensação de que meu corpo havia sido atropelado por um ônibus... e depois atropelado de novo, só por garantia. Tudo doía. A luz do quarto invadia pelas frestas da cortina como uma acusação silenciosa — um lembrete de que o mundo lá fora continuava girando, mesmo que meu cérebro tivesse parado de funcionar por completo.
Demorei uns bons segundos pra reconhecer onde eu estava.
Meu quarto. Minha cama. Meu pijama de patinhos. Um balde discretamente posicionado ao lado. Havia cheiro de desinfetante no ar.
Viva? Sim. Digna? Absolutamente não.
Me sentei devagar, como uma idosa de 97 anos, e fiquei encarando o ambiente em silêncio. A casa estava... estranhamente silenciosa. Sem gritos, sem barulho de porta batendo, sem música.
Por um segundo, achei que tinha sonhado tudo. Mas então a lembrança do shot me acertou como um soco no estômago. Depois, o som da banda do Marshall. O rosto do Flame. A piscina. O quarto. O zíper da saia.
— Ai, meu Deus — murmurei, cobrindo o rosto com as mãos.
A vergonha me envolveu como um cobertor pesado. Tentei levantar, mas minhas pernas ainda pareciam feitas de gelatina. Caminhei até o espelho e encarei o reflexo: olhos inchados, cabelo no estado pós-apocalíptico e um leve borrão de rímel.
Linda. Digna de uma capa da Vogue.
Abri a porta do quarto e desci as escadas devagar. A primeira cena que vi foi Finn, com um saco de lixo em uma mão e um copo plástico na outra. Ele olhou pra mim com um sorriso — que foi substituído por uma expressão de horror.
— Você está horrível!
— Muito legal essa ser a primeira frase do dia que eu escuto — falei, com acidez. — Muito obrigada, querido irmão.
— Tipo... parece que foi atropelada por um caminhão. Umas cem vezes.
— Obrigada! — respondi com ódio.
— De nada — ele riu. — Tô só pegando no seu pé. Você... bebeu?
— Não, eu não bebi.
— Sabe que não adianta esconder, né? — Ele cruzou os braços, com aquele sorrisinho típico. — Gumball tem uma língua solta. Ele não se aguentou quando perguntei onde você estava.
— Olha... não foi minha culpa.
— Eu sei que não foi. Ele me contou a história da Cake. Mas eu queria que, pelo menos, você confiasse em mim pra dizer que um bando de idiotas te forçou a beber mesmo você não querendo. Sou seu irmão mais velho, sabe? Esse é meu papel.
— Desculpa — murmurei, tentando sorrir. — Não vai acontecer de novo.
— Óbvio que não vai — ele respondeu no tom autoritário clássico de irmão mais velho. — Mas foi bonitinho ver meu grupo de amigos tentando te acobertar pra você não se ferrar comigo.
— Não entendo porque fizeram isso — dei uma leve risada.
Fui até ele e comecei a pegar alguns copos plásticos, jogando na sacola.
— Talvez porque gostam de você. — Ele deu de ombros. — Você é meio que o nosso mascote.
Ele veio até mim e bagunçou meus cabelos.
— Eu nunca ficaria bravo se você bebesse também. Não sou exatamente um exemplo.
— Eu sei — respondi, dando um sorrisinho.
— Mas sério... tropeçar e cair na piscina bêbada? — Ele soltou uma gargalhada.
— Ei!! — Dei um empurrão de leve nele, mas acabei rindo junto.
Quando olhei para a porta de vidro que dava para o quintal, vi as pessoas que tinham me ajudado na noite passada limpando a bagunça da festa. Cada um em um canto. Um perfeito grupo de desajustados.
Não consegui conter um sorriso. Um sorriso verdadeiro. De gratidão.
Olá gente! O "Edward" que aparece, seria o Lord micrométrico, mas não podia deixar o nome dele como "Lord". Então improvisei colocando um nome que parecia de um verdadeiro lorde.
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
5- Desajustados
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