Ela concordou com a cabeça e saiu do quarto.
Me aproximo da sua cama com passos lentos, de braços cruzados olhando para ela. Eu sentia que finalmente poderia respirar. Fionna estava deitada de lado, os olhos semiabertos.
— Você morreu ou tá só fingindo pra não ter que encarar a vergonha? - Me agachei ficando ao lado dela.
Ela abriu um olho, bem devagar. Estava com a bochecha espremida no travesseiro, o cabelo todo bagunçado.
-A segunda opção, mas meu orgulho é que está morto. - Murmura.
— Orgulho é superestimado — Dei de ombros.
— Marshall... — ela murmurou novamente, com a voz arrastada. — Por que tem dois tetos?
— Porque você bebeu álcool, sua gênia.
Ela soltou um som que parecia meio riso, meio gemido de derrota.
— Não era pra ser mais divertido?
— Você pulou do tutorial direto pro modo hard.
— Ah... — ela virou o rosto pro travesseiro. — E eu ainda falei com o Flame... Ele me viu assim?
— Não. Ele saiu com uma garota antes de você cair na piscina e o Gumball te salvar. — Digo, quase num estalo, mas então percebo o que realmente importava naquela pergunta. — Espera... por que isso te importa?
— Porque eu não queria que ele me visse ridícula... — ela murmurou, a voz embargada. — Ele foi mesmo embora com outra garota?
Fico encarando ela, incrédulo. Fionna, prestes a chorar, basicamente se declarando pra mim que gosta de um dos meus melhores amigos. E justo agora.
— Tá. Espera um minutinho, Fionna. — Levo a mão à testa, tentando formular a pergunta com jeitinho. — Você... gosta do Flame?
— Isso pareceu tão óbvio assim? — ela pergunta, ainda sem me encarar.
Passo a mão no rosto, soltando um suspiro exausto. Era como assistir a um acidente em câmera lenta e não poder fazer nada.
— Não, Fionna. Imagina. — falo com a minha melhor ironia. — Mas ó... acho que você devia ficar quietinha agora, tá? Antes que se arrependa ainda mais amanhã.
Ela não respondeu. Só ficou ali, deitada, com o rosto meio escondido no travesseiro, as bochechas agora completamente vermelhas — e não só por causa do álcool. Eu podia ouvir a respiração dela ficando mais lenta, talvez pelo cansaço ou só pra não desabar de vez.
Me sentei no chão, encostado na lateral da cama, com os braços cruzados sobre os joelhos. Fiquei ali em silêncio por uns segundos. Queria dizer alguma coisa... mas não sabia exatamente o quê. E eu? Eu não era o cara dos conselhos sentimentais.
— Sabe — comecei, mexendo nos meus cadarços —, você tá se sentindo ridícula agora, mas... na real, todo mundo é ridículo por alguém em algum momento.
Ela virou só um pouco o rosto, o suficiente pra eu ver um dos olhos olhando pra mim, ainda meio molhado.
— Isso é pra me consolar? — perguntou, com a voz meio abafada.
— Não. É só um lembrete de que o mundo inteiro é patético. — Dou de ombros. — Mas você é... sei lá, um tipo fofo de patética.
Ela deu uma risadinha fraca, mas honesta. Daquelas que saem quando a gente não tem mais força pra rir de verdade, mas quer demonstrar que entendeu.
— Valeu, sei lá, por cuidar de mim... E não rir de mim — ela sussurrou.
— Não tem graça rir de você — digo, mais baixo. — Quer dizer... tem, às vezes. Mas hoje não.
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
5- Desajustados
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