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Descemos as escadas. Tocava Cherub Rock do The Smashing Pumpkins — típica música da playlist do Marshall Lee. Ele tinha uma obsessão por música e vivia dizendo que era a única coisa que fazia a vida ter sentido.
Eu fiquei parada, plantada no canto da minha própria sala com Cake. Tinha muitas pessoas, principalmente se pegando do meu lado, o que me deixava um tiquinho patética. Mas algo inesperado aconteceu: um garoto alto estava tentando flertar com Cake, e ela estava devolvendo o flerte. Como uma boa amiga, incentivei para ela ir conversar com ele — e parece que deu muito certo. Cake estava conversando há mais de dez minutos com um garoto bonito, um recorde para nós duas. Sorria vendo como ela estava se saindo bem.
Olhando aquilo, penso que eu deveria dar uma volta. A casa estava cheia e escura, iluminada por luzes coloridas improvisadas. Tinha muito mais pessoas do que imaginaria. A música estava extremamente alta. Isso me fazia pensar como nenhum vizinho chamou a polícia até agora. Passo no corredor da sala para a cozinha. Algumas pessoas escoradas na parede e outras no meio do corredor estavam conversando, o que deixava o corredor mais apertado.
— Você parece uma gatinha assustada — ouvi alguém dizer ao pé do meu ouvido. Revirei os olhos. Aquela voz...
— Esse tipo de ambiente não combina contigo — Marshall apareceu ao meu lado e colocou a mão nas minhas costas, me guiando até a cozinha. Ele abriu a porta e me empurrou levemente para dentro, fechando atrás de si.
O som abafou. Estávamos sozinhos.
Ele vestia sua clássica camisa xadrez e calças jeans pretas largas. Eu odiava que ele era estupidamente bonito sem fazer nenhum tipo de esforço. Eu tentava fazer minha cabeça não ficar materializando isso, para afastar a ideia de que estava achando ele um pouquinho atraente hoje. Deve ser essa vibração artista que ele está emitindo hoje. Só pode ser!
— E que tipo de ambiente combina comigo? — Começo, para continuar com sua implicância.
— Não sei... talvez uma biblioteca? — ele riu. — Ou seu quarto, com algum livro idiota da Jane Austen nas mãos.
— Ei... Espera. — Faço uma careta confusa, parando de falar pela metade da frase. — Me surpreende que você saiba quem é a Jane Austen.
— Como não saberia? Você vivia pra lá e pra cá com um livro dela desde os dez anos. — Ele fez uma pausa. — E também, eu conheço literatura. Mas meus gostos são melhores que os seus. — Agora voltou com aquele sorriso presunçoso.
— Duvido muito que você possa ter um pouco de bom gosto nessa cabeça que não funciona.
— Isso foi um argumento um tanto infantil para uma pessoa tão inteligente. — Ele deu uma risada, uma risada de verdade. Claramente me achando patética por eu não argumentar nesse exato momento.
— Tanto faz. — Suspiro, irritada.
Fico de costas para ele, indo em direção à geladeira.
Tiro uma garrafa de cerveja. Não conhecia muito de marcas, mas essa parecia melhor do que as do barril na sala. Vejo uma mão fechando a porta da geladeira em cima do meu ombro. Meus olhos deslizam com seu antebraço exposto, com a manga da camiseta xadrez dobrada. Conseguia ver as veias do seu antebraço. Me viro. Minhas costas ficam encostadas na porta da geladeira e minha cerveja segurada na altura do meu peito. Eu me sentia pequena com ele tão perto de mim.
— O que está fazendo? — Pergunto.
— Eu que deveria perguntar o que está fazendo... Tsc. — Ele fez um estralo com a língua, um som reprovado. Seu braço ainda estava ao lado da minha orelha. Ele abaixou a cabeça para conseguir olhar nos meus olhos. É, eu nunca tinha percebido como ele era alto. — Desde quando você bebe?
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Conquest Manual (with Execution Errors) - Fiolee
Teen FictionFionna Mertens só queria passar despercebida no ensino médio, ouvindo suas fitas cassete e evitando o caos social que acompanha seu irmão popular, Finn. Mas quando Marshall Lee - o garoto mais irritante (e estranhamente magnético) da escola - propõe...
3- Festa?
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