2 - Balada dos Anos 80

Start from the beginning
                                        

Marshall sempre usava a porta do fundo, ela ficava na cozinha. Marshall sorriu e se aproximou de mim, mesmo querendo negar com todas as minhas forças que eu achava aquele babaca um pouquinho bonito quando parecia descente.

— Estranho você ainda não ter me xingado — ele comentou.

— Estou de bom humor.

— Vai passar quando a Bonnibel chegar... talvez mais umas garotas — disse ele, sorrindo de canto.

— O quê?

Marshall saiu como se não tivesse soltado uma bomba. Voltei para sala, onde todos os garotos estavam sentando em seus lugares de sempre, parecia que foi até ensaiado. Finn na poltrona, Jake sentando no chão, eu sentada no meio do Gumball e Marshall no sofá. Animados com a partida nova da temporada.


(..)


— Dallas nunca me decepciona — digo, me levantando do sofá com a última batata na mão. — Com certeza vão ficar em primeiro esse ano.

— Sei não... o time de Nova York tá forte — meu irmão comentou, já com o cenho franzido.

Os garotos logo engataram num debate acalorado sobre a temporada. Em menos de cinco minutos, estavam apostando pizza, cabelo raspado e até a calça favorita do Jake. A conversa virou um caos — a típica testosterona pré-adulta em modo turbo. Aquilo foi minha deixa.

— Bom, agora que a insanidade começou, vou pro meu quarto. Tchau, meninos.

— Espera, Fionna — Gumball me chamou, meio rindo. — Por que não fica com a gente na social?

Olhei de canto e vi Marshall observando a conversa. A expressão dele era difícil de decifrar — algo entre desinteresse e expectativa. Ele se levantou devagar, como quem não quer parecer curioso demais.

— Fionna ainda é nossa pirralha — comentou com um sorrisinho cínico. — Duvido que esteja interessada nisso.

Senti o sangue ferver, e claro que fiz o que ele queria.

— Agora que você falou isso... — encarei ele com frieza e sorri, bem debochada. — Tô interessada.

Marshall sorriu de volta, aquele sorriso de quem vence sem esforço.

— Sabia que ia dizer isso.

Ele saiu andando como se tivesse ganhado uma aposta invisível. Foi até a cozinha, mas eu não resisti: fui atrás. Ele estava parado na frente da geladeira, analisando as garrafas de cerveja como se estivesse escolhendo uma joia rara. Até de costas ele era irritante.

— Como assim "sabia"?

Marshall se virou devagar, abrindo a cerveja com um estalo e me encarou com os olhos mais descarados do planeta. Negros e ironia pura.

— Porque você funciona como um livro aberto. É só provocar um pouquinho e você reage. Previsível.

— Eu não sou previsível.

— Ué, e o que acabou de acontecer?

Dei um passo pra trás, irritada comigo mesma. Ele bebeu um gole da cerveja como se tivesse acabado de fazer o checkmate.

— Vou pro meu quarto.

— Não! Fica... — ele endireitou a postura, parecendo engasgar com as próprias palavras. — Digo, vai ser bom conhecer gente nova. Você precisa ampliar suas amizades. É quase como se fosse minha irmã mais nova... apesar das provocações. Eu me importo. Não quero que seja uma esquisitona pra sempre.

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeWhere stories live. Discover now