1- Adeus Vida Escolar

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— Também não exagera. Ainda somos só pirralhas no mundo adulto. — Suspirei. — E como você pretende fazer isso?

— Entrando em algum clube. — Cake ficou pensativa por alguns segundos, como se estivesse prestes a soltar uma ideia genial. — Tipo o clube de teatro.

— Ah, não! Primeiro: você sabe o quanto eu odeio socializar. Segundo: o clube de teatro? Sério? Só tem peças ruins e gente esquisita que vive chapada.

— Mas alguns são populares... e vão às festas.

Eu e Cake já tínhamos chegado na escola, um prédio de tijolos enorme com estrutura rústica. Com um grande estacionamento perto do prédio e um sol estonteante — como se fosse queimar minha alma e minhas cinzas saírem pelos meus olhos. Na verdade, o dia estava lindo. Eu que sou apenas um vampiro procurando uma sombra.

Estacionamos nossas bicicletas humildemente. Pelo visto, éramos as únicas que ainda andavam de bicicletas na escola.

— Por que essa obsessão em se enturmar?

— Tô cansada de ser invisível. Cansei de passar sábado à noite assistindo Barrados no Baile com minha irmã de 12 anos.

— Por isso que existe que existe os livros da Jane Austen para causar distrações na nossa adolescência. - Falei como se fosse a coisa mais óbvia a se fazer nessa situação.

Ela suspirou, massageando as têmporas. — Você é irmã do Finn Mertens. Por que não usa esse privilégio uma vez na vida? Não entendo porque você é tão contra mudar a rotina.

Sentamos no gramado em frente à escola.

— Só porque é meu irmão não quer dizer que eu tenha passe livre. Isso aqui não é um filme. Na vida real, ninguém liga se você foi popular no colégio ou não.

— Como assim?

— "O Finn Mertens" — falei com voz de locutor. — Como se fosse algo místico. Mas é só meu irmão neandertal mesmo.

Rimos juntas.

— Eu sei que fora desse prédio ninguém liga. Mas eu só quero um pouco de diversão antes da formatura. Tipo... você podia enfiar a gente nas festas por causa dele.

— Vou pensar. Mas não espera muito de mim.

E foi aí que a paz do momento foi destruída por Metallica tocando no último volume. Um carro chegou em alta velocidade, estacionando de forma exagerada. Saíram cinco garotos altos. A realeza da escola.

Infelizmente, meu irmão fazia parte dela — é, eu disse que ele é simplesmente um maldito clichê.

Cake babava do meu lado. Eu precisava de um balde.

O grupo era formado por:

Jake: o engraçado, atleta, maconheiro funcional, alto e loiro. Ele sempre gosta de fazer piadas inadequadas em momentos inadequados. Gosto dele, a gente até conversa de vez em quando.

Gumball:  pintou o cabelo igual ao Layne Staley, ele é um grande fã de Alice In Chains. Tentava parecer durão, mas um dia peguei ele chorando de madrugada vendo Meu Primeiro Amor escondido lá em casa, enquanto Finn estava dormindo.

Flame: minha queda eterna. Organiza as melhores festas, é o queridinho dos professores, e parece ter saído direto de um livro de romance. Carismático até demais. Me deixa com borboletas no estômago — e zero coragem pra falar com ele.

Finn:  meu irmão clichê. Dispensa comentários.

Marshall Lee:  o pior de todos. Bonitinho, mas insuportável. Vive me irritando. Não joga futebol como os outros — ele é o músico do grupo, tem uma banda rock e toca em todas as festas. Também é o único que parece viver pra acabar com a minha paciência.

— Você tem sorte de ver eles sempre na sua casa — Cake me cutucou.

— Eles são um bando de idiotas — falei, com toda convicção do mundo.

Eles estavam conversando animadamente perto do carro, com galera popular em volta. Parecia um cenário perfeito de um filme adolescente bobo.

Infelizmente o meu sossego acabaria, pois Marshall Lee me avistou com um sorriso diabólico. Olhando para mim com o intuito de acabar minha sanidade mental e sossego. Antes que pudesse escapar, ele grita meu nome e meu corpo trava no lugar.

— OLHA SÓ SE NÃO É A FIONNA MERTENS! — Marshall me puxou com um braço, bagunçando meu cabelo como se eu fosse uma criança de cinco anos. Tentei me soltar, mas ele era forte demais.

— Não te vejo desde o verão. Agora você é minha caloura. Sabe o que isso significa?

— O inferno? — dei uma cotovelada nele e finalmente me soltei.

Ele fingiu que não doeu, mas eu vi a careta disfarçada.

— Estava ansioso pra te ver aqui — ele sorriu. — Desde que seu irmão falou que você vinha pra essa escola, percebi que precisava de um novo hobby.

— Me infernizar seria esse hobby?

— Com certeza.

E foi assim que meu primeiro dia no ensino médio começou, com a "realeza" me cercando, piadinhas sendo feitas e Marshall Lee no controle do show. Adeus, vida escolar tranquila. Você mal existiu.

Conquest Manual (with Execution Errors) - FioleeWhere stories live. Discover now