𝐂𝐚𝐩 𝟐𝟒

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Hoje pela manhã, as crianças acordaram radiantes de animação para a inauguração do parque. Elas mal podiam esperar pela tarde. Jimin compartilhava do mesmo entusiasmo, e às vezes Jin-na se aproximava de mim com um brilho questionador nos olhos, indagando se ainda estava longe de chegar a tarde. Eu não conseguia conter o riso e, com um sorriso afetuoso, informava a ela quanto tempo faltava.

Hoje é sábado, o final de semana tão aguardado, um sinal claro de que ninguém iria trabalhar ou ir para a escola.

Pela manhã, eu e Jimin nos dedicamos a uma faxina caprichada em casa, e depois do almoço, nos reunimos para montar um quebra-cabeça de mil peças com as crianças. As expressões de concentração e alegria se misturavam nos rostos deles enquanto procuravam pelas peças certas, e cada encaixe bem-sucedido era comemorado com exclamações vibrantes e gestos triunfantes.

Horas depois

O pôr do sol tingia o céu de laranja, e o tão esperado momento finalmente chegou: era hora de ir ao parquinho.

Eu arrumei Jin-ah com um macacão branco e uma blusinha de manga amarela, adornando seu cabelo com um penteado delicado. Depois, vesti-me com um vestido florido branco, sentindo a suave textura do tecido contra a pele.

Desci as escadas com Jin-ah nos braços, e lá estava Jimin na sala, um sorriso caloroso iluminando seu rosto.

Oh, minhas princesas estão lindas - ele exclamou, admirando-nos com olhos brilhantes de orgulho.

Retribuí o sorriso, sentindo meu coração se aquecer com suas palavras.

Cadê o Min-ho? - perguntei, lançando um olhar pela sala.

Ah, tentei ajudá-lo a se arrumar, mas ele queria fazer sozinho - Jimin respondeu com um sorriso divertido - Ele disse que já é independente - acrescentou, começando a brincar com Jin-ah, que já estava sentada no sofá, rindo com suas cócegas.

Sorri e segui até o quarto de Min-ho.

Filho? - bati na porta antes de entrar. Sem esperar resposta, entrei e o encontrei se penteando no espelho - Você está lindo - eu digo, observando seu reflexo.

Ele sorriu, um sorriso tímido, mas cheio de confiança.

Obrigado, mãe. Sou independente - ele afirmou, colocando a escova de cabelo em cima da cômoda.

Ah, não, você é ainda meu bebê pra mim - eu digo, fazendo uma carinha de tristeza para provocar uma reação.

A personalidade de Min-ho é um enigma, uma mistura de distância e presença. Por mais que eu tente diminuir o espaço entre nós, ele se retrai como uma flor noturna ao primeiro raio de sol. Eu não sou mestre em traduzir seus sentimentos em palavras ou gestos; parece que ele busca refúgio nas sombras de uma infância da qual quer escapar. No entanto, sob a armadura de sua aparente autossuficiência, ainda pulsa o coração de uma criança de apenas 8 anos, navegando pelas águas turbulentas do crescimento.

Quando eu falo que "parece que ele busca refúgio nas sombras de uma infância da qual quer escapar", eu estou me referindo à maneira como ele, apesar de ser uma criança, tenta se proteger das vulnerabilidades e incertezas típicas da infância. Ele se comporta de uma maneira mais reservada, como se quisesse se distanciar das experiências e sentimentos que são comuns em sua idade, buscando um lugar seguro nas "sombras", um espaço onde ele se sente protegido e isolado das expectativas e pressões do crescimento.

Você já passou perfume? - perguntei. Ele apenas balança a cabeça, negando.

Caminhei até a cômoda e, ao pegar o perfume, avistei o patinho de borracha que Jungkook deu a Min-ho. Lá estava ele, na cômoda, como sempre esteve.

Entre o amor e o ódioWhere stories live. Discover now