𝐂𝐚𝐩 𝟏𝟕

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𝐉𝐔𝐍𝐆𝐊𝐎𝐎𝐊
『••narrando••』

Aquele dia ainda martela em minha cabeça. Eu não consegui ter paz nesses 12 meses em que eu sabia que iria ter um filho e eu não estaria ali para vê-lo se desenvolver e nem nascer. Poxa, eu meio que odeio a s/n por isso.

Mas, ao mesmo tempo, eu sei que ela não teve culpa, pois a culpa é minha.

Uma frase nunca fez tanto sentido como "só valoriza depois que perde". Depois que ela foi embora de casa com os papéis do divórcio, eu senti um vazio enorme. Eu queria correr até ela e rasgar aquele papel, mas não fiz. E eu me odeio tanto por isso.

Me mudei de cidade para ir morar com Anna, mas depois de um tempo com ela, eu a deixei. Eu só pensava na s/n. Voltei e soube que ela estava noiva. Meu mundo desmoronou. Eu sabia que não teria mais chance, pois ela iria se casar com Park Jimin, seu melhor amigo.

Depois disso, fui para uma cidade mais distante e entrei no mundo do álcool e do vício em jogos de apostas. Eu acabei com minha carreira e minha vida. Mas agora, agora eu estou de volta de novo, e eu vou atrás dela e do meu filho. Eu quero que ela me perdoe. Mas, acima de tudo, eu quero estar com meu filho. Eu quero ver o rosto dele, segurá-lo nos braços, sentir seu cheiro. Eu quero ser um pai presente, aquele que ela nunca deixou ser por pura ignorância.... E nesses meses eu só podia imaginar como ele era, como ele se parecia, como ele cheirava. E isso me matava por dentro.

Dois dias depois de chegar na cidade, eu tomei coragem de ligar para ela. Eu precisava falar com ela. Mas como esperado, assim que falei quem era, ela desligou. Não me deu chance de dizer nada, não quis me ouvir.

Me lembro muito bem que no fundo da ligação eu ouvia risadas alegres de bebê. Era ele, o meu filho. A risada mais linda que eu já ouvi.

Eu senti uma pontada no peito, uma lágrima escorreu pelo meu rosto, um soluço escapou pela minha boca quando ela desligou. Eu queria tanto vê-lo, queria tanto abraçá-lo. Mas eu não podia, eu não merecia, eu não tinha esse direito.


Uma lata de cerveja, por favor? - pedi com um suspiro, assim que me sentei no balcão do bar. Estava cansado e frustrado.

Qual marca o senhor prefere? - perguntou-me uma jovem bonita, com um sorriso simpático e olhos verdes. Ela usava um avental branco com o nome do bar bordado em vermelho.

Qualquer uma - respondi, sem paciência. Não estava com vontade de conversar, só queria beber e esquecer os meus problemas.

Depois de cerca de três minutos, a jovem volta com uma latinha de Heineken gelada. Ela abre a lata com um gesto rápido e coloca em cima do balcão, diante de mim.

Por conta da casa - diz ela com um sorriso, piscando um olho para mim. Ela parecia querer me animar, ou talvez me seduzir.

Não vou te dar nada em troca - falei, pegando a lata. 

Bebi um gole da cerveja, sentindo o líquido amargo descer pela minha garganta.

Ela apenas sorriu e saiu para atender outras pessoas. Eu fiquei aqui, olhando para o fundo da lata, sem notar a música alta, as luzes coloridas e o ambiente animado do bar.

Minutos depois 

Eu estou meio tonto, bebi três latas de cerveja, mas não sei se foi a marca ou o meu sofrimento que me deixou assim. Eu preciso ir atrás dela, mas não nesse estado.

Acho que vou descansar um pouco, talvez aqui mesmo.

Ouço uma voz feminina de longe, suave e firme ao mesmo tempo.

Moço, você não pode dormir aqui no balcão - diz alguém, tocando no meu ombro.

Ah... é aquela moça 

Aqui é um bar - eu falo, meio que suspirando. Não sei se ela me ouviu, nem me importo. Eu só quero dormir.

De repente a voz dela para e tudo fica em silêncio

Quebra de tempo 

Desperto de um sono profundo e sinto o ar mais pesado. As luzes acesas me indicam que o dia já se foi e a noite se aproxima. Passo a mão nos olhos e examino o ambiente ao meu redor. Estou no mesmo lugar de antes, aprisionado em uma rotina sem graça. Há poucos clientes no bar agora, nenhum rosto familiar. Devem ter entrado e saído enquanto eu dormia.

Arrumo meu cabelo bagunçado e avisto outra mulher no balcão, provavelmente o expediente da moça que estava aqui antes já acabou. Ela tem um semblante cansado e entediado, enquanto limpa o balcão com um pano sujo. O bar está quase vazio, apenas alguns homens jogam sinuca no canto. O ar está pesado de fumaça e cheiro de álcool.

Que horas são? - pergunto para a mulher.

Ela para de limpar, olha no relógio em seu pulso e me responde com uma voz rouca:

São 18:00 em ponto - ela diz e volta a limpar.

Tiro um dinheiro do bolso e coloco no balcão, me levanto e vou embora. Não tenho nada que me prenda aqui.

Caminho pelas ruas movimentadas, o céu está sem nenhuma estrela. Será que vai chover? Não pode.

Depois de um tempo caminhando sem rumo, eu paro em frente a uma casa.

Droga! Meus pés me trouxeram até aqui.

Eu fico um tempo observando a frente da casa, até que a luz da frente se acende e o trinco da porta se mexe. Rapidamente caminho até outro lado da rua e fico perto de uma árvore que não tem uma boa iluminação, assim ela não irá me reconhecer.

A porta se abre e meu coração acelera e minha garganta dá um nó.

É meu filho, nos braços de outro homem. Ele está sorrindo. E... ele é lindo, mesmo de longe, mesmo de longe eu notei. Notei que ele se parecia muito comigo quando era pequeno. Isso me quebrou.

Meu transe é quebrado por uma risada.

É a risada dela.

Olho e lá está ela, feliz, sorridente e cada vez mais linda.

Droga! O que foi que eu fiz?

Ela beija a testa do meu filho e se despede de Jimin. Ele entra no carro com o bebê e sai. Enquanto ela olha o carro sumir de vista pela estrada, eu a olho. Depois que o carro some de vista, ela entra em casa e fecha a porta atrás de si.

Ela está só agora. Mas será que eu tenho coragem de ir até lá?

De repente, uma gota de água cai em meu ombro, depois duas, três e... começa a chover.

Sinto a água fria escorrer pelo meu rosto, misturando-se com as lágrimas que eu não consigo conter. Eu sei que perdi a chance de ter uma família com ela, de ver meu filho crescer, de ser feliz. Eu sei que errei, que a magoei, que a afastei de mim.

Mas eu ainda a amo.

Eu ainda a amo.

E, mesmo sabendo que é tarde demais, eu atravesso a rua.

Sinto o vento frio no meu rosto. Eu respiro fundo e bato na porta da casa dela. Está chovendo muito e eu estou todo encharcado, assim como naquele dia. Aquele dia em que eu a disse que não a amava, no dia do nosso aniversário de casados, em um restaurante lotado. Aquele dia em que eu a magoei profundamente, que eu a vi chorar e sair correndo. Aquele dia em que eu a segui com um guarda-chuva, preocupado se ela tomaria um resfriado por estar molhada, mas ela me empurrou e me disse para nunca mais procurá-la. 

Eu espero que ela me atenda, que ela me dê uma chance de explicar. Eu sei que é pedir muito, mas eu não posso desistir. Eu preciso vê-la. Eu ouço passos do outro lado da porta e meu coração acelera. A porta se abre e eu vejo o rosto dela. 

.・。.・゜✭・.・✫・゜・。.

Eu espero que tenham gostado até aqui.

Curtam e comentem, isso vai ajudar a fanfic a chegar em outras pessoas.

Enfim, obrigada por ler, até logo!

Entre o amor e o ódioWhere stories live. Discover now