41. O preço do silêncio

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Octavia

   O verdadeiro valor do amor reside na autenticidade. Essa é a frase que ressoa na mente de Octavia quase todos os dias, quando ela pensa em Lincoln. É evidente que existem mais motivos, como a reciprocidade e a coragem de desafiar as convenções em busca da felicidade genuína, e esse era o cerne da questão. Ela não teve coragem suficiente para desafiar todos por Lincoln, mas a realidade era outra. A diferença cultural era imensa, sem mencionar o problema histórico. Os terráqueos têm atormentado sua família desde que chegaram, e ela não tinha o direito de julgá-los por isso, embora frequentemente se encontrasse pensativa sobre o assunto. Tudo o que ela queria era que vissem Lincoln como ela o viu, na primeira vez em que seus olhares se cruzaram. Ele a acolheu e tomou cuidado para mantê-la segura por dias, mesmo tendo traído sua linhagem nas suas costas. Mas, naquele momento, ela não era capaz disso. Se, ao menos, Bellamy e Wells o aceitassem, então Octavia estaria satisfeita.

- Está tudo bem? - perguntou Lincoln, os olhos apaixonantes cintilando enquanto acariciava a mecha do cabelo dela.

  Octavia despertou do seu estado de transe, desviando o olhar em direção a ele até finalmente providenciar um saco de dormir para Lincoln. Era a primeira vez em horas que ela poderia descansar, já que as solicitações de Clarke preocupavam até mesmo Dean. Contudo, ninguém poderia culpá-la, afinal, na situação atual, ninguém conseguiria manter uma boa saúde mental. Antes de chegarem a Arkidia, Lincoln fez a promessa de dormir ao seu lado para que ela se sentisse mais protegida, e era exatamente isso que estava acontecendo naquele momento.

- Sim, só estive pensando. 

- Que tal deixar para pensar amanhã? É uma noite muito bonita para desperdiçá-la se preocupando - ele deixou um selar em sua testa, logo redirecionando sua mão ao encontro da dela e as guiando. 

  Ela assentiu com a cabeça, sorrindo. 

  Os minutos passavam cada vez mais velozmente, o que entristecia Octavia. Ela desejava passar mais alguns instantes junto a Lincoln, adormecendo enquanto sentia aconchego nos robustos braços dele. Era assustador como a angústia e a ansiedade a corroíam internamente à medida que seus pensamentos mergulhavam em um futuro provável - um futuro que ela só queria evitar.

  O silêncio da noite era rompido apenas pelos ocasionais rangidos do prédio desgastado pelo tempo. Octavia aninhou-se mais perto de Lincoln, buscando proteção em seus braços. Contudo, o ambiente começou a se transformar quando ruídos estranhos infiltraram-se no silêncio, como murmúrios distantes e passos sutis.

  Octavia franziu a testa, despertando do sono leve. Ergueu a cabeça, atenta aos arredores. Lincoln também começou a perceber os sons, seus olhos sonolentos se abrindo morosamente. Os murmúrios tornaram-se mais audíveis, uma espécie de sussurro que parecia ecoar pelos corredores vazios.

- Será que estão me procurando? - ela sussurrou para Lincoln, que já se encontrava de pé.

- Não tenho ideia, mas acho que não. Estavam todos em um sono pesado - ele encarou o corredor extenso do terceiro andar, buscando encontrar a origem dos sons. - Vamos nos dividir.

  A tensão no ar era palpável quando os dois se entreolharam uma última vez antes de se separarem. Os sussurros continuavam, uma cacofonia de vozes distorcidas e sons inexplicáveis. Sem trocar palavras, eles empacotaram seus pertences apressadamente, sentindo uma urgência crescente. 

  Os corredores vazios ganharam vida com sombras dançantes conforme Octavia avançava. Ela percebeu que os sussurros pareciam direcionados, como se uma conversa invisível estivesse acontecendo ao seu redor. 

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|Where stories live. Discover now