9. Escolhas

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O tempo parecia ter acalmado e os raios solares iluminavam o topo das árvores. Octavia passou toda a ocasião animadamente compartilhando como escapou da aldeia com o grupo, que apenas a escutava. No entanto, algo incomodava Clarke.

 Dylan estava um pouco afastado dos demais, deslizando seu dedo sobre as flores no chão. Ela se perguntou se ele tinha uma família, se estava preocupado ou triste por estar distante. Ela temia que ele não tivesse pais que o recebessem na cozinha com pães frescos e sorrisos radiantes, ou talvez, ele sequer tivesse uma casa. Clarke passou tanto tempo sem agradecer pelo que tem que acabou perdendo todas as oportunidades, e realmente desejava que com Dylan fosse diferente.

- Dylan, como você chegou aqui? O que vai fazer agora que está livre? - indagou, direta. Clarke desejou não ter sido inconveniente. 

- Vou voltar para casa, ou... - ele parou por um instante, melancólico, antes de prosseguir. - Na verdade, é bem complexo. Existe uma cidade aqui, longe de todos esses terráqueos e de qualquer perigo que possa existir. 

   Arkidia. Ela pensou.

- Eu trabalhava em um prédio lá. Tinha muitos colegas de trabalho que eu considerava mais amigos. Mas nós descobrimos algo horrível e eu não vi outra opção a não ser fugir. Claro que eu tinha planos. Clarke, ouvi dizerem que existe um refúgio não tão longe, distante da maldade humana. O "presidente" disse que era um lugar perigoso, mas eu não dei ouvidos desde o início. Eu iria pra lá sozinho, se esses terrestres delirantes não tivessem me sequestrado.

- Sinto muito, Dylan.

Clarke refletiu por um momento. Um refúgio não tão distante dali, longe da crueldade humana. Era o local perfeito para os cem, o lugar ideal para Octavia vivenciar sua tão desejada liberdade. Dylan prosseguiu e, de acordo com ele, não aparentava ser um local perigoso, pelo contrário. Priorizar a segurança de todos era o que ela devia considerar em primeiro lugar, e seu coração lhe suplicava para confiar em Dylan. Talvez ela estivesse fantasiando, talvez houvesse o risco de morrer, mas honestamente, Clarke não tinha nada a perder. Ela não possuía nada, nem pais, nem uma moradia nem comida. Não tinha uma família e muito menos alguém em quem pudesse depositar total confiança. Era o momento de assumir as rédeas de uma situação sozinha. 

 - Dylan, por que não compartilha sua ideia sobre esse refúgio com meus amigos? Sei que parece loucura, mas se convencê-los, podemos ir juntos. Você não vai mais estar sozinho - ela se levantou, convicta. Seus olhos penetrando os de Dylan.

- Não posso, Clarke. Não posso confiar em mais ninguém, muito menos naquele seu amigo que quase me matou - apontou com o olhar para Bellamy, indistinto.

- Não liga pro Bellamy, ele só é impulsivo. Olha, eu também pensava assim. Depois da morte do meu pai eu me fechei pro mundo, eu me fechei pros meus amigos e não confiei em mais ninguém. Eu passei 1 longo ano da minha vida acreditando que estar sozinha faria minhas cicatrizes se curarem, que assim eu não me machucaria mais. Mas olha só, eu permiti que águas passadas se fossem e não é tão doloroso afinal. Não sentimos a mesma coisa, mas posso te prometer que se ir com a gente, vai ser 2 vezes melhor - Clarke esticou seu braço na direção dele, suplicando. - Por favor, confie em mim. 

Ele parou para refletir, uma sensação empolgante. Clarke interrogou-se sobre a decisão dele por um longo momento, antes do rapaz entrelaçar suas mãos e juntar-se a ela. Clarke estava tão feliz que o abraçou fortemente, sem se importar se o sufocava ou não. Se isso significasse amadurecer, então ela estava satisfeita. Não se importava com a opinião de Bellamy, os seis partiriam em direção ao refúgio, e se realmente fosse seguro, levariam o acampamento consigo. Ela desejava recomeçar, abandonar seu passado, suas escolhas equivocadas e seus relacionamentos.

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|Where stories live. Discover now