34. A certeza em chamas

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-Notas-

Pra esse capítulo,  recomendo ouvirem Miserable Man do David. Na minha mente, alguns versos se encaixam perfeitamente com tudo o que tá acontecendo e como ele se sente.
Boa leitura;

Bellamy

Os primeiros raios do sol fraco da manhã adentravam pelas fendas desgastadas das tábuas da cabana, e assim surgia uma luz dourada e misteriosa nas paredes de madeira envelhecida. O ar estava impregnado com o aroma úmido da floresta ao redor, e o único som perceptível era o suave murmúrio das folhas nas árvores do lado de fora. Bellamy, ainda sonolento, começou a recobrar a consciência lentamente. Sentiu certa incomodação nas costas e percebeu que estava deitado no chão frio e sujo, coberto por uma manta áspera. 

Bellamy tentou se levantar, mas seus braços e pernas estavam pesados, e ele ouviu o som metálico das correntes roçando contra o piso. Com um sobressalto, proferiu algumas palavras de descontentamento a Rhodes, observando as correntes que o mantinham prisioneiro soltarem um tilintar sombrio enquanto pensava no que fazer. Logo percebeu uma ferida sangrando, causada por uma bala, circundada por uma mancha vermelho-escura em sua calça rasgada, e as lembranças começaram a voltar.

O som do tiro e os gritos de Clarke ainda ecoavam em seus ouvidos, em algum lugar dentro dele. Bellamy não estava nem um pouco preocupado se tivesse levado um tiro ou algo do tipo. A segurança de Clarke era o que importava e essa certeza gritava em seu peito. Ele faria de tudo para protegê-la. 

Pancadas abafadas ressoam atrás da porta, como se houvesse uma briga ou alguém tentando derrubá-la. Seu coração disparou, temendo que seja Rhodes, o rosto nojento, ou que tenham descoberto que ele está acordado e estejam voltando para verificar e atirar mais uma vez. No entanto, Bellamy se manteve calado.

 A tensão aumenta à medida que os sons se intensificam e ele começa a imaginar o pior. A cada batida na porta, sua mente acelera, preparando-se para qualquer ameaça que possa surgir. As vozes do lado de fora também são audíveis, porém, ainda demasiadamente distorcidas para que ele possa identificar os interlocutores. Bellamy se esquiva enquanto porções da madeira saltam pra fora e então, estreita os olhos.

- Tem certeza que ele está ai? - uma voz feminina e irreconhecível gritou, e em seguida mais um soco.

Mais um. Outro. E outro.

E assim, como um lampejo de esperança, a porta da cabana se abre, rangendo enferrujada. Uma luz radiante inundou o interior, fazendo com que Bellamy pisque os olhos surpreso. A silhueta de várias pessoas destacava-se na entrada.

A voz inconfundível de Clarke corta o silêncio, cheia de alívio e determinação, chamando seu nome várias vezes. Seus amigos, agora nitidamente visíveis, estão ao lado dela, prontos para resgatá-lo. No entanto, algo entre eles era estranho. Não apenas dois rostos desconhecidos para ele, mas a presença evidente de Wells. Seu irmão, que ele acreditava estar morto há meses, está parado à porta da cabana, encarando-o com um olhar sereno e afetuoso. A surpresa toma conta de Bellamy, e ele mal pode acreditar no que vê. Sua mente é inundada de perguntas e emoções conflitantes, enquanto Jesper utiliza uma pedra para quebrar as algemas que prendiam seus pulsos e tornozelos. 

Ele se ergue rapidamente, agitando os pulsos agora finalmente libertos, e então estuda minuciosamente o rosto de seu irmão. Wells abre os braços e, em um movimento embaçado, Bellamy envolve seus corpos em um gesto de saudade, como se, caso o soltasse por um acaso, ele pudesse escapar. Ele sente o calor e a solidez do corpo familiar que pensava ter perdido, agora com um sorriso imenso estampado no rosto. Bellamy se distanciou, com lágrimas nos olhos, e a tensão que antes preenchia a cabana pareceu desvanecer-se.

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|Where stories live. Discover now