30. A morte aguarda aqueles que persistem

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   A floresta exalava um ar misterioso, com árvores altas e imponentes, cujas folhas pareciam ter sido feitas de esmeraldas. A luz do sol filtrava-se suavemente através das copas das árvores, criando um espetáculo de luz e sombras em movimento. No entanto, nem mesmo essa paisagem encobria a exaustão que se espalhava entre todas aquelas pessoas. Todos se dividiram em cinco grupos, na tentativa de serem o mais discretos possível, mas Bellamy tinha suas dúvidas. Afinal, o estrondo da colisão das naves no chão foi suficientemente alto para que tanto os terráqueos quanto qualquer habitante da floresta ouvissem.

 Enquanto o primeiro grupo partia liderado por Graham, Clarke cuidava do restante das pessoas. Bellamy estava do outro lado, montando macas com galhos e madeira, com a ajuda de Murphy e Eric. Desde a noite passada, Bellamy mal teve tempo para pensar em seu relacionamento com Clarke, e essa ideia pairava constantemente em sua mente. No entanto, estavam ocupados demais salvando vidas para conversarem sobre seus sentimentos naquele momento. 

Ele tinha esse desejo evidente, mas nem sabia por onde começar quando chegasse a hora. Bellamy sempre amou-a, e esconder isso parecia estranhamente reconfortante, embora ainda houvesse um medo enraizado em seu peito; o medo de que tudo desse errado mais uma vez. 

Ele balançou a cabeça, tentando afastar essa ideia por alguns instantes e concluir seu trabalho. Bellamy entregou duas das macas para Eric, já que o último grupo estava prestes a partir e, por sorte, apenas duas pessoas não conseguiam andar. 

Ele avistou de longe Clarke segurando a criança cuidadosamente e entregando-a nas mãos de uma mulher, e não pôde conter o sorriso. Clarke era tão atenciosa com todos, e ele tinha certeza de que, se não estivessem na Terra, ela seria uma profissional de destaque na Arca. Bellamy estava orgulhoso dela, sempre esteve, e nada poderia mudar isso.

- Cacete, você gosta mesmo dela - comentou Murphy enquanto acerava uma lança, despertando Bellamy de seu transe.

- O que?

- Você não para de olhar pra ela, e eu poderia jurar que vi saliva escorrer da sua boca - Bellamy deslizou o polegar pelo queixo afim de descobrir se Murphy estava mesmo sendo sincero, mas assim que o fez , Murphy desferiu um tapa leve, mas firme, em sua testa. - Não é possível que você tenha mesmo acreditado, Blake.

- Olha, não duvide do que possa acontecer com meu corpo quando eu olhar pra ela.

- Que nojo, Bellamy - Murphy e Bellamy se olharam por um momento e, finalmente, desataram a rir. - Agora levanta, não aguento mais ficar aqui com você quase comendo a Griffin com os olhos.

- Você é o pior - ele sussurrou para Murphy, se erguendo e acompanhando o pequeno grupo de pessoas que partia em direção ao acampamento.

 Bellamy já se encontrava frente a área cercada por tendas e equipamentos. O acampamento estava agitado como habitualmente, com luzes brilhantes e a agitação de pessoas trabalhando incansavelmente, tendo como única diferença a quantidade de pessoas ali. Foram apenas 2 naves, e as tendas e todo o espaço parecia cheio demais. Bellamy sabia que todos teriam que trabalhar ainda mais naquele momento.

- Acho que vamos ter que dormir do lado de fora hoje - a voz doce ecoou ao seu redor, e ele soube naquele momento que era Clarke. - Mas não acho que isso seja um problema, considerando o que passamos no confinamento.

- Realmente. Aliás, é muito mais legal ver as estrelas daqui. Não sei se é o verde, ou como podemos respirar melhor, só acho que...

- Bellamy - seu tom de voz trouxe uma leve preocupação para ele, o bastante para interrompê-lo e finalmente levar seus olhos aos dela. - Eu preciso de vocês.

- Vocês?

- Ainda tem mais duas naves por ai. Minha mãe e o seu pai podem estar em uma delas.

- Ou meu pai pode nem ter sobrevivido lá em cima. 

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|Where stories live. Discover now