15. Uma vida pela solução

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Bellamy

O negror tinha tomado o céu e apenas o resplendor das estrelas e da lua clarejavam a noite fria e veemente. O som opressivo da conversa de uma multidão ao contorno de uma fogueira era audível, e embora Bellamy tivesse desejado o dia todo ir a esta festa, ele nem pensou em uma distração depois do último evento. Bellamy tinha muitas dúvidas sobre seus sentimentos em relação a Clarke, e tudo o que havia acontecido o fez pensar muito. Portanto, não deveria, já que a reciprocidade por parte dela era apenas uma ilusão.

- Não vai aproveitar a festa? Sabe que é justamente pela chegada de vocês? Dean possivelmente só saberá do que aconteceu hoje, pela manhã - Raven sentou-se ao seu lado no muro, mantendo os olhos na direção da floresta, enquanto oscilava os pés no ar.- Ei, relaxa. Ainda sim, recomendo ir conversar com ela.

- Ela?

- Isso. Clarke Griffin - ela o encarou, desacreditada, antes de lhe dar uma dose de realidade. - Você é burro, Bellamy? Não entendeu que o motivo é você? Ela gosta de você, caso contrário, não teria reagido daquela forma.

Bellamy interrompeu-se por alguns instantes para refletir. Ele tinha esperança de que Raven estivesse correta e, durante esse tempo para assimilar cada uma de suas palavras, ele a deixou rapidamente para avançar pelas ruas paralelas. Seu coração batia acelerado enquanto corria, sendo quase impossível desviar das pessoas embriagadas e agitadas que dançavam por toda parte. Bellamy divisou a casa que lhes fora destinada, empurrando a porta com o ombro e entrando na sala principal. A janela estava aberta, soprando um vento gélido que fez Bellamy se arrepiar. A casa estava completamente vazia, exceto por uma única pessoa cujos cabelos louros esvoaçavam enquanto ela lia um livro com capa de couro. Aliás, seus olhos azuis, que há alguns dias brilhavam, agora estavam inchados e cansados. Ela aparentava estar doente, e isso cortou o coração de Bellamy.

- Bellamy? - enunciou seu nome, certamente surpresa.

- Clarke, por que não disse isso antes? -   Ele se aproximou dela, pousando a mão em sua bochecha. Seu rosto exibia confusão e, à medida que Bellamy aproximava seus lábios, ele pôde sentir uma certa mutualidade - Por que não disse que o motivo era eu?

- O que? - Embora esteja provavelmente surpresa com o gesto, ela apenas consentiu com o contato. Bellamy deslizou sua mão pelas costas dela até a nuca. Era evidente que ele estava nervoso, pois sua respiração já estava ofegante antes mesmo de tocá-la. Ele não se importava com quem poderia entrar, ele queria beijá-la desde que a viu novamente. Quando seus lábios estavam prestes a se encontrarem, Clarke se afastou lentamente, olhando-o com tristeza. Ele franzia o cenho, enquanto Clarke desviava o rosto para a janela, abraçando o próprio corpo com as mãos. - Raven precisa de você.

Aquelas palavras pareciam ter o apunhalado, e Bellamy não pensou em mais nada além de sair dali. Ele estava triste, completamente abalado com a rejeição. Estava tudo caminhando para dar certo, estavam quase se beijando, então por que ela se esquivou e o rejeitou? Seus sentimentos desapareceram de repente? Eu a machuquei? Eram questões complexas demais para serem respondidas.

- Bellamy, você tá bem? - Chase se aproximou, sentando-se ao lado de Bellamy, que agora revirava uma garrafa de álcool.

Bellamy tinha deixado Clarke há algum tempo, com lágrimas pesadas nos olhos, mas que ele se recusou a derramar. Apesar de estar profundamente abalado, ele se acomodou atrás de um tronco um pouco afastado da fogueira e da multidão, segurando três garrafas de álcool caseiro. Até que Dylan apareceu. Bellamy simplesmente decidiu ignorar sua presença pelo seu próprio bem e bebeu mais um gole da bebida. O sabor amargo o fez questionar se seus olhos estavam marejados por uma garota ou pela bebida. Dylan então sentou-se ao seu lado e tomou a garrafa da mão de Bellamy, bebendo-a também. Bellamy arqueou a sobrancelha e o encarou, indignado.

- Enquanto não me responder e continuar agindo como um idiota, vou beber ao seu lado e contar a novidade quando você estiver sóbrio - proferiu, com convicção. Bellamy considerou continuar em silêncio, mas sua curiosidade foi maior.

- O que você quer? - indagou, impaciente.

- Eu tenho uma ideia que pode convencer Dean a aceitar a proposta de Clarke - ele entrelaçou suas próprias mãos, virando-se para Bellamy com um ânimo que surpreendeu Bellamy. - Nos filmes e livros que eu li, os acordos eram feitos através de trocas.

- Não temos nada pra trocar com eles - proferiu, desiludido. Bellamy sabia que estava certo, mas uma luz no fim do túnel fora seu mair desejo durante as últimas horas.

- Eu tenho.

Um garoto misterioso, sem família, sem lar e completamente perdido após ter sido sequestrado há poucos dias, possuir algo grandioso o suficiente para fazer uma troca com alguém como Dean era bastante improvável. Mesmo assim, Bellamy demonstrou interesse pelo assunto.

  ... 

Os dois correram ao nascer do sol e adentraram uma construção. O som dos passos ecoando nas escadas de madeira soava como uma perturbadora estrondosidade. Mesmo que Dean despertasse assustado de algum transe, Bellamy não se importava. Eles bateram suavemente na porta e se entreolharam, cheios de apreensão. Raven a abriu, franzindo a testa. Ela fez um gesto para Bellamy, como se não tivesse entendido a visita, e ele respondeu com o mesmo gesto. Mesmo que ela não tivesse entendido, Dylan e Bellamy adentraram a sala, deparando-se com Clarke diante de Dean. Eles olharam para os outros dois e, no momento em que Dean ia falar, Dylan o interrompeu.

- Eu quero fazer uma troca - Dean indicou aos dois homens presentes que levassem Bellamy e Dylan embora à força, porém ambos resistiram e se debateram contra eles. - Espere!

Bellamy conseguiu atingir o estômago de um dos homens com o cotovelo, empurrando-o contra a parede. Antes de golpear o outro homem que estava segurando Chase, Dean se levantou da cadeira e solicitou que os homens saíssem da sala.
   Bellamy lançou um olhar rápido para Clarke, observando sua expressão assombrada e nervosa por causa do acontecimento anterior.

Dean se aproximou de sua mesa e começou a procurar algo desconhecido nas gavetas, ao mesmo tempo em que começava a falar:

- Há anos atrás, eu e mais 9 homens fomos obrigados a viajar para a terra. Erámos da Arca, da mesma nação que vocês. Pelo exato motivo que vocês, embora tenhamos tido complicações no pouso, estávamos aqui afim de saber se a terra era ou não habitável. Fomos recebidos de forma calorosa por terrestres, mas então se voltaram contra nós e tivemos que nos separar. Eu vi esse lugar como ruínas e me senti na obrigação de transformá-lo em um abrigo para os próximos que desceriam. Foi assim por anos e eu sempre expliquei a mesma história que conto agora a vocês. Eu sabia quem o chanceler fora, sabia de seus planos e tinha consciência do monstro que ele era. Ele destruiu a minha vida, levou aqueles que eu amava até a morte. Eu prometi que me vingaria e essa promessa nunca morreu.

- Aonde quer chegar com isso? - perguntou Bellamy, confuso.

- Só existe uma forma que me faça aceitar essa proposta - o peito de Clarke inflou em esperança, Bellamy notava isso.

- E qual é?

- Eu quero Wells Jaha morto. 

-Notas-

Muita informação em 1 cap só não é? Peço perdão por isso KKKKKKK

Demorei, mas publiquei. Não revisei esse cap, então se estiver muito pobre em detalhes e com poucos erros ortográficos, eu peço mil desculpas.

Juro que até eu fiquei com ódio puro da Clarke naquela cena, e já peço desculpas de novo pq os próximos caps só vão ser resumidos em choro, lágrimas e depressão. Mas os mimos de Bellarke vão ajudar a me redimir.

Beijos da autora💋💋.

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|Where stories live. Discover now