𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|

22. Outra vez

Clarke

O apartamento estava mergulhado em um silêncio denso, quebrado apenas pelo som distante dos autofalantes relembrando do toque de recolher. Clarke estava sentada no sofá, olhando fixamente para a parede, enquanto Bellamy andava de um lado para o outro, suas mãos inquietas nos bolsos da calça.

- Clarke, você precisa entender que não é o que parece. Eu gosto de você, mas há coisas na qual eu não posso te contar acontecendo. 

- Oh, é claro. Eu entendo perfeitamente - diz, irônica. - Estava tudo bem entre a gente, você me beijou, e de repente desaparece? Eu não consigo entender isso, Bellamy. Você nem olha mais pra mim e eu não te vejo mais. 

- Eu não posso contar, Clarke.

- É claro que pode! Vai me dizer que encontrou alguém melhor que eu? Seja sincero, eu vou entender.

- Melhor que você? Ao menos sabe o que fez? Eu te vi abraçada com ele, eu vi vocês próximos o suficiente pra constatar que fui apenas usado. Você já me esqueceu, não faz mais diferença -  exclama ele, ínvido.

- Ele é meu melhor amigo, e o seu irmão. Acha mesmo que eu te usaria como você me usou? - ela cruzou os braços, contendo as lágrimas que ameaçavam cair. - O que está acontecendo com você?

- Quer saber, Clarke? Não faz diferença se eu.. adeus, seja feliz com Wells - ele engoliu em seco, oscilando vagarosamente a cabeça enquanto lágrimas escorriam de seu rosto, antes de virar-se de costas para ela e ir embora.

Clarke sentiu como se um nó em seu peito se desfizesse e uma sensação de tristeza profunda a envolvesse. Ela se sentou no sofá novamente e deixou as lágrimas finalmente escorrerem, permitindo-se sentir a dor da perda iminente.

As lágrimas continuaram a cair silenciosamente enquanto Clarke enfrentava a realidade do "término". Ela sabia que a decisão era dolorosa, mas ela também sabia que merecia um amor que fosse sincero, presente e recíproco. E enquanto o silêncio da noite a envolvia, Clarke se permitiu sentir seus sentimentos, confiante de que, eventualmente, encontraria um novo começo, mesmo que agora tudo parecesse estar em pedaços.

Clarke abriu os olhos lentamente, sua visão ainda turva e seu corpo pesado. Ela piscou algumas vezes, tentando entender onde estava. O tecido sujo no teto e a luz suave indicaram que estava em uma barraca. Sua mente estava confusa, mas algo a incomodava, como se houvesse algo importante que ela precisava lembrar. O som de soluços e murmúrios encheu seus ouvidos. Conforme sua visão se clareava, Clarke percebeu que estava cercada por rostos familiares.  Ela virou a cabeça com dificuldade, e seu coração se apertou quando viu Octavia, Raven, Dylan e Teresa reunidos ao redor de sua cama. Seus olhos encontraram os olhares cheios de tristeza e lágrimas escorrendo pelos rostos que ela amava.

- Clarke! - alguém sussurrou, e ela reconheceu a voz de Dylan entre soluços.

Clarke sentiu uma onda de confusão se misturando com a preocupação. Por que todos estavam chorando? Ela tentou se lembrar do que havia acontecido, e então a lembrança atingiu como um raio. Os túneis. Ela havia sido atingida por uma bala, e apenas lembrava-se de estar nos braços de Bellamy enquanto o mesmo chorava.

- Clarke? Clarke, você está aqui - Octavia soluçou, seus olhos se arregalaram de surpresa e alívio. - Eu pensei que ia te perder!

Ela tentou falar, mas sua voz saiu fraca e rouca. Sua mão trêmula alcançou a mão de Octavia, que estava segurando a dela.