11. Amores passados

69 10 19
                                    

Eles caminhavam há algum tempo, sem descansar quase nunca. Bellamy ansiava por um banho o mais rápido possível, já que ninguém ali havia tomado banho há dias.

A propósito, Bellamy ainda estava irritado com Wells e notava a reciprocidade na forma como Wells o encarava às vezes. No entanto, ele não deu tanta importância, pois em breve os dois resolveriam suas diferenças como sempre ocorreu. Havia coisas mais importantes para lidarem como pessoas civilizadas do que se provocarem e sentirem ciúmes bobos.

De tempos em tempos, Bellamy arriscava olhar para Clarke, sempre percebendo o olhar dela sobre si, algo que nunca durava, pois a loira sempre desviava o olhar e voltava a conversar com Dylan.

Dylan parou no meio do caminho e olhou em torno. O garoto respirou fundo e voltou-se para os demais, com um semblante apreensivo.

- Acho que estamos perdidos - sua frase curta foi o bastante para Bellamy se alterar. Na realidade, qualquer coisa poderia facilmente irrita-lo depois do dia anterior. - Deveria haver um rio aqui.

- Eu deveria ter imaginado que isso iria acontecer. Eu falei que seria ruim confiar nele, Ov - exclamou Bellamy.

- Pelo menos eu estou dando o meu melhor, você só consegue me odiar e eu nem sei porquê. Bellamy, qual é o seu problema comigo?

Bellamy aproximou-se rapidamente e agarrou o pulso de Dylan, preparado para atingir seu rosto. Porém, Bellamy imobilizou-se e desistiu quando notou manchas e bolhas por todo o braço de Dylan, que quase estava completamente vermelho. Bellamy alternou seu olhar entre a expressão extremamente apreensiva de Dylan e seu braço, antes que o rapaz empurrasse o corpo de Bellamy e se afastasse. Ele ficou tão chocado com o que acabara de presenciar que passou um bom tempo se questionando sobre o que poderia ser aquilo. Talvez fosse apenas uma simples alergia, certo? Mas não se assemelhava em nada ao que ele havia visto antes, e sabia que Clarke concordaria. Era como se Dylan tivesse mergulhado seu membro no fogo e o retirado instantes depois, há pouco tempo. Se aquilo já estava presente, certamente pioraria nos próximos dias.

Dylan e Clarke assumiram a liderança e, finalmente, Bellamy se juntou a eles. Ele contou a Octavia sobre o que acabara de ver e, embora sentisse que ela não acreditava nele, Ov mostrou compreensão e sugeriu que ele falasse sobre isso com Clarke. Ele estava determinado a contar a ela assim que encontrassem um bom lugar para dormir, se ela realmente acreditasse em suas palavras, é claro.

Os seis encontraram uma pequena cabana na floresta. Murphy e Bellamy vasculharam cada detalhe daquela cabana a fim de encontrar algo que os fizesse suspeitar se a casa era frequentada, mas na verdade encontraram apenas algumas paredes danificadas, vinhas espessas envolvendo grande parte do local, adentrando pela janela. Era como se a terra tentasse apagar todos os vestígios da vida humana.
Havia também pratos de porcelana alvos e limpos sobre a mesa, como se esperassem ansiosamente por seus donos, e Bellamy sentira um enorme abatimento apenas por idealizar que as pessoas na qual moravam lá não possuíram a chance de se alimentar utilizando aqueles pratos e talheres uma última vez antes de morrer.

- Clarke - Bellamy se sentou ao lado dela no passadiço, apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto a encarava. A loura o analisou por um longo momento antes de respondê-lo.

- Sim?

- Tem algo que anda me incomodando a um tempo, mas antes preciso saber de uma coisa - ele estava visivelmente nervoso.

- Termine com esse suspense logo, Bellamy! - Clarke era impaciente, e ele havia esquecido completamente desse detalhe. Ou talvez ela só estivesse irritada.

- Tem algo aqui que seja venenoso o suficiente pra causar uma alergia extremamente grave? - ela assentiu. - E alguma vez passamos por algo assim enquanto caminhávamos?

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|Where stories live. Discover now