38. Quando o ódio cede ao perdão

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Wells

   O sol radiava intensamente na copa das árvores, deixando apenas as cavernas e a grama escondida sob as folhas das ramificações próximas ao riacho sem iluminação. Wells não conseguia dormir, e a razão era óbvia. Ele se assustava com cada ruído que ouvia, e mesmo com Sasha ao seu lado durante a maior parte da noite, ainda podia escutar os sussurros dos terráqueos ao longe, a raiva acumulada em cada palavra cortante.

  O canto dos pássaros anunciava o despertar da natureza. Wells piscou os olhos, sentindo a suavidade da grama sob o seu corpo. Ao seu lado, Sasha ainda dormia, envolta em uma manta que os protegera do frio da noite. Com um sorriso afetuoso, ele acariciou delicadamente seus cabelos. A morena murmurou algo inaudível, mas seu sono permaneceu tranquilo.

  No entanto, a realidade logo se impôs quando ela começou a se mover lentamente, despertando do sono profundo. Seus olhos se abriram, revelando um verde intenso que parecia refletir as próprias árvores ao redor.

- Meu Deus, desculpa - disse ela constrangida enquanto retirava o próprio corpo de cima do peitoral de Wells.

- Tá tudo bem - ele se ergueu, tentando conter uma risada. - Você adormeceu.

- E meu pai com certeza deve estar preocupado - proferiu, ajustando suas roupas amassadas no corpo.

- Não deve ser a primeira vez que você dorme com um cara, né?

- Eu só tenho dezessete anos, Wells - exclamou ela, possivelmente indignada com o que ouviu. - E não aconteceu nada.

- Você tá certa - Wells também se levantou e arrebatou toda a terra congregada na pele. - Posso te acompanhar? Combinei de ver Clarke quando amanhecesse.

- Claro que pode - ela sorriu. - Não tô nem um pouco afim de andar por ai sozinha, mesmo que eu seja mais forte que você.

 Ele sorriu sarcástico e engoliu as palavras dela, afinal, não estava tão errada. As cicatrizes ainda ardiam sua pele.

 A despedida foi breve, porém repleta de significância. Sasha retornou à vila, enquanto Wells dirigiu-se à entrada, onde o casal de amigos o aguardava. Lá, deparou-se com Clarke e Bellamy, os quais o receberam com sorrisos afáveis.

- E ai? - perguntou Wells aos dois.

- Mudança de planos. Parece que vamos para Arkidia - proferiu Bellamy, suspirando fundo como se detestasse a ideia.

- Mas porquê? - perguntou Wells.

- De acordo com Octavia e Jesper, os terráqueos invadiram a cidade e acabaram com tudo. Eles acham que até perceberem que não estamos mais aqui, vamos ter tempo suficiente para partimos à Arkidia,

 Ele pôde sentir o pesar nas palavras de Clarke, e apenas se aproximou delicadamente, sua expressão preocupada refletindo a empatia que sentia por ela. Sem dizer uma palavra, ele estendeu os braços, convidando-a a compartilhar o fardo que a afligia. Clarke hesitou por um momento, mas a tristeza em seu olhar rapidamente se transformou em gratidão, e ela se entregou ao abraço acolhedor de Wells. Até que, por cima do ombro de Clarke, encontrava-se Dean, cujo rosto demonstrou espanto ao ver Wells vivo e são.

- Jaha? - Dean balbuciou, lutando para assimilar a reviravolta surpreendente.

 Wells tentou explicar quando Clarke o olhou, surpresa, entretanto as palavras pareceram insuficientes para dissipar a decepção nos olhos de Dean. O peso da informação equivocada pairava no ar, criando um desconfortável silêncio.

- Dean, espera - as palavras de Clarke mal foram ouvidas, enquanto ela entrava em um dilema interno entre correr atrás dele ou apenas congelar ali mesmo.

𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|Where stories live. Discover now