𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100|

6. Extraviada

Clarke

Clarke despertou espantada devido ao estrondo alto de madeira se partindo ao meio. Dado ao posicionamento do sol, seria próximo de 9 da manhã. Ela se vangloriara por ter estudado geografia o bastante.

Todos se igualavam indispostos por culpa das "diferenças", mas na terra aquilo não existia, ou pelo menos não deveria existir. Ninguém mais tinha o privilégio de se enaltecer pelas roupas caras ou rir de uma condição financeira infame. Estavam inteiros na mesma situação - ou como Clarke devaneava que Bellamy diria - estavam todos na mesma merda.

Ela averiguou algo pra fazer, apesar dos olhos ainda não estarem adaptados com a luminosidade. Clarke sempre detestou estar parada enquanto presenciava os outros trabalharem, mesmo que sua linhagem expusesse o adverso.

- Posso me juntar a vocês? - Clarke se aproximou de Octavia, determinada de um revide positivo. Todos estavam retendo lanças e arco e flechas hipoteticamente fabricados a pouco tempo, posto que havia cascas de madeira e um grande facão sobre a grama - algo que veio como provimento do módulo de transporte.

- Eu diria que sim, mas precisa pedir pro meu irmão. Ele já recusou outros 2 garotos por serem "fracos demais" de acordo com ele, mas sei que com insistência minha você consegue - disse Octavia, propícia.

- Obrigada pela ajuda, mas vou experimentar encará-lo de frente - ela atravessou por Octavia e acertou o ombro de Bellamy com um acidental golpe poderoso, assistindo os ombros desenvolvidos dele se encolherem e logo se orientarem a Clarke. Bellamy estava certamente furioso. - Quero me juntar a vocês. Vão precisar de mim.

- O que te faz acreditar que vamos precisar da sua ajuda, princesa? - questionou, rindo junto a Murphy. - Aliás, você sabe mesmo o que estamos indo fazer? A princesa de phoenix caçando e emporcalhando as mãos de sangue em uma floresta na qual ela não conhece nem 1%. Que singular.

- Princesa de phoenix? É sério? - sua entonação exalava repulsa, que imediatamente se converteu em uma risada ácida. - Bom, se me der essa lança a "princesa" pode mostrar a você como realmente se caça. Afinal, não foi eu quem faltou todas as aulas de sobrevivência.

- Princesa corajosa - Bellamy delineou um sorriso perverso - provavelmente prezando aquilo - passando uma das lanças em sua mão para a loura. - Espero não me arrepender disso.

- E não irá.

Wells se aproximou do grupo trazendo um cantil nas mãos. Ele aparentava esgotado - o que não era imprevisível já que ninguém ali parou desde que estiveram na terra - mas manteve-se resistente e exibiu um sorriso atencioso ao ver Clarke.

- Você também vai? Bom, acho que já terminei tudo por aqui. Espero não me arrepender de deixar todos sozinhos com Graham rodando por ai - ele não dedicou um intervalo para que Clarke replicasse sua pergunta, facultando barras de cereal para cada um. - Isso pode nos manter sustentados até realmente encontrar comida decente.

- Vamos logo, cacete. Tô torrando nesse sol a 30 minutos - demandou Murphy, convencendo todos a partirem.

Clarke dispunha um pressentimento ruim, mas o que não sentirá desde que pisou os pés na terra?

...

      O sangue seco que há pouco situava-se manchado na rocha desfrutava um cheiro parcamente forte, mas que até então se alastrava. Alguns corpos pontualmente mantidos no lugar e outros com seus membros lançados ainda estavam lá, apodrecendo à companhia das moscas e insetos que os sobrevoavam. Clarke se interpelara o que haveria intercorrido ali. Poderia considerar que fossem os resíduos dos corpos das pessoas que ficaram na terra no período do apocalipse, mas nada ali insistiria tanto tempo, e aquele odor abominável não penetrara os ares de forma tão intensa mesmo após tantos anos e décadas.