LIII

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Eu posso te dar essa arma, mas você precisa prometer nunca apertar o gatilho. — Camila (Fanfiction)





PLAY — What Did You See by Cemeteries.






"Estar naquele sotão era melancólico e agridoce, mas não pode deixar de encostar a porta, abafando assim o barulho de música latina que tocava alto e a todo vapor muitos metros de distância. Sorrindo com nostalgia, abaixou rente a mais uma das diversas caixas empoeiradas e espantou a poeira acomulada em cima, já havia passeado por tantas fotos, polaroids antiquíssimas, cartas desbotadas, que iam desde a época da Alemanha nazista, até meados de sua adolescência. Eram muitos documentos — formais e informais — dos mais diversos tipos e era impossível não deixar-se emocionar a tamanha significância.

Memórias avassaladoras demais escondiam-se nos arredores daquele local cheirando a pó e velhice.

Pisar ali era um vicio que já não degustava há muito tempo, mas quando o fazia — seja só ou lado de alguém — perdia-se horas e horas em histórias, contos, memórias já deturpadas por estarem distantes e falas que expunham seu ponto de vista acerca da toda aquela história que marcou o peito de tantos personagens. Cada um em sua significância, heróis, vilões, mocinhos, não importava:

A morte os aguardava independente de qualquer coisa e era duro estar envelhecendo tão rápido. Mas também chocava um pouco dar-se conta que havia sobrevivido até li, não poderia esquecer jamais de todos os obstáculos e de como derruba-los um a um custou muito caro, mas as recompensas...

Ah...

Elas eram esplêndidas, loiras, idênticas, lindas e de bocas igualmente vermelhas, embora tivessem formatos diferentes e gênios tão idênticos que pareciam todos cópias perfeitas uns dos outros.

Perfeitamente e fascinantemente iguais.

Sentou-se no chão, com a caixa no colo e tirou foto por foto, ultrassom por ultrassom, carta por carta, até que estivesse viajando no tempo, só, somente seu corpo já tão maduro e mais ninguém. Olhos marejaram de forma inevitável e era impossível não derreter com tudo que via, de repente, sua alma lotada de cura estava distante dali e toda a bagunça que acontecia no andar abaixo.

— Camila? — A voz ecoou confusa ao encontra-la ali em meio a toda bagunça que ela mesma havia feito, no entanto a mulher de quarenta e cinco anos sequer havia escutado o chamado:

Suas pálpebras adornadas de linhas expressivas estavam fechadas, e sua mente voltava no tempo, há muitos e muitos anos atrás... Tantos e tantos anos que...

Só não perderam as contas exatas das datas por todas as fases serem fatalmente relembradas a partir daquele eterno dia 13 de Agosto de 2020, há vinte e sete anos atrás."



(....)




Newcastle upon Tyne, Inglaterra — Janeiro (Seis anos após a formatura e o aniversário de Keana Marie Issartel)

— Obrigada por vir e obrigada por trazê-la. — Agradeceu Keana, ainda emocionada pela oportunidade.

Lauren somente deu de ombros, indiferente, observando Charlize correr no parquinho ao lado de outras crianças.

— Não agradeça, tem prazos de validade. Posso mudar de ideia a qualquer momento. — Rebateu ácida, dura e não amaciaria seu tom tão cedo.

Camila - Camren Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang