Capítulo #62

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NATY

Me aproximei da barreira encarando o carro branco chegando, cruzei os braços e fiquei encarando o carro parar na minha frente. Acenei para o advogado e ele me cumprimentou dentro do carro, logo a porta de trás foi aberta e a malucona desceu.

— Tu me fudeu para caralho Naty - ela falou com um sorriso no rosto, levantei a mão e ela bateu me cumprimentando - Porra!

— Foi aprendizado, tu nunca ia ser ninguém agindo daquele jeito, tu só ia atrasar deu progresso pô - ela concordou - tá mais cabeça, pensando primeiro antes de fazer?

— Tô, não tinha nem como não mudar né? Me controlei lá dentro, cresci - concordei - eu só espero uma folguinha aí.

— Espera sentada então pô, tu já vai cuida de uma parada aí para mim, na calada, só eu e tu e o pipoca vamo saber - ela concordou - vai dá uma fodida por aí,  fala com a família, depois de noite cola na boca.

— Pode deixar chefe, vou só ver minha mãe mesmo, tá precisando de mim - concordei, ela falou com alguns ali, cumprimentou o pipoca que chegava e depois subiu a favela.

A sisa é cria, ela só era muito assustada, fazia tudo do jeitinho que ela achava o correto, muito vezes me deu prejuízo me fez toda uma decisão do caralho, mandei ela presa por porte de arma e cheia de droga no carro, ficou lá por cinco ou seis anos, eu sempre recebendo informações dela, hoje ela tá mas tranquila, apreendeu na marra oque uma ação emocionada pode fazer com a gente.

Tem que ter cabeça pô, tu tem que tá sempre esperto, esperando o pior mais sabendo lidar quando o momento da ação chega, não é sair atirando por tudo só porque você tem uma arma, é fica tranquilo e pensa para onde tu vai. No rio, só é preso quem é bobo, esses policiais daqui só presta para fazer negócio com a gente.

Tu da uma quantia de dinheiro que o cara nunca vai ganhar usando aquela farda e pronto, a polícia tá na tua mão. Meu pai foi bobo, e tá lá até hoje, e eu não, e nunca vou cair.

— Vamo ficar esperto aí seus vagabundo, tá todo mundo com cara de morto porra! - os quatro que estavam ali olhavam.

— Tu deu plantão de vinte quatro horas pô, quer oque?

— E nessas que vocês tem que fica ligado filho da puta, não tá gostando, é só tu falar que rapidinho eu resolveu teu problema - ele negou e ficou calado - tudo um bando de molega mesmo, toma no cu - sai resmungando e subi na minha moto.

Passei pela praça avistando o trio lá e fui para boca, deixei a moto encostada na calçada.

— Se liga Kaká - ele me olhou - pega aquele gordão do cabelo loiro lá de baixo e coloca ele no suporte lá encima, tá precisando né? - ele concordou.

— É o cara aguenta? Aquele lá é todo preguiçoso.

— Tô nem aí, coloca ele lá e se reclamar pede pra dar mais trabalho pra ele - ele concordou.

— Aí chefe, tu soube que o Kaká aí vai ser pai - olhei para ele que me olhou sorrindo, vai cuzão, mal sabe que ontem mesmo a mina dele tava falando que o filho era meu, vou nem dizer nada, deixa que se comam.

— Bom pô, que tu não seja um pai de merda - ela nego.

— Claro que não, vou dar oque eu não tive - concordei, desviei dele e fui até a laje, sentei na cadeira e puxei meu baseado. Fazia mó tempão que eu não sentava e olhava minha favela, nesse um mês longe eu fiquei pensando em como seria quanto meu velho voltasse.

Querendo ou não, eu dei minha vida para cuidar disso aqui, bati boca e quebrei muita cara de vagabundo folgado. Meu pai dizia oque queria, mas eu não fazia nada do que ele mandava, já cheguei a discutir com ele sobre isso.

Ele achou que eu estava me folgando demais, essa favela era dele e eu só estava cuidando de tudo até ele voltar, porque ele iria voltar, mas eu disse para ele, me colocou no bagulho, eu estava de boa na minha, poderia ném ter aceitado, mas fui. Ele me colocou aqui e a partir desse momento, a responsabilidade de tudo era minha, então, quem tomava no cu era eu, e eu não iria ficar fazendo tudo oque ele queria e me fudendo ainda mais, fiz do meu jeito e até hoje deu certo.

Hoje em dia ele nem fala nada, pergunta e eu respondo como tá, com o comando ele fala por mim, as vezes os de frente me chama e eu vou, falo por mim mesmo.

E agora eu me acostumei. E eu sei como vai ser foda.

Meu celular tocou e eu vi que era minha branquela, atendi, ela me pediu um lanche quando eu voltasse para casa e eu dei a ideia de sair e comer fora, ali na favela mesmo, ela topou, eu disse que umas oito já estava colando em casa.

Hoje eu iria mostrar como fico nossa casa. Era uma rua abaixo daqui, e duas  trás da praça. Eu estava construindo essa casa para mim, desda época que eu saí da casa do meu pai, fiz com calma sem presa e mandei fazer uma top, com direito a minha área de churrasco e piscina, uma laje massa no segundo andar, tipo casona de rico, era minha pô, nem com a Ingrid eu pensava em levar ela para lá comigo, com a Bianca já é diferente.

Quero construir família com aquela mulher, uns dois filhos se Deus quiser.

Quando deu sete e meia, sai da boca deixando o Fk na supervisão das boca, plantão para ver como anda tudo, e amanhã ele me passa os números certinho.

Cheguei em casa pegando a Bianca só de calcinha na sala, olhei até envolta na porta para ver se ninguém estava na janela olhando, já peguei filho da puta nessa.

— Tu fode pô, casa toda aberta aí e tu assim - ela me olhou, deu risada e eu neguei com a cabeça - tô brincando não Bianca, se liga pô.

— Que bicho mordeu você em? Eu tô na minha casa - ela voltou a limpar o tênis dela ali e eu entrei em casa, deixei a chave da moto na ilha da cozinha e tirei a camisa.

— Só tô falando, quero ninguém vendo teu corpo não - ela concordou fazendo uma careta para mim e me chamou com a mão, me curvei na frente dele e ela abraço meu pescoço me dando um selinho longo, me afastei um pouco - Bora logo com isso aí.

— Tô me arrumando, não me apressa - levantei.

— É o tempo deu toma banho, tu vai rápido - fui até meu quarto e peguei uma roupa deixando na cama, tomei meu banho, antes de colocar minha roupa já acendi um baseado e fui me trocar.

— Nossa casa é essa? - perguntou em choque e eu concordei - estávamos no carro na frente do portão branco com muro médio. Desci do carro com ela e abri o portão entrando - já veio aqui ver como ficou?

— Por dentro não - ela concordou sorrindo. A casa era foda, dois andares, churrasqueira e piscina atrás, minha garagem, a sala grande, cozinha, um quarto em baixo e dois em cima, todos com banheiro é um banheiro na parte de baixo.

Eu queria uma casa grande, foda-se que eu ia usar um ou dois quartos no máximo, aproveitei que meu pai me deu o terreno grande e mandei fazer isso, sorte a minha, já era para ser né não? Agora nós duas tem uma casa com estrutura para criança.

— Eu sei que a gente não falou sobre isso - ela abraço minha cintura e respirou fundo - eu vou falar por mim tudo bem? - concordei - eu me apeguei muito ao Jean, e acho ele um garoto incrível, eu queria muito ser a mãe dele se ele aceitar, queria muito trazer ele para morar comigo, adotar ele mesmo sabe? - concordei - e agora eu sei que não depende só de mim, porque estamos juntos, mas amor, pensa com carinho, ele seria nosso filho.

— Eu quero também branquinha - ela sorriu ainda mais animada - o moleque seria o filho que eu sempre quis, ele é perfeito para caralho - ela concordou - deixa passar esse ano aí, nos conversa com avó dele e vê oque ela acha.

— Aii, vai ser maravilhoso - ela me abraçou pulando no meu colo e me beijou, eu beijei ele também abraçando.

Nossa História [ Pique Bandida ] Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin