Capítulo #19

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NATY

Pô a branquela tá bolado comigo, nem olhando pra mim tá. Namoral se fosse outra garota eu não estaria nem ligando, já ia tá esculachando a mulher e mandando ela ir para puta que pariu, mas a Bianca é diferente, sei lá porque também.

Ela fico com medo de mim e com raiva, eu saquei, mas pô eu pedi desculpas já. Fui tentar agradar mandando um litrão para ela e a amiga e o filho da puta do moleque mandou errado, queimando mas a minha cara, moleque desgraçado pô.

Eu só tô olhando ela, não vou me aproximar mas para pior a situação né não? Vou deixar ela curtir o pagodinho com a amiga e vou ficar na minha.

Senti uma braços rodeando minha cintura e me virei vendo a Rebeca com a cara de triste, procurei o pipoca e não vi ele por ali, abracei a Rebeca também e ela me olhou.

— Eu não quero mais ver seu amigo - fiz minha cara de dúvido e ela bufo - é sério, ele tiro a minha paciência falando merda pra mim e eu não quero ver ele.

— Ele fez o quê? O que eu tenho a ver com isso mesmo?

— Você é minha amiga, tem tudo a ver - bebi minha cerveja, a Rebeca tem vinte e cinco anos, as vezes parece que tem menos, ela é mimada pô, quer tudo na hora dela do jeito dela, sempre foi assim. E o Ramón todo apaixonado por ela foi lá e fez tudo que ela queria agora tá assim, isso que dá.

— Fala aí pô, brigaram porque? - ela respirou fundo e abraço meu pescoço fazendo o biquinho dela. Rebeca tem dessas, como já disse, só tem idade de gente grande mais é uma criançona, chatinha.

— Ela disse que minha mãe só atrapalha a minha vida, pedi para ele falar com você sobre parar de vender aquelas merdas pra ela e ele disse que não iria porque isso iria arrumar confusão, é sério que você não vai fazer isso por mim? - bebi mais um gole da cerveja desviando dela - sério Naty, é só parar de vender pra ela, se ela falar alguma coisa eu me resolvo com ela não tem pronta.

— Primeiro, tu para de brigar com ele pela porra da tua mãe Rebeca, deixa essa filha da puta se afundando sozinha, ela nunca se preocupou contigo - ela colocou a cabeça no meu ombro e começou a chorar, mimada e bêbada. Cadê a porra do Ramón?  - eu paro de vender pra ela, mais pô, eu não sou a única desse Rio que vende pô, tu sabe disso. Se ela não conseguir comigo pula em outro favela ou nos pontos aí e ela vai achar tu sabe.

— Eu sei, sei que ela não me ama nem nada disso, mais eu quero ajudar ela de alguma forma - ela me olhou e beijo minha bochecha - obrigada Naty, vou fazer de tudo pra ela não ir comprar em outro lugar.

Olhei para trás dela e vi o pipoca, ela engoliu a seco e viro para ele também, saiu de perto de mim e foi na direção dele abraçando o cara, os dois conversaram por um tempo e depois ele tiro ela daqui, e eu olhei para a Bianca de novo, talvez eu queira aquela ali só para mim também.

Meu relacionamento com a Ingrid não foi nem perto doque é o casamento da Rebeca com o Ramón, os dois é de verdade saco? Tu vê que ali tem tudo, amizade, amor essas parada. Até ontem eu não queria nada disso, mas conhecendo essa branquinha de perto, não tem nem como.

Tirei a maconha da boca sobrando a fuma. Caralho eu tô diferente, eu não se se foi só eu que fico desse jeito ou se ela levou nossas transa como trabalho, não sei só sei que eu tô diferente. Tô pensando nela diretão, toda noite, nem pra ter vontade de transar com outras porra.

Quando eu olhei para aquela garota parecia que eu já conhecia ela de algum lugar, sei lá, até aquele dia do beco eu nunca tinha visto ela por aqui, e aquele dia foi mó doidera porque nem era para mim estar ali.

Eu lembro que eu estava em casa na boa com o pipoca, nois estávamos tomando cerveja e falando merda das paradas que estavam acontecendo, até que o mané do Kaká entrou na minha casa correndo, ele estava com uma bolsa de arma, era de um PM que rodeava as ruas da favela, o caô nisso e que esse PM era infiltrado meu, ele afastava os outros daqui, só ele fazia a ronda da favela por ordem minha.

Desci até onde o policial estava junto com o pipoca e com a Kaká que só pedia desculpas falando as merda dele, papo reto eu não sei porque essa porra tá do meu lado ainda, o cara era muito burro e me tirava do sério com essa burrice dele, cara chato pô.

Fiz ele pedir desculpa pro PM, só me divertindo com a cara dele chorando, mandei ele entregar as armas para o policial de novo e ele disse que tinha deixado na minha casa, dei um soco na cara dele pra ver se a lerdeza passava, aí quando a gente estava voltando para minha casa, vi a branquela lá e a parada aconteceu.

Depois daquela noite ela nunca mais saiu de perto, sempre tava na minha mente ou comigo, parada bem louca. Tô ligado que parte disso é culpa minha já que eu sou viciada em um sexo brabo, e com aquela ali eu fico levinha.

Já me conquistou na primeira sentada, eu que era toda enjoada pra isso, sempre peguei mulher de tudo que é tipo, só que eu enjoava da mesma parada, nenhuma tinha aquela chupada que instiga, nenhuma tinha uma bunda todos gostosa, aí apareceu essa perfeita mulher e viro minha mente fodida dos avesso, me deixou viciada, nem a maconha me brisa do jeito que ela brisa tá ligado? É doido.

— Aí chefe, é só tu dá a ordem que nois parte pra missão - concordei, o cara saiu e desceu a laje me deixando sozinha de novo. Soprei a maconha passando a língua na boca que já estava seca, fumei de boa e depois desci pegando o celular e olhando as horas.

3:40

— Quero geral esperto, olhando tudo e passando no rádio qualquer situação. Quem tá bêbado faz o favor de ficar são aí senão eu metralho o rabo de vocês - chamei atenção de todo mundo - parada vai ser feita com calma, então nois não vai ter previsão de volta, eu chuto uns dois dia e é isso. Fé pra geral, quem quiser fazer oração aí, cinco minutos nois já vai sair.

— Fé chefe - geral gritou junto e eu saí da casinha com o pipoca já puxando outro baseado.

Nossa História [ Pique Bandida ] Where stories live. Discover now