Reencontro

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Ava adormeceu no banco do avião. Aquele banco era extremamente confortável se comparado ao chão frio e sujo que dormiu durante os três anos.

Quando o avião sacolejou durante o pouso no aeroporto, Ava acordou assustada e viu que ainda estava no mesmo lugar, com o mesmo homem acordado a sua frente.

O soldado pegou no braço de Ava quando a porta do avião se abriu e a levou para fora. Ava colocava as mãos no rosto mais uma vez ao se deparar com o sol, quando viu ao longe uma bandeira dos Estados Unidos e tirou a mão do rosto, sem acreditar no que estava vendo.

Além de tudo, Ava viu ao longe a figura de Mary, segurando um homem estranho pelo braço e andando em direção a Ava e o soldado que a levava. No chão, havia sido traçada uma linha, que demarcava o  lugar onde a troca seria concretizada. O soldado ficou atrás da linha e atravessou o corpo de Ava. Mary fez o mesmo com o russo que estava sob seu controle.

-A troca entre os dois agentes foi concretizada nesse exato momento! - Disse a repórter, mostrando as cenas ao vivo na televisão.

Mary estava completamente emocionada, mas manteve o decoro e segurava Ava pelo braço até entrarem em no helicóptero, tirar suas algemas e puder a abraçar.

-Podemos ver a imagem da agente do FBI abraçando sua colega dentro do helicóptero. As duas trabalharam durante um tempo no mesmo escritório. - a imprensa tinha conseguido informações sobre muitos dos envolvidos no resgate.

Os pais de Ava e Beatrice estavam no hospital, assistindo tudo pela televisão, emocionados.

O helicóptero levantou dali e foi até o laboratório do exército para que se desse início aos exames.

-Nós vamos cuidar de você daqui em diante. - Mary disse olhando para a amiga.

-Como estão os meus pais? - Ava perguntou.

-Estão te esperando no hospital deles. Nós vamos agora pra o hospital e laboratório do exército. O presidente quer ter certeza que a Rússia não está te usando como arma biológica. Depois você vai pra o hospital dos seus pais. Tem uma equipe médica completa te esperando lá.

Ava chorava de emoção ao ver a cidade de Nova Iorque passando por baixo de seus pés e ouvir as palavras de Mary.

-E vocês como estão? - Ava perguntou.

-Estamos bem. Ainda sem acreditar que você tá viva. - Mary admitiu.

-Nem eu acredito. Muitas vezes eu achei que fosse morrer.

-Eu sinto muito por isso. - Mary disse triste.

-Eu não entendo, Mary. Eles nunca me perguntaram nada sobre o governo. Nunca me interrogaram. Eles só queriam me bater. Era como se quisessem se vingar de alguma coisa.

-Nós também não entendemos porque até ontem nós nunca soubemos que você estava com eles.

Ava se assustou com essa informação. Isso tornava as coisas ainda mais estranhas.

Quando o helicóptero pousou Ava foi levada até o interior do lugar por onde passou por uma bateria de exames e investigações que duraram duas horas. Depois de ter certeza que era seguro, Ava voltou para o helicóptero e foi levada para o heliponto em cima do hospital de seus pais.

Repórteres e curiosos estavam do lado de fora, tentando pegar alguma imagem ou declaração de alguém.

No heliponto, Michael e Shanon esperavam por Ava junto a alguns médicos. Lillith e Suzanne coordenavam outros agentes do lado de fora para garantir a segurança do prédio e de todos que estavam lá dentro.

-Eu quero ver os meus pais. - Ava disse depois de abraçar seus colegas de trabalho.

-Vamos te levar até eles. - Michael garantiu.

Enquanto estavam no elevador, descendo até o andar da sala onde os pais de Ava a esperavam, Beatrice aguardava na sala junto a eles.

-Eu não consigo! Desculpa! - Beatrice disse chorando, soltando as mãos de Jillian e Vincent, saindo da sala.

Os dois se abraçaram enquanto viam Beatrice sair chorando. Eles entendiam perfeitamente as emoções que tomavam a asiática. Ela tinha sido forte durante esses três anos e tinha sido a fonte de esperança e força dos dois enquanto a filha estava sequestrada.

Quando Beatrice cruzou a porta e virou a esquerda saindo da sala, se deparou com Ava a sua frente, sendo ajudada por Michael, Mary e Shanon.

As duas se olharam por alguns segundos. Ava via as lágrimas descerem pelo rosto de Beatrice, até que a abraçou forte. De dentro da sala, os pais de Ava ouviam os soluços das duas chorando e correram para fora, vendo as duas abraçadas e se juntando aquele abraço que durou muito tempo.

Era como se os quatro não quisessem se soltar. Os três agentes que acompanhavam Ava também não contiveram as lágrimas e caíram no choro.

-Eu tô bem, gente. Eu tô aqui. E eu nem acredito nisso. - Ava dizia enquanto chorava agarrada aos três.

-Minha filha! Deixa eu te ver. - Jillian disse se soltando e pegando a filha para si, a abraçando de novo.

Vincent se juntou as duas no abraço enquanto Beatrice e os outros choravam vendo os três.

-Eles te machucaram tanto, meu amor! - Jillian dizia vendo a filha.

-Passou, mãe. Passou! Eu tô aqui e vai ficar tudo bem. - Ava dizia chorando de dor e de emoção.

Parecia que finalmente as dores físicas de Ava estavam sendo sentidas por ela. Antes a dor de estar longe das pessoas que amava pareciam superiores, ou ela não se sentia no direito de sentir dor física já que sempre sabia que as sessões de tortura viriam e tudo seria pior.

Uma enfermeira chegou ao corredor onde estavam com uma cadeira de rodas e Vincent pediu a Ava que sentasse. Ela seria levada para um quarto para ser colocada no soro e depois que estivesse mais hidratada e forte, fazer coleta de sangue para mais exames.

Os exames realizados na base do exército eram apenas para descarte de risco biológico. Agora ela precisava fazer mais exames para descartar doenças e tratar as contraídas.

-Você também precisa tomar banho, filha. Eu vou te ajudar com isso.

-Depois, mãe. Eu quero falar, quero conversar com vocês. Eu fiquei tanto tempo calada. - Ava tinha saudades de ser tagarela.

-Nós temos três anos para colocar em dias. Mas temos muito tempo pra isso também. - Vincent falou.

-Como assim, três anos? - Ava perguntou, tirando o sorriso do rosto machucado.

Todos no quarto ficaram tensos ao perceber que Ava não fazia ideia de quanto tempo tinha ficado em cativeiro na Rússia.

-Eu passei três anos lá? - Ava perguntou aflita. - Fala mãe! Ava gritou apertando o lençol que estava cobrindo suas pernas.

-Calma! - Beatrice pediu abraçando Ava e beijando sua cabeça. - Foram três anos sim. Mas passou! Você está aqui agora.

-Eu não acredito nisso! - Ava estava com tanta raiva que não conseguia soltar as lágrimas que estavam presas. -Como eu fiquei três anos naquele inferno?

-Você é forte. Eu sinto tanto por você ter passado por tudo isso. Era pra ser eu, Ava. Era pra ser eu no seu lugar. - Beatrice se sentia culpada por tudo que aconteceu com Ava durante aqueles três anos e a ver tão machucada fazia com que Beatrice sofresse ainda mais.

Ao ver o sofrimento de Beatrice, Ava conseguiu retomar o controle de suas emoções.

-Não pensa assim. Eu tô bem e vou melhorar a cada dia. - Ava dizia enquanto secava as lágrimas que conseguiram descer em seu rosto. -Eu vou tomar banho. Você me espera?

-Claro. Eu só vou ver como está lá em baixo e volto em seguida. Você é uma celebridade agora. - Beatrice brincou com Ava e lhe arrancou um sorriso.

Avatrice - Um romance policialWhere stories live. Discover now