Caso arquivado

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Beatrice acordou e desceu para a cozinha. Pegou sua primeira xícara de café do dia e foi até o escritório que tinha montado em sua casa e olhava para o quadro com pistas que tinha recolhido durante todo esse tempo.

Um ano havia se passado desde o desaparecimento de Ava e Beatrice estudava aquele caso diariamente quando chegava do FBI.

Chegando até o escritório, Beatrice foi chamada na sala de Suzanne para conversar. Bateu na porta duas vezes e entrou na sala.

-Senta! - Suzanne pediu.

-O que você quer falar comigo? - Beatrice perguntou, sentando na cadeira.

-Hoje faz um ano do desaparecimento da Ava, Beatrice. O FBI usou todos os recursos possíveis para encontrar a Ava, mas não conseguimos encontrar nada. Nós precisamos arquivar o caso. - Suzanne disse pesarosa.

-Você não pode fazer isso, Suzanne. Ela tá por aí, eu sei que ela tá por aí e ela vai voltar, mas não podemos desistir.

-Você sabe que o prazo pra fechamento de  um caso é de seis meses. Já faz um ano, Beatrice. Eu não tenho mais como segurar esse caso aberto. Eu sinto muito mesmo, mas o FBI não pode mais destinar recursos pra um caso que desde o primeiro dia não teve um avanço sequer.

-Eu sei o regulamento do FBI, mas a Ava é uma agente. Uma das melhores agentes que o FBI já teve.

-É, Beatrice. Nós sabemos disso. Mas já faz muito tempo. Você sabe que não dá mais pra segurar.

-Tudo bem. - Beatrice suspirou. - Pode fechar o caso. Eu vou continuar investigando, fora daqui. Eu nunca vou desistir dela.

-Fora daqui você pode contar comigo no que precisar e eu puder ajudar. Eu te agradeço pela compreensão. - Suzanne garantiu.

-Vocês vão chamar os pais dela pra avisar que vão arquivar o caso?

-Eles já devem ter chegado.

Uma agente do FBI bateu a porta de Suzanne informando que os pais de Ava haviam chegado.

-Pode deixar que entrem. - Suzanne autorizou.

-Eu não gostaria de estar...

-Olá, bom dia! - Vincent cumprimentou a todos, interrompendo a fala de Beatrice. Jillian também as cumprimentou.

-Eu chamei vocês aqui porque precisamos conversar sobre o caso da Ava. - Suzanne pediu que se sentassem.

Beatrice permaneceu de pé, encostada na parede, com os braços para trás. Suzanne enrolou um pouco, sem saber como dizer aos pais de Ava que estariam arquivando as investigações do caso.

-Eu sei onde você quer chegar, Suzanne. - Jillian disse.

-Como? - Suzanne perguntou.

-O governo americano nos enviou uma mensagem na semana passada, falando de seu interesse em fazer uma cerimônia fúnebre. Eles querem dar a minha filha como morta. 

-Morta? - Beatrice se manifestou pela primeira vez.

-É. Mas nós já respondemos e não aceitamos. A Ava está viva e nós sentimos isso. - Vincent disse.

-Eu sinto muito por isso. Eu de fato não sabia. - Suzanne se desculpou. - Mas em relação as investigações do caso, nós realmente precisamos arquivar.

-Eu entendo que vocês tem um protocolo a seguir. Mas eu pergunto a vocês: o que vai ser da minha filha se vocês pararem de procurar? - Jilian perguntou.

O clima na sala ficou ainda mais tenso depois da pergunta de Jillian.

-Eu sei que é difícil, mas o FBI não tem mais com o que contribuir. Todos os nossos esforços foram esgotados nas buscas e nada conseguimos fazer. - Suzanne estava triste com as palavras que teve que reproduzir.

-Eu vou continuar investigando. - Beatrice disse. - De forma particular. Eu não vou parar de procurar pela Ava. Nunca parei e nunca vou parar.

-A gente agradece, Beatrice. Você sempre esteve presente desde que a Ava desapareceu. - Julian disse levantando. - Agora nós precisamos ir. Se era só isso, com licença.

Jillian e Vincent deixaram a sala de Suzanne e foram conduzidos por Beatrice até a saída. Se despediram e saíram. A noite eles tinham combinado de se encontrar para celebrar a vida de Ava.

O aniversário de um ano de seu desaparecimento seria celebrado como um dia de vida, já que os três tinham certeza que Ava estava viva, onde quer que estivesse.

-A Suzanne falou com vocês? - Mary perguntou.

-Sobre o arquivamento do caso? Sim! - Beatrice disse enquanto amarrava os sapatos.

-E como foi pra você?

-Eu aceitei. Não tem o que questionar. Foi assim quando me trouxeram outra parceira, foi assim agora. Regras são regras e eu vou aceitar e cumprir. - Beatrice disse com a finalidade de internalizar aquilo e continuar seguindo as palavras que acabou de dizer.

Desde que Ava sumiu, Beatrice se esforçava ao máximo para manter a sobriedade e continuar o ritmo da vida. A esperança do retorno de seu amor, era o que lhe dava forças para não desistir e continuar firme.

Ela sabia que não poderia se entregar. Se fizesse isso, seria como se aceitasse que Ava não estava mais ali. Era como se abrisse mão dela e isso Beatrice não estava disposta a fazer.

-Eu tenho orgulho de você. - Mary disse batendo no ombro de Beatrice. - Da mulher que você se tornou.

-Ela vai voltar, Mary. E quando isso acontecer, eu vou estar aqui, esperando por ela. Pronta pra ajudá-la.

Durante todo o dia, os amigos de trabalho e os amigos próximos a Beatrice de fora do FBI, a mandaram mensagens de conforto e esperanças. Muitos deles também acreditavam que Ava estava viva. Outros não tinham mais essa esperança, mas não tinham coragem de verbalizar isso.

Depois do expediente, Beatrice foi para sua casa, tomou banho, se vestiu e foi para a casa dos pais de Ava. Chegando lá, Vincent e Jillian tinham preparado os pratos favoritos de Ava. Era um jantar para os três, uma celebração a vida de Ava e um pedido para ao universo para que a trouxesse de volta.

Depois do jantar, Beatrice se despediu dos pais de Ava e foi para sua casa. Entrando na residência, pegou a foto que tinha na mesa e a olhou por alguns minutos. Era uma foto das duas procurando lenha na mata, quando foram para a casa de campo dos pais de Ava. Aquela era uma das poucas fotos que as duas tinham juntas. Beatrice tinha colocado aquela foto na sala de sua casa quando completou um mês desde o sumiço de Ava.

Avatrice - Um romance policialWhere stories live. Discover now