Empresário

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Beatrice também estava emocionada.

Todos na sala de vidro se olharam. Ninguém fazia ideia que a advogada era mãe de Beatrice. Ava e o acusado, dentro da sala de interrogatório, também estavam perplexos com a novidade revelada.

-Eu preciso de um tempo. - A mãe de Beatrice falou, pegando a mão da filha que tinha se levantado, saindo da sala de interrogatório.

No espaço que havia entre a sala de interrogatório e a sala de vidro, Olga, mãe de Beatrice, abraçava a filha que retribuia o abraço de forma contida.

-Minha filha, por que você fez isso? Por que não nos procurou e avisou que tinha voltado? - Olha perguntava enquanto passava as mãos no rosto e corpo da filha, como se conferisse se ela estava inteira, beijando seu rosto e a agarrando novamente.

-Desculpa, mãe. Eu não tive coragem... Não me sentia pronta pra encarar vocês.

-Nós sentimos tanto a sua falta, Bea. Você viajou sem ao menos falar conosco, sem se despedir. A Camilla sabe que você voltou, não é? Por isso das últimas vezes que falei com ela, ela me garantiu que você estava bem. Seu pai, minha filha, ele vai ficar tão feliz em saber que você está de volta e bem.

Beatrice realmente viajou para Israel sem falar com os pais e sem se despedir de ambos. Durante os quase dois anos que passou lá, evitou falar com eles e optou por se afastar pra que eles se acostumassem com sua ausência, caso ela morresse em combate. As últimas notícias que Olga e o marido tinham da filha eram dadas por Camilla, já que eles perderam a coragem de buscar informações nos órgãos oficiais, temendo receber a pior notícia que poderiam receber na vida, que era a morte de sua única filha.

-Oi! - Ava falou, olhando para Olga que chorava emocionada. - Nós podemos adiar o depoimento dele e vocês podem ir pra uma sala, pra conversar melhor.

-Não. Está tudo bem. Eu já perdi o profissionalismo o bastante por hoje. - Olga disse, beijando a filha mais uma vez. - Vamos continuar.

Na sala de vidro, todos ainda tentavam assimilar a informação. Aquela advogada, famosa pelo sucesso em seus casos, "detestada" pelo FBI, era na verdade, mãe de Beatrice.

-Tudo ok? Podemos continuar? - Suzanne disse ao abrir a porta da sala e ver as três no corredor.

-Sim. Vamos continuar. - Beatrice disse apontando a porta da sala de interrogatório pra que sua mãe entrasse, entrando em seguida.

-Ava! - Suzanne chamou ao ver Beatrice e Olga entrarem na sala. - Aproveite o emocional abalado da advogada para pressionar o acusado. Talvez consigamos alguma vantagem.

Apesar de estar sensibilizada com a situação que acabara de acontecer, Suzanne não perderia a oportunidade de fazer uma boa investigação do caso, mesmo que isso parecesse insensível de sua parte.

O que Suzanne não contava, era que a partir do momento que cruzou aquela porta, Olga deixaria para trás, pelo menos por enquanto, tudo que tinha acabado de acontecer e como tinham influenciado suas emoções.

-Então o senhor não sabia da gravidez da sua amante? - Beatrice retomou a pergunta de Ava.

-Meu cliente permanecerá em silêncio até que consiga informações sobre o que de fato está acontecendo.

-E quanto a acusação de formação de quadrilha? O senhor vai negar que se associou a outros empresários para contrabandear madeira ilegal?

-Meu cliente nunca teve nenhuma ligação com madeira. Jamais teve ligação alguma com esse ramo de empreendimento.

-As fotos aqui apresentadas demonstram o contrário. - Beatrice apresentou fotos do acusado, junto de empresários madeireiros.

-Agente, essas fotos mostram apenas meu cliente conversando com esses homens em almoço que pode ter acontecido de forma aleatória. Não há aqui nenhum indício de que ele estivesse falando sobre qualquer assunto ilegal. - a advogada alegou.

Avatrice - Um romance policialWhere stories live. Discover now