Árvore na estrada

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Horas mais tarde, Ava e Beatrice estavam na porta da casa da asiática, colocando as malas no carro de Ava.

-Pronto? Pegou tudo? - Ava perguntou, segurando a porta da mala do carro e a batendo assim que Beatrice confirmou que estava tudo ok.

-Então vamos lá, Ava Silva! - Beatrice disse animada, entrando no carro e sentando no banco do carona, afivelando o cinto de segurança. - Rumo a casa de campo dos Silva.

Ava entrou no carro, colocando sua arma no compartimento do meio, fechando a tampa em seguida. Ela não costumava levar sua arma para todos os lugares que fosse no dia a dia, mas em viagens sempre a levava por questões de segurança.

Os pais de Ava nunca gostaram de armas. Nunca tiveram uma em casa ou no campo, o que deixava Ava preocupada as vezes.

-Só vamos chegar lá a noite. - Ava disse olhando no relógio. Já passava das 17:40h. - são duas horas na estrada. Preparada?

-Pisa, motorista! - Beatrice autorizou a partida.

-Fiz uma playlist com as melhores músicas de Coldplay e One Direction pra você curtir a viagem. - Beatrice disse, conectando seu celular ao carro de Ava, colocando a playlist com as músicas favoritas de sua amada.

-Obrigada, Beatrice! - Ava disse feliz.

Durante o trajeto que estava chuvoso, Ava e Beatrice cantavam as músicas e conversavam sobre várias coisas, até que entraram no assunto FBI pela primeira vez desde que saíram.

-Ah, não! - Beatrice disse rindo - Já estamos falando de trabalho. Esquece! Vamos esquecer o FBI pelo menos esse final de semana. Vamos tentar viver o agora.

-Eu concordo! Proibido falar do trabalho.

Quando passaram da metade do caminho, na estrada por onde a viagem se tornava mais curta, Ava viu uma árvore que tinha caído devido a chuva e estava interditando aquela via.

-Vamos ter que voltar e pegar outra estrada. - Ava disse, se preparando para dar ré no carro.

-Espera! - Beatrice disse, abrindo a porta do carro e se aproximando mais da árvore.

-O que você tá fazendo? Tá chovendo! Vai ficar doente!

Beatrice saiu do carro e voltou muito rápido. Os bancos do veículo eram de couro, então não seria um problema ela estar encharcada.

-O que foi isso? - Ava perguntou preocupada.

-A árvore. Ela não caiu. Foi derrubada. - Beatrice disse de braços cruzados, passando as mãos sobre os braços, tentando se aquecer.

-Como você sabe? - Ava perguntou enquanto ligava o aquecedor do carro.

-Da pra ver pela textura do lugar onde ela foi partida. Até mais da metade está lisa. Cortaram e depois empurraram. Precisamos sair daqui e ficar atenta até chegar lá.

-Ah, que ótimo. O que era pra ser algo divertido e pra esquecer o trabalho, se tornou uma investigação.

-Não uma investigação. Não exagera. - Beatrice espirrou - Só temos que ficar atentas porque muito dificilmente alguém derrubaria uma árvore no meio de uma estrada sem segundas intenções. Pode ser assaltos. - Beatrice espirrou novamente.

Ava já estava na estrada alternativa, quando viu um veículo parado com os faróis acessos. Quando se aproximou um pouco, viu uma mulher sair de dentro do carro e acenar pedindo ajuda. As luzes dentro de ambos os carros estavam apagadas e não dava pra ver a quantidade de pessoas dentro dos veículos.

-Eu desço! Você fica aqui. - Ava disse colocando a arma e algemas na cintura.

Beatrice ficou furiosa por Ava ter que descer, mas era melhor ter um elemento surpresa e a mulher não saber que tinha alguém no banco do carona.

Quando Ava se aproximou do carro, a mulher disse que o carro tinha tido um problema elétrico. A bateria tinha acabado e precisava de ajuda para sair dali.

-Entendi. Vou voltar para o carro e ligar para pedir ajuda. Tenho parentes aqui próximo!

Ava gesticulou com as mãos, avisando a Beatrice que de fato havia algo estranho. Era impossível o carro parado na estrada estar sem bateria e estar com os faróis acesos.

-Você também está viajando sozinha por essa estrada tão perigosa? - a mulher perguntou, dando a entender que também estava sozinha.

-É eu estou sozinha. Vou pedir ajuda dentro do carro. Meu celular está lá.

Nesse momento, um homem saiu de dentro do carro com arma em punho, avisando a Ava que não se movesse.

-Anda. Entra no meu carro. - o homem ordenou a Ava, sem que passasse por sua cabeça que estava diante de uma agente federal, e sendo assim, não pensou em a revistar procurando por armas.

De mãos para cima, Ava pedia calma ao homem que estava agitado. Sabendo que a maioria das pessoas vinham por aquela estrada alternativa quando acontecia algum problema com a estrada mais rápida, Ava não resistiu e entrou no carro. Ela queria ter certeza se havia mais pessoas, cúmplices ou vítimas dentro do carro, antes de reagir.

Entrando no carro, Ava viu que havia mais uma mulher com uma criança. A mulher estava aflita. Dava pra ver o medo e o pavor em seus olhos.

-Fica aí dentro, vadia. Hoje a gente vai se divertir na chuva. - Disse o homem apontando a arma para os três dentro do carro.

O homem fechou a porta e foi falar com a mulher que havia pedido ajuda a Ava. A mandou voltar para o carro enquanto ele tirava o carro de Ava da estrada.

Dentro do carro dos bandidos, Ava tratou de conversar com a mulher rapidamente.

-Olha, vai ficar tudo bem. Eu sou do FBI. Dentro do meu carro tem outra agente que já deve ter pedido ajuda. Vamos fazer o possível pra que tudo acabe bem.

A cúmplice do bandido se aproximou do carro e Ava pediu para trocar de lugar com a mulher e a criança que estavam atrás do banco do passageiro.

Somente depois de entrar no veículo e se acomodar, a mulher percebeu que eles tinham trocado de lugar.

-Por que vocês trocaram de lugar? - a mulher perguntou nervosa.

-Calma! - Ava pediu.

Quando a mulher fez menção a pegar algo no porta luvas, Ava rapidamente lhe deu uma coronhada com o cabo de sua arma, fazendo com que a mulher desmaiasse e em seguida a algemou.

A mulher e a criança ficaram assustadas e gritaram dentro do carro, fazendo com que o homem que estava com a mão na maçaneta do carro, virasse na direção deles e caminhasse até o carro novamente.

-Parado! FBI! - Beatrice ordenou, depois que saiu do carro rapidamente - Não faz nenhuma gracinha e solta a arma. Depois vira pra mim!

De dentro do carro, todos observavam a cena do lado de fora, já que os faróis dos veículos estavam acesos.

Ava estava descendo do carro, quando viu o homem se virar com a arma em punho e atirar contra Beatrice que usou a porta do carro de Ava como proteção.

Com o homem atirando contra o veículo, Ava o ordenou que parasse de atirar, porém, o homem também virou na direção de Ava que não o esperou completar o giro não teve outra alternativa a não ser atirar no homem que caiu no chão em seguida.

Ava afastou a arma do corpo do homem e conferiu se ele ainda tinha pulso.

Com o pedido de ajuda de Beatrice, a polícia local e uma ambulância estavam chegando ao local em meio a chuva.

A ambulância levou o homem ainda com vida para o hospital e a mulher para a delegacia. As outras vítimas também tiveram que ir a delegacia para prestar depoimento. Ava e Beatrice estavam com vários minutos de atraso, quando o celular de Ava tocou. Era seu pai, preocupado com a demora.

-Oi, pai. Me desculpa. Eu acabei esquecendo de te avisar que houve um imprevisto na estrada e vamos demorar mais umas duas horas pra chegar. Mas não se preocupa que tá tudo bem.

O pai de Ava compreendeu e encerrou a chamada. As duas agentes pegaram roupas secas no carro e se trocaram na delegacia. Beatrice espirrava a cada dois minutos e já tinha a ponta do nariz vermelha.

Avatrice - Um romance policialWhere stories live. Discover now