O amor cega as pessoas? Será que era amor?

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Eu não acredito muito na teoria do efeito borboleta. Na verdade, eu não tenho certeza de nada nessa vida e costumo mudar de ideia com facilidade, de acordo com o que a vida vai me mostrando aos poucos. Destino? Você acredita em destino? Eu não sei se acredito. Mas se existe, que bom que existe, e se não existe, que bom que não existe. A única coisa que tento ao máximo ter como base na vida, é que independente de qualquer coisa, tudo passa. Se hoje você está passando pelo pior momento de sua vida, amanhã esse pior momento terá passado. E é assim que eu tento levar a vida. Tudo passa!

Esse era mais um pensamento daquela jovem detetive de polícia de Nova Iorque. Ava Silva era uma policial de 25 anos que exercia a profissão desde os 20. Apesar do jeitinho meio atrapalhado, Ava tinha talento pra profissão. Era inteligente, sabia sair de situações complicadas, atirava muito bem, era leal... Na verdade, talvez seu único defeito fosse seu namorado, o JC. Ele era policial na mesma delegacia que ela, mas o cara era um mala sem alça, além de ser um policial corrupto, que ela apesar de todos os talentos, não tinha descoberto, ainda. Vai ver o amor realmente cega as pessoas.

Eles namoravam há dois anos e meio depois que JC insistiu muito até que Ava finalmente cedeu. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Apesar de  gostar de aventuras, viagens e novidades, Ava estava conformada com a vida simples e sem agito que levava. Ela morava sozinha, apesar da insistência do namorado pra que morassem juntos. Por mais que Ava acreditasse que gostava de JC, morar com ele seria demais pra ela. Desde que saiu da casa de seus pais, cinco anos atrás, Ava estava decidida a nunca se casar. Definitivamente, casamento não era pra ela.

A rotina era a mesma todos os dias. Acordava cedo pela manhã, tomava banho, tomava seu café da manhã e ia pra delegacia, onde passava o dia, mas antes ela passava na barraquinha de café da esquina. Pra começar bem o dia, ela tinha que tomar aquele café.

Chegando na delegacia ela já organizava sua mesa com os casos mais urgentes que tinha pra investigar. De todos os detetives da delegacia, Ava sem dúvidas era a que mais se destacava. Além dos próprios casos, Ava ajudava seus colegas a desvendar os crimes pelos quais ficavam responsáveis.

Naquele dia ela teria uma missão importante a fazer. Podia ser que ela finalmente descobriria quem era o responsável por dar fuga a um dos maiores traficantes da cidade que costumava escorregar por seus dedos sempre que ela estava prestes a prendê-lo, e fazer aquilo, agora era uma questão de honra pra Ava.

Ava tinha  um mandado de prisão falso para o traficante e disse a JC que iria efetuar a prisão naquele dia, em conjunto com outro escritório de polícia, em uma mega operação que aconteceria ao anoitecer.

Ao ser informado por Ava, seu namorado deu um jeito de sair do escritório pra avisar sobre aperação. Pegando o telefone do bolso, JC discou o telefone que já sabia decorado. Somente quando a ligação não foi completada é que JC percebeu que seu telefone não tinha área disponível. Ele achou que era algum problema da rede, já que mais cedo Ava tinha pedido seu telefone pra fazer uma ligação porque o dela não estava funcionando.

Ele pegou um táxi ali próximo e seguiu até o endereço onde Ava já sabia que era a casa do traficante e que só não tinha ido prendê-lo ainda por não ter conseguido o mandado.

Ava seguiu o táxi e lá estava ele, tocando a campainha da casa, apertando a mão do bandido.

-Caralho! Eu não acredito nisso. - Ava estava desesperada com o que tinha acabado de descobrir. Por mais que ela já suspeitasse, aquilo era terrível. O que ela faria? Denunciaria o JC? Não denunciaria?

Ava voltou para o escritório de polícia. Mas antes ela tratou de fotografar JC com o traficante. Era a prova do que ele tinha feito e diante das provas ele não teria como negar. Ela estava visivelmente abalada, o que fez com que os outros policiais perguntassem o que tinha acontecido. Ava desconversou e disse que tinha se sentido um pouco mal, talvez algo que comeu não tivesse caído bem.

Alguns minutos depois, o telefone na mesa de Ava tocou. Ao atender, a pessoa do outro lado da linha se identificou como sendo do governo e lhe passando instruções pra estar naquele endereço, daqui dois dias, as 8:30h.
Ava não fazia ideia do que se tratava e agora tinha mais uma preocupação em sua cabeça.

Uma hora se passou até que JC apareceu novamente, dando várias justificativas por ter se ausentado. Ava não aguentava mais ouvir a voz do namorado.

-Tá certo, JC, você não precisa me dar satisfações. Eu hein!

-Eu só tava conversando com você, Ava.

-Eu estou ocupada demais pra conversar. Perdi meu horário de almoço com um caso que não valia a pena.

-E a prisão de hoje? Que horas vai ser?

-Não vai mais acontecer. O outro escritório desistiu de fazer hoje.

-Nossa! Que chato.

-Você pode passar lá em casa hoje a noite?

-Como toda certeza. Posso dormir lá se você quiser.

-Não precisa, JC. Te espero lá às 19:00h.
Agora preciso sair mais cedo. Depois a gente se vê.

Ava precisava sair dali. Ela não aguentava mais olhar pra cara de JC naquele lugar e não encher ele de porrada. Como aquele cara conseguiu fazer uma coisa dessas? Ava imprimiu as fotos que tirou. Precisava jogar na cara de JC quando ele negasse que era o informante do maldito traficante responsável pelas mortes de diversas pessoas na cidade.

Avatrice - Um romance policialWhere stories live. Discover now