Sopa e chá

1.4K 155 47
                                    

Depois de se trocarem e prestarem depoimento, as duas agentes já estavam liberadas para seguir estrada.

Beatrice esperava por Ava dentro do carro, quando ela abriu a porta e lhe estendeu a mão com um copo com água e um remédio para resfriado.

-Não precisava! - Beatrice disse pegando o remédio.

-Claro que precisava. Olha o seu estado. - Ava disse preocupada.

Depois de tomar o remédio, Ava lhe entregou mais um copo. Dessa vez tinha algo quente dentro. Era um enorme copo de chocolate quente.

-Espera que eu já volto. - Ava foi até o porta malas e voltou com um cobertor quentinho, enrolando Beatrice.

-Eu tô bem, Ava. Sério.

-Fica calada e deixa eu cuidar de você. Pode ser?

Beatrice assentiu com a cabeça e esperou Ava entrar no carro. A chuva já tinha passado e de acordo com os policiais, a árvore que tinha sido derrubada pelos dois sequestradores já tinha sido removida.

Agora a polícia civil iria abrir uma investigação para verificar que os dois já tinham feito outras vítimas em outras ocasiões e o que de fato eles queriam fazer com as pessoas que sequestraram. Mas aquela investigação, pelo menos por enquanto não seria de responsabilidade do FBI.

Beatrice dormiu o resto da viagem inteira.

Vincent, pai de Ava, saiu de dentro de casa ao ver o veículo chegar. Jilian, a mãe de Ava, acompanhou o marido e ao verem as marcas de tiro no carro, não conseguiram conter a preocupação que tinham.

-Mas filha, o que aconteceu? Você está bem? - Vincent perguntava preocupado e conferindo a filha.

-Está tudo bem, pai. Tudo ótimo!

-Quanto foi isso, filha? - Jilian perguntou.

-Agora a pouco, na estrada. Mas tá tudo bem. Daqui a pouco eu conto pra vocês o que houve.

-É cadê sua amiga? A que vinha com você? - Vincent perguntou.

-Ela tá no carro. Acabou pegando essa chuva e não tá muito bem.

Ava foi até o carro chamar Beatrice que não tinha acordado por si só.

-Ei, Beatrice... - Ava chamava baixinho e tocando nos ombros da asiática - Nós já chegamos!

Beatrice despertou tranquila ouvindo a voz suave de Ava.

-Nossa! Que péssima companheira de viagem eu sou. Dormi o tempo todo e não vi nada. - Beatrice reclamava de si mesma.

-Meus pais estão loucos pra te conhecer. Vem. - Ava tirou a coberta de cima de Beatrice e colocou em seus ombros.

-Ah, filha. Essa é a Ellie que você tanto falou? - Jilian perguntou.

-Não, mãe. Essa é a Beatrice. Minha parceira do FBI.

-Ah! Claro. Você não tinha me dito que as duas eram asiáticas. - Jillian disse sem graça por ter confundido as duas. - É um prazer lhe conhecer, Beatrice. Ava também fala muito sobre você e não exagerou sobre sua beleza.

-Mãe! - Ava repreende a mãe que a está deixando sem graça.

-É um elogio, filha.

Vincent também abraçou Beatrice, a desejando boas vindas.

-Agora vou pegar as malas de vocês. Teremos um excelente fim de semana. - Vincent disse caminhando até o carro.

-Seu pai preparou a sopa que você adora, filha. Vai te fazer muito bem, Beatrice.

Jilian e as meninas foram até a cozinha da casa, enquanto Vincent carregava as malas.
Ava colocou as quatro sopas na mesa e esperaram Vincent voltar para comer.

Enquanto jantavam, Ava contou aos pais o que tinha acontecido na estrada. Eles ficaram perplexos, já que ali costuma ser um lugar muito tranquilo.

Depois que acabaram a sopa, Beatrice levantou e disse que lavaria a louça, porém, se sentiu tonta e quase caiu.

-Ei, vai devagar. Senta aqui no sofá que a minha mãe vai te examinar.

Beatrice não sabia, mas os pais de Ava eram médicos. Quando Jilian pegou em Beatrice, sentiu a temperatura alta e já providenciou um antitérmico.

-Você precisa descansar. Mas não é bom passar a noite sozinha. Pode ter alguma piora. - Jillian falou.

-Eu consigo. Passei quase dois anos servindo ao exército e ficando boa sem remédios e cuidados. - Beatrice disse tentando sorrir.

-Mas você não está mais servindo ao exército. Vou levar as coisas da Ava para o seu quarto. - Vincent falou.

Ava ajudou Beatrice a chegar até o quarto e a colocou na cama para dormir. No quarto só havia uma cama de casal, então as duas dormiriam juntas.

-Qualquer coisa você nos chama, tá bem, filha? - Jilian pediu.

-Tranquilo, mãe. Chamo sim.

Jillian e Vincent desejaram boa noite para as duas e foram para a cozinha, organizar tudo depois do jantar.

Ava cobriu Beatrice de novo na cama e a deixou aquecida, pra que ela não sentisse frio.

Ava tomou banho, já que não tinha tomado desde a chuva. Beatrice se banhou na delegacia mesmo.

Depois que Ava tomou banho e se vestiu, ouviu alguém bater na porta e quando abriu, era seu pai com duas xícaras de chá. Uma para Ava e outra para Beatrice.

-Não precisava, pai.

-Precisava sim. O chá da Beatrice é esse da xícara amarela. É ótimo pra curar resfriado. O seu é o seu favorito. Chá de erva doce. - Vincent beijou a testa da filha e saiu.

-Seus pais são super protetores, não é? - Beatrice perguntou.

-Ah, sim! Sempre foram. Eu me sinto privilegiada por os ter. - Ava entregou a xícara nas mãos de Beatrice que a levou a boca e queimou o lábio. - ai, tá quente.

-Você se queimou - Ava passou o dedo no lábio de Beatrice, preocupada.

-Fui com muita sede ao pote. E é que já aprendi que não posso fazer isso.

-Aprendeu, é? E como foi isso? - Ava ria perguntando.

-Eu fui com muita sede ao pote na mulher que eu tava apaixonada e não sabia, daí levei um fora. - Ela ria da situação.

-Bem feito! - Ava disse rindo. - Agora que você aprendeu, vá devagar pra não assustar a moça de novo.

-Eu tô indo. Pelo menos eu acho que tô.

-Vou torcer por você. - Ava disse levantando. - Agora vamos dormir porque se você melhorar, amanhã cedinho nós temos muita coisa pra fazer. Inclusive, se você gostar, podemos pescar. O que acha?

-Eu acho uma ótima ideia.

Ava apagou as luzes e deitou ao lado de Beatrice que estava com o cobertor que Ava lhe deu no carro, enrolado em seu pescoço e amontoado em seu rosto. O cheiro de Ava estava impregnado naquele tecido.

Avatrice - Um romance policialWhere stories live. Discover now