Never Underestimate the Truth

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DANTE ACOMPANHAVA MEUS MOVIMENTOS COM AGILIDADE e desenvoltura desdenhosa, coordenando-nos a uma valsa improvisada em meio a uma confusa ministração de golpes que ele apartava sem desentronizar o ritmo

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DANTE ACOMPANHAVA MEUS MOVIMENTOS COM AGILIDADE e desenvoltura desdenhosa, coordenando-nos a uma valsa improvisada em meio a uma confusa ministração de golpes que ele apartava sem desentronizar o ritmo. Ele possuía um vasto leque de aptidões que o elevam a um patamar alto demais para uma adversária medíocre que somente o combatia com golpes pouco articulados vistos em filmes de artes marciais com uma coreografia um tanto questionável. Os socos instáveis se convertiam em um gancho para nos puxar para mais outra dança e os chutes serviriam como alavancas para alguma pirueta que me desmancharia em seus braços, indo em uma infrutífera composição de passos bem orquestrados.

Cada célula do meu corpo protestava com a constante pressão que exercia para não sair da postura. Lembro, na época da escola, ao realizar o aquecimento, o professor aconselhava a, sempre que estivesse em meio a um exercício, não relaxasse demais os músculos para que a próxima sessão não acabasse sendo mais complicada de realizar. Esqueci tantas vezes esse ensinamento que se caísse seria uma derrota definitiva sem chances para mais um round, nem meus reflexos estavam nas melhores condições para não ferir mais meu ego com mais manejos patéticos para esquivar das investidas de Dante.

Por mais que houvesse uma óbvia atmosfera despreocupada e mordaz em toda regra, o meio-demônio não atuava como se tivesse intenção real de me humilhar e se vangloriar de sua clara vantagem. Ele, de fato, alimentava um escárnio vil e uma atitude presunçosa para também atiçar meu espírito competitivo, avivar em meu âmago a chama da dedicação e auto preservação.

Ao me soltar, Dante não afastou o olhar de mim, esperando outra revoada abrupta e ansiosa. A nossa diferença de experiência nos colocava em uma dinâmica absoluta de ganha-perde, com o meu lado saindo derrotado em todas as oportunidades. Meu corpo personificava a tração da mais pura frustração e o gosto amargo da deficiente capacidade de batalha que tinha.

Ajoelhei-me exausta, vasculhando todas as ideias traçadas no calor do momento para me dar uma vitória contra o armário que Dante era.

— Pronta pra desistir?

— Só se for nos seus sonhos. — resmunguei, arrancando uma risada do caçador.

— Não fique brava, doçura. Nem todas se ganha.

— Diz isso, mas você ganhou em todas.

— É, tem razão. — exclamou debochado. — No caso você não ganha.

Franzi o cenho indignada.

— As vezes acho que você gosta de brincar com a minha cara. — o sorriso de Dante desvaneceu subitamente e notei, atônita, um filete de sangue escorrendo do meu nariz. — O que está acontecendo?

Dante me içou pra cima com cuidado, firmando-me no lugar.

— Melhor pararmos. Já deu por hora.

— Estou bem — desmoronei no peito de Dante. Se ainda tinha algum crédito, ele se perdeu assim que minha cara se pressionou contra seu peitoral.

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