FIOS VERMELHOS FLUTUAVAM em meu campo de visão distorcido por uma camada nebulosa, eles dançavam de uma maneira letárgica e natural igual uma folha soprada ao vento e viajava sem rumo. Antes que racionalizasse o simbolismo da imagem para interpretá-la, meu senso de sobrevivência, um instinto tão primitivo quanto o próprio medo, rasgou o véu transparente da sonolência em uma brutal e dolorosa onda de choque ao constatar que estava em perigo — que a cor servia de alarme.
Havia uma pressão dolorosa mantendo meus braços atados acima de minha cabeça. Cada mexida surtia dores indesejadas e lancinantes por todos meus músculos debilitados e vulneráveis, para amenizar um pouco, respirava vagarosamente encorajando-os a manter a força ainda que vagasse entre o limbo e a consciência. A corda apertava estrategicamente minhas mãos, unindo-as com deliberada intenção de diminuir o fluxo sanguíneo. Os mais sutis movimentos para afrouxar rasgavam meus pulsos, fazendo qualquer tentativa de romper a restrição nulas e difíceis — impossível se caracterizava melhor. A dormência se espalhava por toda extensão dos meus braços, deixando-os indiferentes aos incontáveis cortes que a textura áspera fazia em minha pele desprotegida.
Pondo o cérebro pra trabalhar, me forcei a recordar como chegara naquele lugar e nada veio em resposta a princípio, somente depois de um esforço hercúleo tudo se clareou em minha mente: Cordélia atirou em mim e me apagou com dardos tranquilizantes e certamente me trouxe para lá.
Refreei o grito visceral que, por pouco, não escapou dos meus lábios ressequidos devido aos receptores de dor massacrante que se alojou em meus braços e cabeça. A potência do dano colateral da droga que aquela mulher injetou em mim me incapacitou em termos de reações físicas e se sinalizasse algum movimento brusco acabaria chamando atenção desnecessária.
Arquejei com o puxão forte que ergueu meu queixo e me forçou a estagnar em um ângulo desconfortável. Franzi o cenho e mirei, grogue, o responsável pelo gesto, surpresa com a figura ruiva bastante familiar. Ele abriu um sorriso descarado ao notar que estava saindo do sono induzido, esmagando rudemente minhas bochechas no processo e arrancando um ganido indefeso da minha parte. Olhar pra cara dele me transportou diretamente para o evento catastrófico que me jogou nesse mundo e como foi, pra mim na época, apavorante vê-lo no meu quarto como um convidado indesejado.
— Bem-vinda de volta ao mundo real, garota. — desdenhou, me largando sem nenhuma gentileza. — Faz um bom tempo, não é?
— Não é hora de brincar. — outra voz masculina interveio.
— Não sei que ela consegue fugir sempre. O senhor Ace é muito complacente com ela, em vez de trancafiá-la pra tornar isso mais fácil, ela fica andando livremente por aí.
— Não estamos aqui pra questionar os métodos dele, apenas para obedecer.
— Eu sei, Degel. Eu sei. — o ruivo deu de ombros. — Mas fazer isso é um saco, ela é só uma garota. Nem mesmo Amon se importou com isso.
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