Capitulo 34

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Ando em direção a porta e escuto algo, alguém está abrindo a porta da sala, estou completamente fodida e sem saída, preciso pensar em uma boa desculpa para estar aqui ou seja lá quem for irá desconfiar de mim. Não, não importa quem seja, de maneira alguma posso ser vista aqui, daria muito na cara. Corro até o guarda roupas e abro as portas, impossível me esconder ali. As cortinas, não, que ideia idiota. O único local restante foi em baixo da cama, me deito rápido no chão e me arrasto para a escuridão. Alguém entrou no quarto e instintivamente levei as mãos a boca, preciso fazer o mínimo de ruídos possíveis.

A julgar pela calça que a pessoa está usando é o Lúcifer, a última pessoa que eu desejava ver neste momento.
Tiro uma das mãos da boca e acabo acertando algo sólido a minha direita. Ao olhar vejo um pequeno caixote de madeira trancado por um cadeado. O que deve ter ali dentro para estar trancado? Será que pode conter algo que me dê respostas? Se esse for o caso eu vou precisar encontrar a chave, como eu não pensei nisso antes, devia ter olhado aqui primeiro. Mas quem imaginaria que o diabo escondia seus segredos logo em baixo da cama, tem que ser bem burro.

— Ainda se escondendo? — era a voz dele, como assim ele sabe que eu estou aqui??? Não tem como me ver nessa posição, seria impossível. Não, espera, não é comigo que ele está falando, parece estar ao telefone — eu sei, mas ficar escondido não vai diminuir os seus problemas e nem o meus — ele continuou enquanto andava de um canto a outro, contornando a cama — esse é o grande momento que tanto estávamos esperando, eu me cansei de ser tratado como um fantoche — um fantoche? Então existem pessoas capazes de fazer daquele homem um fantoche? Inacreditável. Eu até faço ele de idiota, mas eu posso, seja lá quem for essas pessoas elas merecem pagar caro — eu vou retornar a ligação assim que ela estiver pronta, talvez leve alguns meses, é muito desastrada — está falando de mim, LITERALMENTE ESSA SOU EU — mas também é fascinante, só ela pode fazer isso. Ok, te vejo em breve então... até.

Ele desligou e ficou algum tempo sentado na cama enquanto eu analisava os detalhes daquela conversa. Ele disse que sou fascinante, esse é o único elogio que me deu até o presente momento e nem foi diretamente para mim. Por que ele está sentado por tanto tempo? Já estou dando cãibras aqui em baixo, pelo menos não tem poeira. A única coisa aqui comigo é esse caixote trancado. Mais alguns minutos se passam até ele finalmente decidir sair do quarto e pelo barulho da porta ele saiu da sala também. Me arrasto rápido para fora da cama e vou até a porta do quarto, tudo limpo. Cruzo a sala, abro a porta, saiu do covil, fecho a porta devagar e ao me virar dou de cara com um dos funcionários da mansão, ele estava limpando um dos quadros na parede e ficou me encarando.

— Senhorita, o que estava fazendo no quarto do patrão? — ele pergunta, desconfiado. Não posso perder tempo ali já que Lúcifer deve voltar a qualquer momento.
— Sexo, sabe como é né, o diabo é fogo puro — mas que cacete de desculpa esfarrapada foi essa que eu dei?
— Mas o patrão acabou de passar por mim — esse cara já tá me enchendo o saco.
— Foi beber água, ele ficou muito cansado depois surra de bunda que eu dei nele, agora se me dá licença...
— O patrão estava de terno e calça, não parece que estava fazendo sexo.

— Ah, ele gosta de fazer de terno, entende? Pra não sair do personagem de CEO malvadão. Já eu ele adora me vestir de secretária e me bater.
— Bem, vou terminar o meu trabalho — boa ideia, nem devia ter parado pra início de conversa. Puxa saco bisbilhoteiro do diabo — tenha um bom fim de tarde, Senhorita.
— Pra você também.
— Do que estão falando? — perguntou Lúcifer chegando ao local, vindo dos quintos dos infernos sorrateiramente para não ser notado.
Eu olho para ele, ele olha para o funcionário, que despista e olha pro quadro. Eu olho pro quadro, o diabo olha pra mim e o quatro olha pra puta que pariu esse funcionário intrometido que estragou os meus planos.

— Estávamos falando sobre — começo a minha tática de defesa mas sou interrompida pelo funcionário que responde na minha frente.
— Sexo e fantasias de CEO malvadão.
Lúcifer me encara confuso.
— Enfim, caso não saiba — desviei o olhar, é melhor eu tentar mudar o rumo que essa conversa pode levar ou ele irá descobrir que eu estava xeretando as suas coisas. Ou pior, que eu estava em baixo de sua cama escutando toda a conversa seja lá com quem — eu aprendi a andar de salto, não vou mais precisar que me carregue na escada.
— Eu não faria isso nem que me pagasse — ele resmungou enfiando as mãos nos bolsos — fiquei com o seu cheiro o dia todo, um cheiro de carneiro.

— Tem certeza de que não era o seu hálito?
— Acho que tenho — ele passou por mim — a propósito, comprei algo que você pode gostar. Mas não te direi o que é, encare como uma surpresa — em seguida abriu a porta e a fechou sem mais explicações.
— Ele é louco — deixei escapar enquanto voltada a passos largos para o meu quarto. Como ordenado por Cho, coloquei os sapatinhos e não os retirei por um bom tempo, apenas na hora do banho. Troquei de roupa mas não vesti nada especial, pra ser sincera coloquei um dos pijamas felpudos já que a noite está mais fria que o normal. Tenho muitas coisas para pensar e muitos segredos para descobrir, mas o que mais me deixa intrigada nisso tudo é saber QUANDO O MISERAVEL VAI DEVOLVER A CALCINHA QUE ROUBOU.

Se ele pensa que vai guardar de recordação está completamente enganado. A primeira aula foi bem exaustiva, depois do jantar vou voltar direto pro meu quarto e dormir até tarde. A propósito ainda não sei as datas e nem os horários das próximas aulas. Acho que é hora de fazer algumas perguntas ao demo. Saio do quarto e sigo pelos corredores silenciosos até o covil do diabo, bato três vezes e ele abre a porta.
— O que foi dessa vez? — aquilo soou mais como uma ameaça do que como uma pergunta.
— Calma aí estrela da manhã, está estressadinho a essa hora?

Meu Diabo FavoritoWhere stories live. Discover now