Capitulo 28

3.4K 274 37
                                    

— Pelo menos elas sabem gemer, já a esposa parece um trator removendo asfalto.
— Remover asfalto deve dar mais tesão do que se deitar com o marido. Pobre mulher — outro soco.
— O marido tem que fingir ereção todas as noites, as vezes nem Viagra resolve.
— Ele deve reconhecer que ela é muita areia para o caminhãozinho sem rodas dele.
— Areia eu consigo levar, mas entulho já é demais.
Começamos a trocar socos sem parar e Horrania assistia aquilo com cara de espanto.
— Devolve, os dois — ela tomou os bonecos — Vocês não sabem brincar, vão rasgar meus brinquedos.
— Viu só, graças a você — Lúcifer me encarou.

— Você que veio se intrometer na brincadeira.
— Achou mesmo que eu ia deixar passar batido?
— Na verdade — me lembrei de como tudo aquilo começou — a culpa foi dela — apontei para Horrania — ela que começou com essa história de casamento.
— Verdade — ele concordou — isso merece castigo — ele puxou Horrania e começou a fazer cócegas e a morder a barriga da menina que caiu na risada.
— Me solte — ela gritou enquanto tentava se livrar dele. Que estranho, ele brinca mesmo com ela como se fosse um tio.

Em poucos minutos os funcionários trouxeram o jantar e o colocaram sobre a mesa principal da sala. Horrania ligou uma da TVs e pulou no sofá, ela se sentia bem a vontade naquela mansão, apesar de não poder explorar tudo assim como eu. O seu cachorro, Pacto, ficou próximo a ela durante todo o jantar, apenas esperando algo cair para poder devorar.
— Cho virá amanhã, fique de olho no seu tablet — disse Lúcifer.
— Falando nisso, trate de mudar esse comando de voz idiota que colocou.
— Não consigo pensar em nenhum que seja melhor e que combine com você.
— Sempre engraçadinho.
— Aliás, reduzimos o número de professores que você terá, mas as aulas serão intensas do mesmo jeito.
— Menos professores é? Por acaso ficou muito pesado pro seu orçamento?

— Não seja tola, meu orçamento é capaz de pagar até mesmo toda a geração do presidente da Rússia.
Horas depois eu estava deitada de barriga para cima, apenas encarando o teto de madeira e nadando em pensamentos. Falando em nadar, que beijo estranho foi aquele, debaixo da água. Em hipótese alguma eu pensaria que algum dia isso iria acontecer, não é muito comum ver beijos assim. O que será que ele está fazendo agora? Ah... quem se importa com isso? Tenho que me focar nas aulas isso sim. Viro de um lado para o outro e antes mesmo de perceber caio em sono profundo.

Desperto pela manhã com o tablet vibrando e levanto assustada, será que Cho já chegou? Pego rápido o aparelho e vejo a notificação, está apenas me dizia para tomar café, ufa, então tenho tempo para me preparar pra seja lá o que for. Lavo o rosto, escovo os dentes, troco de roupa e aí sim desço para completar a tarefa do café e ganhar alguns pontos. Não vejo o diabo em lugar nenhum, como é início de semana ele deve ter saído para alguma reunião de negócios, seja lá o que for que ele faz em sua forma humana.
— Senhorita — um dos funcionários vem até mim na sala — a senhorita tem visitas, elas estão lhe esperando no salão principal.

— Visitas?
— Sim, três.
Será que era Cho? Mas três pessoas? Eu estava esperando apenas uma. Andei até o salão principal e avistei Cho entre duas garotas que usavam um vestido branco. Já ela estava de vermelho e segurava uma caixa marrom.
— Kaila — disse ao me aproximar, agora consigo ver claramente os rostos das garotas que estão com ela, são gêmeas e aparentam ter entre dezoito a  dezenove anos — trouxe isso para você, dentro desta caixa há um vestido branco e dois sapatinhos de salto feitos de cristal, e não se preocupe, eles foram feitos a sua medida.
Ué, e como ela sabia o tamanho do meu pé?

— Obrigada — agradeci sem entender o fundamento daquilo.
— Essas são as gêmeas Amber e Diane, elas também estão sendo treinadas por mim. Achei que se tivesse companhia nas aulas se sentiria mais a vontade. Serei bem cruel com vocês três então se preparem — nos cumprimentamos e depois daquilo tive que subir ao meu quarto para trocar novamente de roupa. Coloquei o vestido branco e este se ajustou perfeitamente ao meu corpo, em seguida os sapatinhos de cristal. Estou mais ou menos ferrada, nunca havia usado nada com salto antes, como vou andar com isso? Nunca pensei que fosse difícil assim.

Andei pelo corredor perdendo o equilíbrio a cada dois passos, será que corro o risco se acabar quebrando os sapatinhos assim? Espero que não. Cheguei na grande escadaria dupla e agora as coisas vão ficar bem feias, eu devia ter calçado eles lá em baixo. Que droga. O jeito vai ser descer segurando no corrimão da escada. Isso, um passo de cada vez, um degrau, depois outro. Minhas pernas tremem toda vez que tento me equilibrar no salto e ainda bem que não tem ninguém por aqui ou...
— Eu não acredito — Era a voz do maldito Lúcifer e ela vinha de trás de mim. Esse idiota não devia estar em alguma reunião ou coisa do tipo? Me viro e o vejo no topo da escada com as duas mãos nos bolsos. Sempre sorrindo da minha desgraça.

— Não me encha a paciência, estou ocupada.
— Treinando pro circo?
— Isso tudo é culpa sua.
Sigo descendo devagar, tremendo como vara verde ao vento. Agora vejo que preciso mesmo de algumas aulas.
— Vem — sinto duas mãos se envolvendo no meu quadril e depois sou erguida no ar. Ele me pegou no colo como se fosse a coisa mais fácil do mundo.
— Não pense que vou agradecer por isso.
— Eu não cobro por caridades.
Ao fim do último degrau ele me coloca no chão, olho para os lados e Cho não está mais ali.
— Pra onde elas foram?
— Lá fora — ele ajusta o terno — agora tenho que resolver algumas coisas, foi um prazer te ver daquela maneira.

Meu Diabo FavoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora