Capitulo 16

4K 317 18
                                    

— Dane-se — sussurrei para mim mesma enquanto deixava o lugar, mas não sem antes pegar o meu tablet. Voltei rápido para o meu quarto e a cada novo passo era tomada por um ódio descomunal.
Bati a porta e pulei na cama, em seguida dei vários socos contra o travesseiro, mentalizando o rosto daquele cretino. Enfie seus jantares dentro do rabo, eu não vou obedecer ninguém. Vou ganhar esse jogo sem abaixar a cabeça, vou ensina-lo de que nem todas as mulheres são submissas ao seu dinheiro ou poder. Irei subir de nível, irei chegar ao fim e quando ele menos esperar, eu sumo daqui com a vitória em mãos. Se ele quer tanto a minha alma terá que lutar por ela.

Enfim a raiva passou, mas para o meu azar, a fome começou e pelo visto não vou poder jantar. Ou vou? Posso muito bem me esgueirar até a cozinha e pegar algo escondido. Isso, se ele acha que vai me proibir de comer, está enganado, assim que a madrugada chegar eu vou me esgueirar pelos corredores até a cozinha. As horas passaram enquanto eu observava os arredores noturno da mansão por uma das minhas janelas. Tudo estava calma, silencioso como se nenhuma alma viva habitante naquele local. Meu estômago já estava gritando, precisava comer algo e seria agora.

Havia trocado de roupa, agora eu usava um pijama rosado e duas grandes pantufas de cachorrinhos. Achei melhor coloca-las para que meus passos pelos corredores fossem abafados. Abri a porta bem devagar e observei o cenário a minha frente, estava escuro, todas as luzes haviam sido apagadas. Isso iria me favorecer e muito. Andei sorrateiramente por cada canto ate chegar na escadaria, desci cada degrau como se neles houvesse minas terrestres. Virei para a direita e em pouco tempo cheguei no Hall da sala de jantar, me encostei na parede e levei a cabeça lentamente até o próximo cenário.

ISSO, vazio e silencioso. Agora era só chegar ao balcão que dividia a sala da mini cozinha e revirar as geladeiras. Adentrei no local meio que andando sobre os dedos, mesmo vazio, todo cuidado era bem vindo. Passei pelo balcão, ótimo, agora estou na cozinha. Muitos compartimentos, geladeiras, freezers e pequenos armários que eu acho ser uma dispensa. Dou uma última olhada em volta para me certificar de que estou sozinha e após isso abro uma das geladeiras. Droga, apenas bebidas. Fecho a porta e sigo para a próxima. BINGO, tem bolos aqui, ou seriam tortas? Tanto faz.

Pego um pequeno pratinho com uma espécie de bolinho açucarado e fecho a porta da geladeira. Agora só me falta um garfo. Abro as gavetas e pego uma colher, prefiro colheres do que garfos. Me sento no chão frio, assim mesmo se alguém entrar na sala de jantar, não conseguirá me ver já que estarei escondida atrás do balcão da cozinha. Que gostoso, esse bolinho é muito bom. Uma colherada melhor que a outra e a fome está passando. Imagino a cara daquele otario nesse exato momento, dormindo feito um trouxa e achando que eu estou com fome. Mal sabe que minha barriguinha está bem satisfeita agora que dei a última colherada. Preciso de algo para beber, esse bolinho me deu sede. Me levanto e abro novamente a geladeira, pego uma garrafa de água e bebo feito um animal selvagem.

— Estava gostoso? — Meu coração gelou. Literalmente gelou. Aquela voz vinda do escuro, era ele. Olhei de um lado para o outro, para cada canto da sala enquanto limpava rápido a boca.
— Olá? — perguntei, teria mesmo alguém ali? Era mesmo ele? Mas onde? A sala estava vazia.
— Perguntei se estava gostoso — Sim, era o diabo, estava parado no fim do balcão, fechando a passagem. Agora não havia para onde correr.
— Sim, a agua aqui é muito boa. Eu estava morrendo de sede, mas já vou indo, sabe como é né. Está tarde — andei até ele e ao tentar passar ele me impediu usando o corpo.
— Eu disse para você não jantar
— Poise né, mas não falou nada sobre os lanches da madrugada. Senhor diabo, o senhor devia ser mais especifico com essas coisas.

— Que bom que o seu senso se humor está aflorado, em breve o meu também estará.
Havia algo errado, ele estava sorrindo para mim, um sorriso de satisfação. Tive que focar minha visão, por alguns segundos pensei ter visto dois ou três Lúcifers na minha frente.
— Bem, tenha uma boa madrugada, eu recomendo comer um bolinho açucarado, são maravilhosos — tentei passar e ele me impediu de novo.
Minha visão começou a ficar embaçada, mais uma vez pude ver vários Lúcifers e tudo começou a girar.
— Ah eu sei, esses bolinhos são de matar — ele começou a rir.
Droga, maldito. Tinha alguma coisa no bolinho, ele me envenenou, acho que devo morrer em breve. Tentei dar meia volta mas meu corpo cambaleou e tive que me escorar no balcão.
— Eu prometo que você vai gostar — foi a última coisa que eu escutei antes de perder todos os sentidos do meu corpo.

Meu Diabo FavoritoWhere stories live. Discover now