Capitulo 29

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Seguimos juntos para fora da mansão e a direita do grande chafariz vejo Cho parada perto a uma lousa acoplada a um tripé. Aquilo seria mesmo uma aula ao ar livre, já estou gostando. As gemeas estavam sentadas em cadeiras de madeira uma ao lado da outra e havia um assento para mim também. Elas estão conversando algo, essa é a minha brecha para me aproximar sem que me vejam passando vergonha.
— Bom dia Cho — Lúcifer acena para elas, atraindo toda a atenção para nós. Elas respondem e ele segue o seu caminho rumo ao grande portão, onde um carro preto já o aguardava.

— Venha se juntar a nós, Kaila. A primeira aula já vai começar.
Elas continuaram me olhando, me lembrei de uma coisa, eu odeio o diabo. Odeio muito. Dou passos desengonçados parecendo um boneco de posto de gasolina balançando no vento e enfim me sento, aquela caminhada pareceu durar uma eternidade.
— Eu nunca usei salto antes — tentei explicar.
— Nem precisava dizer — Cho sorri junto as gêmeas, só agora percebi que elas também usavam sapatinhos de cristal.
— Não se preocupe — disse uma delas, a Amber... ou a Diane, não sei diferencia-las — a gente também passou vergonha depois de calçar isso — ela balançou os pés.

— Vamos direto ao ponto — Cho chamou a nossa atenção — Vocês três são brutamontes, vocês andam como vacas subindo montanhas sem as patas traseiras. Essa é a verdade e por isso eu estou aqui, para consertar vocês. Primeiro — ela pegou um canetão preto dentro de uma bolsa que estava ao lado da lousa e desenhou um sapatinho na superfície branca e lisa — esses sapatinhos possuem um salto de seis centímetros e isso não é atoa, eles vão auxiliar nas nossas aulas de postura, mas vocês não vão usa-los apenas aqui, irão usa-los durante todo o dia. Vocês vão jantar com eles, acordar com eles, correr com eles, até no banho vocês irão usar eles. Irei ensina-las como ter a postura de uma dama, principalmente no modo de caminhar. Alguma dúvida?

— Ainda não — respondeu a gêmea a minha direita.
— Ótimo, seriam burras demais se tivessem dúvidas ainda na explicação. Continuando, o caminhar de uma mulher deve ser relaxado e em ritmo, quase como se ela estivesse fazendo os seus pés dançarem sobre uma pista imaginaria, esse movimento em ritmo irá dá vida a postura feminina. Se vestirem roupas que favorecem o físico terão uma presença ainda mais marcante. Andar com postura requer uma ordem específica de fatores, concentração de energia, estar reta mas relaxada, controle de articulação e dominação total da arte corporal. Vamos aprender um por um durante nossas aulas e exijo um desempenho mútuo, quando terminarmos quero que as três estejam dominando a arte de uma dama. Estamos entendidas?

— Sim — respondemos as três juntas. Será que ela vai repetir tudo isso? Eu não entendi quase nada, mesmo prestando bastante atenção.
— Ótimo, não irei tolerar fracassos. Errar é comum mas fracassar é inaceitável para uma dama — ela andava de um lado para o outro enquanto falava, passava várias vezes na frente da lousa e a maneira como caminhava era bem elegante, se eu prestar atenção nisso talvez consiga copiar e me dar bem. O problema vai ser o equilíbrio nesse salto — agora que expliquei os fundamentos para terem um caminhar e a postura de uma dama, vamos para a fase um — ela desenhou o número 1 na lousa e na frente escreveu “Concentração De Energia” — Kaila, venha até aqui — o que? Por que a aula prática tem que começar logo comigo?
Olhei para ambos os lados e como as gêmeas não disseram nada, o jeito foi obedecer a ordem. Me levantei e fiquei ao lado de Cho, rezando para não perder o equilíbrio.

— Aqui estou — falei enquanto ela me olhava de cima a baixo outra vez, mas agora não parecia que ia me elogiar, era um olhar de análise e crítica.
— Bunda mal posicionada, costas tortas como a do corcunda de Notre Dame e ombros duros como o de um manequim.
As gêmeas deram risinhos, me deixando vermelha como um tomate.
— Bunda mal posicionada? Onde exatamente a minha bunda deveria estar?
— Você tem uma bunda bonita, mas está deixando ela num ângulo horrível, mas não se preocupe. Vamos seguir com nossas aulas e no fim essa bunda vai estar apontando para a lua — Cho retirou uma régua de madeira da bolsa e apontou para o topo da minha cabeça — todas vocês, prestem bastante atenção. Vamos imaginar que no topo da cabeça de Kaila existe um gancho preso aos seus cabelos a erguendo no ar como uma boneca. Mas não é um gancho comum, é um gancho que libera energia e vamos chamar esta energia de “Lapsusstella.” Estão imaginando?

— Sim — respondemos, essa parte da imaginação era fácil.
— Ótimo, vocês duas fiquem ao lado de Kaila e imaginem a mesma coisa em si mesmas.
Elas obedeceram e nós três ficamos ali lado a lado, imaginando ser erguidas por um gancho cheio dessa energia de nome estranho. Qual era o sentido daquilo? Cho andou de uma gêmea a outra, observando da mesma maneira que havia feito comigo.
— Agora que estão sendo erguidas por ganchos, imaginem essa energia descendo por suas cabeças e se concentrando no peito. Kaila, estique as costas, o seu gancho por um acaso quebrou? — ela empurrou minhas costas usando a régua me fazendo ficar ereta. E vocês, do que estão rindo? — ela andou até as gêmeas — estão piores que ela, o gancho de vocês está muito alto? Não vejo motivo para estarem inflando o peito dessa maneira parecendo um balão. O gancho imaginário deve estar na posição certa para influenciar todo o restante do corpo. Agora que estão concentrando a energia em seus peitos, dividam a mesma pelos braços e pernas, mas em uma quantia menor. Sintam a energia, sejam a energia, vejam a Lapsusstella moldar o seu corpo. Do pescoço até a cintura — ela levou a régua até o meu pescoço e depois a cintura — há uma linha que ajusta os ombros e as costas, da cintura para baixo são as pernas que definem a figura que devem tomar. Uma figura feminina, delicada mas empoderada. Agora mantenham-se eretas e relaxadas — ela andou de uma a uma usando a régua para nós corrigir — encolham levemente as nádegas e a barriga para tornarem sua linha central mais elegante — Kaila, é pra escolher a bunda e não pra chupar ela pra dentro — levei uma reguada na bunda, mas as irmãs também levaram e nem tiveram tempo pra rir.

Meu Diabo FavoritoWhere stories live. Discover now