Meu Diabo Favorito

Capitulo 19

A CALCINHA DESAPARECIDA

— Como eu ia dizendo — o ignorei — estou no nível um, mas por pouco tempo. Apesar de não entender o fundamento disso, por que eu tenho que subir de nível pra poder fazer as coisas que são um direito meu? Eu assinei o contrato, então eu devia ganhar tudo de uma só vez.
— Ela ainda não entendeu — Lúcifer sorriu enquanto dava uma garfada em um pedaço de carne.
— Ela vai entender — disse Morgana me passando uma sensação muito boa de confiança — Kaila, veja bem, todas as suas tarefas geram pontos, esses pontos fazem com que não só a sua personagem suba de nível, mas você também. Entenda isso como uma escola para te adaptar a um mundo que você não conhecia.
— Está falando do mundo das riquezas e luxúria?

— Pode-se dizer que sim. Eu particularmente gostei de você, então não quero que você se pareça com uma rainha, quero que seja uma por completo. Corpo e alma. Quando terminar com você, você estará no topo do refinamento.
— Se é que refinar lata é possível — Lúcifer estava me alfinetando demais, tenho certeza que o homenzinho mimado estava com raiva por eu ter pegado uma de suas blusas.
— Acredite — comecei a falar — hoje em dia dá pra refinar tudo, lata, pedra, chifre.
— Vocês dois parecem namorados — disse Horrania sem prévio aviso. Pelo visto as crianças não entendem nada mesmo. Eu, namorada de um homem que se denomina de Lúcifer e que não passa de um ditador, nem morta.

— Adoro essa menina — Lúcifer apontou o garfo para a garota — ela tem as melhores piadas.
— É, tenho que admitir — concordei rápido.
— E ela está errada? — dessa vez quem falou foi Morgana, atraindo a nossa atenção — estão se olhando desde o momento em que o almoço começou, estão nessa implicância um com o outro a todo momento. Parecem mesmo aqueles casais brigões.
— Terminei, vou me retirar antes que eu escute mais idiotices — Lúcifer se levantou.
— Mimado e arrogante como sempre, você não muda mesmo — Morgana falava no mesmo nível de autoridade, ela não parecia teme-lo. Parando pra pensar, ela nem se quer aparentava ser uma funcionária dele.

Lúcifer deixou a sala de jantar e logo alguém veio recolher seu prato e talheres.
— Você não parece ter medo dele igual a todo mundo — Digo, na tentativa de iniciar uma nova conversa.
— Pelo que vejo, você é quem não demonstra ter medo dele.
— Pra ser sincera, eu não tenho muito o que perder. E quando se tem o que perder, não se tem o que temer. Diabo ou não, eu não ligo. O maior erro dele foi ter me escolhido pra tudo isso.
— Você é uma figura interessante, agora vejo o por que ele te olha daquele jeito.
— Como assim? Se não percebeu, ele me olha como alguém que deseja me enforcar a qualquer momento.
— Também — ela riu — Isso é notável.

— O infeliz me fez dormir na cama dele, ele drogou o meu bolinho e quando eu acordei estava lá, sem sutiã.
— Sem sutiã?
— Sim, mas era só uma trolagem do idiota.
— Eu adoraria passar meus dias aqui apenas observando o desenrolar de tudo isso. Você é uma atrevida que não respeita ninguém, ele é um arrogante que adora ditar as coisas. Vocês vão incendiar todo esse lugar.
— Não vou ficar por muito tempo, vou seguir o jogo que ele armou para mim e depois vou sumir no mundo, rica e plena pelo tempo que me restar.
— Capacidade você tem, mas vai precisar de muita força de vontade para vencer o próprio diabo.

Após terminar o almoço, ficamos sentadas próximas ao chafariz tomando um pouco de sol.
— Como isso é possível — disse Horrania balançando os pés.
— O que? — quis saber Morgana.
— Eu estou com fome de novo.
— Que grande novidade, dragãozinho. Por que não vai até a cozinha pegar um daqueles donuts que você tanto gosta.
— Boa ideia.
A menina saiu saltitando e desapareceu mansão a dentro.
— Você sabe sobre o que o pai dela fez? — estava na hora de questionar Morgana sobre aquele assunto.
— As coisas nem sempre são aquilo que parecem ser, Kaila.
— Então você sabe. O que ele quer com uma criança?

— Já deve saber que é graças a Lúcifer que Horrania ainda está viva.
— Sim, mas a um preço muito alto.
— Ela ganhou uma chance de subir ao topo, assim como você. Mas me conte, gostou do lugar?
— É lindo, do tipo que eu só via em filmes. Mas ainda não posso ir em todos os os lugares por conta do tal nível. As portas só ficam trancadas.
— Você vai ter muito tempo pra ver tudo.
— Eu estava pensando, isso já aconteceu com outras garotas? Tipo, ele já ofereceu um contrato para alguma?
— Que pergunta interessante, Kaila. Mas eu não irei responder, vou deixar que descubra sozinha. Não está com ciúmes, está?
— Não fode.

— Eu vou te dar um conselho, não se apaixone pelo diabo.
— O que??? Por que diabos eu me apaixonaria por ele? Você ainda não entendeu que eu e ele não nos damos bem?
— Alto, bonito, tatuado. O tipo que acaba atraindo garotas como você. E garotas como você acabam se atraindo por caras como ele.
— Impossível, isso é apenas um jogo que vai acabar logo.
— Tudo bem, que assim seja. Mas pense no conselho.
— Obrigada, mas nem vou precisar.
— Chegou a minha hora de ir, muitas coisas para resolver — ela se levantou do banco de pedra e eu fiz o mesmo.
— Quando te vejo outra vez?
— Próximo fim de semana, quem sabe. Até lá creio que suas aulas já terão começado e você estará alguns níveis elevados.

— Lembro de você dizer que iria trazer o meu contrato.
— Sim, mas acabei me esquecendo. Nem tente rasga-lo ou irá morrer.
— Fique tranquila, não desejo fugir disso tudo, desejo sair de cabeça erguida com a vitória em mãos.
— Vou torcer por você — ela estendeu a mão e eu apertei.
— Kaila — alguém me chamou, era Bety que surgiu de algum lugar enquanto eu estava distraída conversando.
— Ah, oi Bety.
— Senhora Morgana, é um prazer vê-la outra vez — as duas se cumprimentaram, pelo visto já haviam mantido contato antes.
— Algum problema? — Perguntou Morgana vendo que Bety parecia agitada.
— Acho que sim — Bety se voltou para mim — Senhorita, fui recolher as roupas que colocamos para lavar mas não consegui encontrar a sua calcinha. Ela sumiu.