Capitulo 7

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— Do que está falando?
— Foi ele quem alugou todos os quartos  para que eu fosse despejada, eu tenho certeza absoluta.
— Lúcifer?
— Sim, esse cuspidor de carvão planejou tudo, até mesmo o meu despejo. Então ele quer mesmo jogar, vai aprender que mexeu com a garota errada.
— Não fale bobagens, no mínimo ele vai te executar e desaparecer com a sua existência — Bety falou com frieza — você não seria a primeira a tentar desobedecer. Espero que tenha entendido o aviso, apenas siga as regras, não quero que mais uma tenha o mesmo fim.

Por algum motivo aquilo fez o meu corpo gelar, o quão perigoso era estar ali? Quantas outras ocuparam o mesmo cargo? Quantas outras acabaram tendo um fim trágico? Bety deu as costas e eu continuei a segui-la. Mas dessa vez com a mente processando as próprias dúvidas criadas por mim mesma. Chegamos a uma enorme escadaria dupla e eu fiquei imóvel. Lá em baixo, no centro da sala principal estava Lucifer, de costas para mim. Ele falava com alguém ao celular, sua mão esquerda estava dentro do bolso da calça e a outra segurava o aparelho próximo ao ouvido. Mas dali eu não conseguia escutar o que ele falava.

— Vamos, tenho que te levar até a sala de jantar — Bety notou que eu estava imóvel.
— Estou apenas... observando a madeira da escadaria, que bonita, brilhante. De qual árvore deve ser?
— Não precisa ter medo, Kaila. É só seguir o jogo e tudo vai ficar bem, tanto para você como para nós.
Droga, ela parecia saber exatamente o que eu estava pensando. Voltei os olhos para ele, mas o que? Ele havia guardado o celular e agora estava com as duas mãos nos bolsos. Olhando para o nada a sua frente, por que? E então tudo piorou, ele virou-se lentamente e me encarou.

Que inferno, como sabia que estávamos ali no topo da escadaria? No teto acima de sua cabeça havia um enorme lustre, quais as chances dele despencar e matar o diabo? Que tolice, isso seria impossível e eu precisava me mover logo ou ele acabaria percebendo que eu estava com medo. Mas medo do que? Nem mesmo eu conseguia compreender. Se mexa, rápido. Um passo, dois passos, três passos. Que merda, ele vai continuar parado ali? Me olhando enquanto nos aproximamos cada vez mais. Não tem mais nada importante para fazer? Alguma outra ligação vinda dos quinto dos infernos para atender?

— Patrão — Bety foi a primeira a chegar no fim da escadaria, ela o cumprimentou fazendo uma espécie de reverência, inclinado a cabeça a 30 graus. Nem morta que eu iria fazer aquilo, nunca na minha vida. Em momento algum em minha existência eu havia feito tal coisa humilhante e não seria agora que isso iria mudar. Preferia morrer.
— Senhor — falei enquanto inclinava a cabeça ao me aproximar.

O QUE??? POR QUE DEMÔNIOS ESTOU FAZENDO ISSO???

— Onde ela conseguiu esse vestido? — ele perguntou, ríspido, enquanto esfaqueada Bety com o olhar. Fui completamente ignorada.
— Devo ter deixado passar despercebido... jurava ter retirado todos ontem a noite — respondeu, com a voz trêmula.
— Você não é paga para deixar as coisas passarem despercebidas, é?
— Eu sinto muito, isso não irá se repetir.
— Eu creio que não irá mesmo. Você está despedida. Pegue suas coisas e saía o mais rápido possível.
Lúcifer eu as costas e começou a andar em direção a porta principal da residência.

— Não! — quando dei por mim já havia deixado escapar o grito.
— Senhorita Kaila, pare — Pediu Bety em um sussurro enquanto seus olhos se encontravam com os meus.
— O que disse? — Lúcifer parou de andar e me fitou por cima do ombro. De início recuei, deixando um silêncio desconfortável tomar conta do ambiente. Mas aquilo não podia ficar daquela maneira, algo tinha que ser feito. Quem ele pensa que é para sair demitindo as pessoas por motivos tão fúteis.
— Está tudo bem. O erro foi meu — Bety tomou a frente — irei recolher meus pertences e prometo sair o quanto antes.

— Não, você não vai — por mais uma vez deixei as emoções tomarem o lugar da lógica — eu que decidi usar o vestido, não vou deixar você ser demitida por conta de uma idiotice.
— Idiotice? — ele virou-se para nós. Agora não tinha mais volta, a merda havia sido jogada no ventilador — acha que pode me desafiar, desafiar as minhas leis — continuou falando enquanto vinha em minha direção. Calmo, sem pressa e com a droga de um sorriso sarcástico estampado na porra do rosto.
— Acho uma idiotice demitir alguém por conta de um vestido. É tão mimado assim?
Bety me encarou com os olhos arregalados, aposto que a minha própria alma estava fazendo a mesma coisa naquele momento.

— Patética — ele parou bem na minha frente, mas não recuei, ergui a cabeça para encara-lo olho a olho. Era a segunda vez que ele se referia a mim daquela maneira. Eu queria falar alguma coisa, mas o que? Antes estava tão decidida a mostrar quem manda, agora mais parecia uma ratinha de rua ansiosa para se esconder em algum bueiro.
— Eu..
— Eu o que? — sua voz ficou imponente, ele parecia saber que eu estava com medo. Mas medo de que e por que? Vamos, vamos. Preciso impor meus direitos escritos naquele contrato idiota.
— Eu exijo que Bety permaneça aqui, exercendo a sua função.
— E o que lhe dá o direito de exigir algo? — seu rosto aproximou se um pouco mais do meu.
— O contrato.

— Estes funcionários são meus, nada neles remetem a você. Mas podemos negociar, é claro. Está na hora de aprender que quanto mais boazinha for, mais recursos ira adquirir.
— Do que está falando?
— Eu sou um diabo de negócios. Quer que ela continue trabalhando aqui? Então ofereça algo — ele fechou um pouco os olhos, me olhando de cima a baixo com uma certa malícia.
— Imundo.
— Não, não é isso. Nem de longe é isso que pensou. Você não faz o meu tipo, é muito patética — sorriu novamente. Aquilo me deixou furiosa, o medo deu lugar a raiva repentina. Eu era o dobro daquilo que ele merecia, não passava de um miserável de terno.
— Não importa o que fosse, você não teria. Nem sequer daria conta. Sou o dobro do que você merece.

— Ah você é o dobro? Mas que bonitinho. Pra sua sabedoria, eu desfruto de beldades a níveis angelicais. Todos os dias. Grandes banquetes saborosos, você no máximo chega a ser um churrasquinho.
Ergui a mão direita e levei o braço com toda força para acerta-lo bem na cara. Mas foi inútil pois o miserável me conteve. Em seguida fez algo pior, algo que eu nem sequer estava esperando. Puxou meu corpo e me deu um beijo forçado, o empurrei na mesma hora.
— QUE NOJO — limpei a boca usando as mãos. Bety assistia tudo sem entender nada.

Meu Diabo FavoritoWhere stories live. Discover now