Capitulo 4

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— Ele não pode encostar em mim, se fizer isso eu chamo a policia.
— Ah é mesmo?
— Sim.
— Vai chamar a policia para o diabo? Isso é idiotice e mesmo se quisesse não existem telefones aqui.
— Então eu dou um jeito de fugir.
— Como? Batendo nos guardas com sua super força de mocinha?
— Vocês não podem me prender aqui.
— E nós não queremos. Ele que quer. Agora vista-se. Vou esperar do lado de fora.

Bety deixou o quarto e fechou a porta enquanto eu segurava o vestido com os olhos vidrados no nada. Eu tinha conseguido o que tanto queria mas agora precisava arrumar uma maneira de pegar o meu dinheiro e fugir de tudo aquilo. Vou enganar o diabo e quando ele menos perceber eu vou fugir com tudo o que tenho direito. Nunca tive nada e por mais que as pessoas me humilhasse eu não as deixava mandar em mim e não vai ser agora que isso irá mudar. Larguei o vestido no chão e andei até a porta, havia uma chave pendurada na maçaneta. A peguei e a coloquei na fechadura.

— Bety? Está me ouvindo?
— Sim, já se vestiu?
— Não e nem pretendo. Diga ao satã para ir comer com a puta que o pariu.
— O que você está fazendo? — ela tentou abrir a porta mas era tarde demais, eu havia a trancado segundos antes.
— Estou mostrando a ele quem é que manda.
— Abra essa porta ou nós duas vamos nos dar muito mau.
— Estou acostumada, me dei mau a vida inteira mas em nenhum momento aceitei ordens e não é agora que vou aceitar.
— Ele exige a sua presença, agora.

— Ele exige — sussurrei para mim mesmo e aquilo me fez sorrir. Eu sabia exatamente o que me faria muito bem naquele momento. A maravilhosa banheira que eu havia visto dentro do banheiro. Tirei o pijama e o deixei jogado ali no chão. Entrei no banheiro e fiquei me olhando no espelho por alguns segundos enquanto ignorava as batidas que Bety dava na porta. Eu não era uma daquelas modelos eróticas mas até que tinha um corpo bonitinho. Seios pequenos, cintura fina, bumbum redondo de tamanho médio. Andei até a banheira e liguei a agua, estava morna, perfeita para me fazer ir as nuvens.

Entrei nela e fiquei em silêncio sentindo o nível da agua subir aos poucos, deixando meu corpo submerso. Desliguei a água e fechei os olhos, essa sensação é tão boa. Nunca havia tomado um banho de banheira antes, minhas condições não me permitiam ter esse luxo e se eu pudesse ficaria ali o dia inteiro.
Me perguntava se Bety havia desistido de me convencer a descer para a sala de jantar, afinal eu não ouvia mais as batidas irritantes dela na porta do meu quarto. Minutos depois me levantei e peguei um roupão felpudo que estava pendurava em um pequeno gancho dourado na parede.

O vesti e ao passar pelo espelho admirei meus longos cabelos molhados, me senti uma daquelas atrizes sexys toda molhada. Abri a porta do banheiro e me deparei com um homem sentado na minha cama, me encarando com olhos frios e secos. Era ele. Fiquei alguns segundos paralisada, apenas analisando uma maneira de sair correndo dali antes que ele decidisse fazer alguma coisa. Mas o que eu poderia fazer? Para onde correr? Não conheço nada desse local e até então estive apenas naquele quarto desde o momento em que despertei.

Ele não fez nada, nem mesmo disse uma palavra, apenas ficou lá parado com os olhos fixados nos meus como se planejasse algo maquiavélico. Sua pele pálida deixa seus lábios vermelhos mais chamativos, seus cabelos negros estão bem penteados e ele está usando um terno preto. Parece um daqueles empresários bem sucedidos que aparecem na TV. Ele é jovem, bem mais jovem do que eu imaginava e o que mais me chama atenção é a maneira como ele está me olhando, esses olhos, tão secos e negros.

É uma pessoa má e isso eu consigo deduzir sem nem ao menos o conhecer. Ops, eu disse pessoa? Estava me esquecendo que estou de frente para o próprio diabo. Ele se levantou da cama e   ajeitou o terno enquanto eu suavemente dava um passo para trás, voltando para dentro do banheiro mas sem tirar os olhos daquela figura alta e esguia. Lúcifer é bem gato, tenho que admitir, mas eu sempre tive uma queda por homens de terno, deve ser isso. Apenas isso. Ele me olhou de cima a baixo e em resposta eu fechei o roupão um pouco mais, apenas para me precaver.

– O que está olhando, idiota?

Meu Deus, que diabos estou fazendo? Eu não devia ter falado assim com ele. Essa minha mania de falar sem pensar ainda vai me colocar em uma enrascada, se é que não havia acabado de colocar. Lúcifer começou a vir em minha  direção com uma feição nada amigável e meu corpo congelou, eu queria fechar a porta do banheiro mas meus braços não me obedeciam.
– Senhor – Alguém o chamou e ele parou de andar. Era a voz de Bety que certamente estava na porta do meu quarto mas eu não conseguia vê-la então dei um passo para frente e levei a cabeça para fora do banheiro. Sim, era ela.
– O que? – ele respondeu, seco como um ogro.

– O seu telefone está tocando.
Telefone? Ela havia me dito que ali não haviam telefones. Mas enfim, fui salva pelo gongo no último segundo antes da minha suposta morte. Chupa esse satã miserável, vá atender seu telefonema, deve ser Deus querendo te jogar no inferno outra vez. Por um descuido acabei sorrindo ao pensar isso e ele percebeu. Rapidamente fiquei seria outra vez.
– Bety – ele falou mas sem parar de me encarar.
– Senhor.
– Feche a porta.

O que? Fechar a porta? Por que ele está pedindo isso a ela?

Meu Diabo FavoritoWhere stories live. Discover now