"Ontem. Um pouco antes do toque de recolher. Imagina a minha cara quando uma criança de cinco anos me liga do telefone da recepção escondida, às cinco da manhã e diz que ouviu uma coisa dessas."

"Ela está bem? Deus, eu nem tinha percebido, mas com essa proibição de visitas do monsenhor, eu não vou poder visitá-la como eu tinha prometido à Camila."

"Beth está bem", Dinah sorri. "Está um pouco rebelde, se recusa a dormir e comer na hora que é mandada, mas eu acredito que seja apenas o modo dela dizer que sente a falta de vocês por lá."

"Ela sente minha falta?" Não pude conter o sorriso ao ouvir aquilo.

"Ela pergunta por você quase todos os dias, Lauren."

"Oh céus... Eu me sinto tão mal por ter causado problemas e não poder visitá-la agora.'

"Não sinta", ela se aproxima colocando a mão sobre o meu ombro. "Não é sua culpa. Você sabe disso."

"Você pode dar um beijo nela por mim?" Pedi em um fio de voz. "Diga a ela que eu também sinto falta dela e que eu vou tentar dar um jeito de vê-la em breve."

"Eu digo sim. Mas eu quero que você foque no agora e se apresse. Nós não temos muito tempo, querida."

Assenti com urgência.

"Certo... Ally vem buscar Violet perto do meio-dia, então não vai ser um problema. Tudo bem pra você, Tay?"

"Eu estou perfeitamente bem cuidando dela. O único problema é que eu não sei o que eu vou dizer quando eles chegarem aqui perguntando de vocês."

"Ah... Merda."

"Diga que Camila e Lauren saíram. Eles não vão insistir se você deixar eles revistarem o apartamento", Dinah explicou.

"Você perdeu o juízo? Eu não vou deixar eles entrarem aqui." Protestei.

"Você quer que eles fiquem o dia inteiro no corredor esperando vocês voltarem?" Ela me oferece um sorriso amarelo ao me ver engolir seco. "É... Foi o que eu pensei."

"Eu... Eu vou ver se ela já está pronta."

"É. Faça isso."

Dei dois passos para trás tentando me equilibrar.

Me surpreendi ao chegar na porta de meu quarto e ver Camila completamente vestida e agachada ao pé da cama enquanto calçava um par de botas pretas.

"Dinah disse que podemos ficar no apartamento dela", falei baixinho. "Até as coisas se acalmarem e tal."

Permaneceu em silêncio por alguns segundos até que conseguisse deslizar o zíper do pé esquerdo por completo.

"Legal."

Uni as sobrancelhas ao ouvir aquilo.

"Você está bem?" Eu não conseguia ver seu rosto, considerando que ela ainda estava agachada e com o cabelo cobrindo a face inteira.

A escutei fungar baixinho. Senti meu coração partir ao meio quando finalmente levantou e eu pude ver os olhos avermelhados.

"Eu?" Indagou forçando um sorriso. Jogou o cabelo para o lado e vestiu uma espécie de sobretudo com facilidade. "Eu tô ótima."

Me chamou atenção o fato de ela ter escolhido somente peças pretas para vestir. Interpretando o psicológico a partir disso, eu diria que era a forma mais sutil de ela dizer que estava de luto por suas últimas horas de liberdade.

O que me fazia sentir como uma completa inútil, porque isso apenas provava que ela realmente não acreditava que conseguiríamos fugir a tempo.

"Camila..." Segurei seu pulso quando passou por mim na porta. Senti vontade de chorar quando a vi se desvencilhar de meu toque como se eu fosse uma estranha.

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