Na batida do teu coração

Capítulo 54-Quanto mais se dá mais se tem.

JACKSON FREMONT

— Você é o Dr. Fremont?

Eu não respondo.

— Eu posso ajudá-la?

Eu encaro a mulher vestida em seu vestido vermelho brilhante e rosto marcado com profundas olheiras enquanto aperta as próprias unhas nas palmas das mãos. Ela é o oposto de Dandara. Dandara é classe, graça, força e beleza atemporal. E Lucy passa a imagem de uma mulher fragilizada e desesperada para ser aceita. Eu quase tenho pena dela.

— Eu quero que você deixe Dandara— Ela é direta.

Eu sorri.

— Sinto muito, mas não tenho vocação para gênio da lâmpada.

Seus olhos acendem em aborrecimento com a minha resposta.

— Eu não estou brincando. Você precisa deixá-la. — Seu nariz enruga enquanto ela finge limpar algo da sua mão.

Eu franzi minha testa.

— Por que você esta interessada nisso?

Ela faz um som confuso antes de cruzar os braços e andar até as cadeiras no canto.

— Eu fui uma péssima amiga. Dandara tinha tantos planos e eu estraguei tudo. O mínimo que eu posso fazer é tentar fazer com que ela recupere o amor da vida dela.

Uma queimadura irradia no
meu peito. Minha língua correu pelos meus dentes, uma dor profunda e
inquietante se desenrolando em minhas costelas.

— Se você realmente quer o bem dela, deveria manter aquele mala o mais longe possível de Dandara. Ele é um sanguessuga maldito.

Lucy balança a cabeça.

— Não, Paul é um bom homem. Seu único erro foi trair Dandara. Mas foi eu que o seduzi e transformei toda vida dele em um inferno. A carreira dele está arruinada, e o pai de Dandara nunca irá deixá-lo realizar o sonho de entrar para o Congresso.

Uma respiração divertida e incrédula me escapou.

— Então esse é o motivo. Você está pensando nele, não em Dandara.
— Não! Eu penso em Dandara também. Paul vai ser um bom marido. Eles estariam casados e bem se eu não tivesse estragado tudo.
— Ele fez com que você acreditasse nessa porcaria? Se foi, ele é mais filho da puta do que eu pensava. Em uma traição, existe dois culpados.

Seus olhos se estreitam e seus lábios se torcem nos cantos.

— Eu não quero uma lição de moral ou nada do tipo, vim aqui para dizer que você precisa deixar Dandara.

Eu suspiro. Há uma dor
maçante latejando nas minhas têmporas agora. Estou farto desta conversa.

— Ouça, eu não sei que porra faz você pensar que vim aqui e cospir essa merda pingando falta de amor próprio irá me fazer deixar Dandara, porque eu não vou. Não até que ela mesma me peça isso. Posso não ser merecedor dela, mas vou lutar cada dia para ser o que ela precisa. E se você realmente está arrependida, faça algo coerente e fique fora da vida dela. Porque uma amizade como o tipo que você oferece é um atraso para vida de qualquer pessoa, especialmente para uma mulher tão especial como Dandara.

Sua expressão ficou dura.
— Quem você pensa que é para dizer isso?
— Eu sou o homem que jamais a trairia. Eu sou aquele que vai protegê-la de pessoas como você e Paul.
— Você está me ameaçando?

Eu ri.

— Ameaça? Que coisa ridícula para se interpretar. Você precisa urgentemente de ajuda profissional, garota. Esse complexo de vítima não faz bem para seu raciocínio fodido. Você veio em um missão estúpida e falhando miseravelmente.
—D... Dan... Dadara não ama vo...você, ela ama Paul. — Ela gagueja. — Ela tem planos...
— Planos podem sofrer mudanças, principalmente quando há pessoas de caráter podres que se incomodam com a sua felicidade.
— Você está insinuando que a felicidade de Dandara me incomoda?
— Eu não sei. Você foi a única que fodeu o noivo até então perfeito da sua melhor amiga aqui.