Capítulo 20-Eu gosto de brincar com fogo

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JACKSON FREMONT

Assim, quando um paciente volta da quimioterapia, ele precisa de um novo soro intra-venoso. Eu passo as demandas para uma enfermeira e deixo ela o observando. Meu estômago ronca enquanto eu saio do quarto. Um rápido olhar para o meu relógio me diz que está perto da hora de ir para casa, e como de costume, eu ainda tenho que lidar com a papelada. O refeitório parece ser a único caminho se eu quiser algo rápido para comer. A outra opção é o serviço de entrega de comida, mas isso demoraria tempo suficiente para eu ir para casa.

Eu terei pizza. Vou me preocupar em ser perfeitamente saudável amanhã.

Eu desço para a emergência uma vez que o acesso ao refeitório está desse lado, e eu estou quase passando por uma sala quando ouço uma mulher suspirar.

— Ow. Não, eu estou bem.

Meu corpo para de repente e fica ciente do leito no canto. De trás da cortina eu ouço: — Sério Rosie, foi apenas um susto. Acho que não foi um corte profundo.

A culpa imediatamente faz seu caminho. Eu a mandei vê Paxton mesmo sabendo seus acessos de raiva. E agora  ela está machucada.

Porra!

A enfermeira puxa a cortina e olho para ela. Ela está sentada na cama, sua mão está envolta em um pano encharcado de sangue. A enfermeira pergunta-lhe algo, mas Dandara não responde, porque ela me viu, e agora estamos olhando um para o outro.

Ela quer me ignorar. Se eu lhe der a chance, ela vai tentar se recompor e fazer exatamente isso, ou morrer tentando, mas isso é besteira. Suas sobrancelhas estão franzida e sua respiração está definitivamente irregular. Ela sentindo dor.

Eu atravesso a sala em passos largos.
— O que aconteceu? —Eu não me importo se sou brusco.
— Eu perdi equilíbrio e bati a mão em algo perfurante. Mas nada grave.

Eu pego sua mão e uma sensação dolorosa borbulhou no meu peito quando ouvi um gemido baixo vindo dela . Eu sabia que era a culpa rastejando. Minha reação a ela foi apenas sensível, dada a sua loucura, mas de alguma forma, me sentia um idiota total agora por tê-la feito lidar com Paxton tão precocemente.

— Foi Paxton? —Eu pergunto enquanto desembrulho sua mão.
— Hmm...não
— Não minta para mim. —Eu digo

Ela  suspira.

— Eu provoquei. Blair já havia me alertado sobre a agressividade, eu deveria ter feito uma abordagem menos invasiva.

Eu examino o corte. A ferida parece profunda, mas os dedos todos ainda têm coloração.

— Isso não justifica o comportamento dele. Dessa vez passou de todos os limites. Irei falar com a direção. Estou deixando o caso, não posso continuar tratando alguém que coloca em risco a saúde da minha equipe. Paxton tem condições de conseguir um tratamento melhor.
— Não! Não faça isso. Blair me disse que ele confia apenas em você, não o abondone. A culpa realmente foi minha. Eu o pressione demais para um primeiro contato. Estava com a cabeça muito cheia para pensar com clareza.

Isso me irrita. Os cabelos na parte de trás do meu pescoço se levantam e uma forte pressão de raiva ferve no meu peito.

— Pare de se culpar e tentar defendê-lo. Ele não é uma criança. É um adulto mimado que não se conforma com um diagnóstico e  por isso ataca as pessoas ao redor verbalmente. E agora agride também.
— Ele está assustado —Ela mexe os dedos.

Bom movimento, mas isso faz sangrar novamente.

— Ele é um jovem de vinte anos que descobriu que está com uma doença que não tem cura e que não se sabe exatamente como ela vai se comportar. —Ela continua — Você pode imaginar quantos sonhos foram desfeitos? A agressividade é apenas uma fase.

Devo ter feito uma careta, porque me olha e revira os olhos para mim.

—Não é sempre que o sol brilha sobre o caos lembra?

Ergo a cabeça e aceno, a minha resposta brusca. — Tenho uma ótima memória, principalmente de tratando de minhas palavras.

Eu rodeio a cama, no lado mais distante do local onde ela está sendo atendida. Uma bandeija com todo equipamento para sutura esta lá e começo a separar o que usarei primeiro.

— O que você está fazendo?

Eu levanto minhas mãos com os objetos e abaixo minha voz.

— Vou ajudá-la, nada mais.

Ela hesita.

— Eu fui o começo de tudo não? Da sua cabeça cheia.

Isso me rende um sorriso dela, e ela fecha os olhos.

— Sim, você tem um grande poder de me irritar apenas com um olhar. Isso não é comum.

Eu tive que fingir tossir para esconder meu sorriso. Então me aproximo e começo a limpar a ferida.

— Pois é, acho que te devo um pedido de desculpas. Não tenho sido profissional.

Ela só me encarou impassivelmente, e eu acho que ela estava me fazendo trabalhar em algo mais elaborado. No entanto, me foquei em me certificar que ela realmente entendesse a minha posição.

— Essas bizarras coincidências me atingiu e me deixou preocupado. Mas irei começar a ser mais prudente em minhas ações. É importante para mim que assuntos do trabalho fiquem no trabalho e meu particular fique particular. Entende?
— Totalmente.— Ela concordou.— Eu tenho tentado isso desde que comecei aqui no hospital. Você que tornou tudo complicado.
— Admito minha culpa. Mas estou disposto a colocar isso no passado e nunca mais pensar sobre isso de novo. Nossa relação será profissional a partir de agora. Combinado?
— Estritamente profissional —Ela disse com um aceno confiante em sua cabeça.
— Nenhuma menção sobre o incidente em minha casa ou a maldita noite que fodemos. Isso não tem lugar neste hospital— Afirmo só para ter certeza que nós estamos na mesma página.

Ele levanta uma sobrancelha e olha para mim, seus olhos azuis brilhando. Seus lábios estão franzidos e ela projeta o queixo desafiadoramente.

— Isso já se foi da minha mente. Principalmente a noite em que nós dormimos juntos. O único que terá  problemas para esquecer é você. Uma ótima memória você tem, certo?

Eu deveria ter simplesmente ignorando sua provocação. Em vez disso, deixei que as palavras saíssem da minha boca.

— Primeiro, nós não “dormimos juntos”, nós fodemos. E eu consigo fazer um pequeno esforço para esquecer. —Murmuro, levando minha boca à sua orelha. — O problema maior será para sua buceta esquecer que esteve no meu rosto, e que pegou minha língua, várias vezes. Também pegou meus dedos e meu pau de uma forma que vai demorar muito até que você pare de pensar nele.

Quando me afasto os olhos de Dandara estão ampliados já que eu estou mencionando descaradamente nosso tempo íntimo juntos depois de especificadamente ter falado que nós
precisávamos esquecer isso.

— Você se comportou perfeitamente profissionalmente, Dr. Fremont. — Ela diz sarcasticamente em uma voz
revestida de mel, e eu tenho que morder um pouco minha bochecha de novo para não rir.

Eu estou puto com toda essa situação, mas ela me faz querer rir. Isso é fodido.

— Você provocou, pediu por isso.

Dandara suspira. Suas bochechas ficaram vermelhas brilhantes e seu queixo caiu.

— Sim, certo.— Ela hesita, e sua voz suaviza. — Eu não sou assim, me desculpe. Você está certo. Isso tem desastre escrito nele todo. Vamos manter a seriedade que o trabalho precisa.

Eu dou-lhe um breve aceno e começo a suturar sua mão. Não leva muito tempo. Tenho muita prática e Dandara não move um músculo. Quando terminei, ela mumurra um fraco agradecimento e silenciosamente desce da maca. Eu me viro e começo a sair da sala. Eu posso sentir os olhos dela me seguindo, mas ela não se move até que eu esteja no corredor e volte a encará-la.

— Você está vindo?

Ela pisca algumas vezes.

— Onde?
— Paxton está precisando entender que sua agressividade não tem lugar aqui. Ele está te devendo um pedido de desculpas.

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