Capítulo 31-Mesmo com todos meus defeitos ela quis ser minha amiga.

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JACKSON FREMONT

Eu fui grosseiro pra caralho com Dandara e isso estava me comendo por dentro.
Ela saiu da sua sala como um cachorro com o rabo entre as pernas. Ela normalmente rosnava de volta pelo menos uma vez. Não dessa vez.

Merda, eu fui cruel.

O resto da noite foi um borrão quando precisei atender os pacientes e  tudo em que conseguia me concentrar era buscar uma maneira de aliviar o clima com Dandara. Quando o platão acabou, atravessei o corredor na esperança de pegar ela, se ela não tivesse saído da sala de Blair ainda. A voz de Peter me parou logo antes de chegar na porta.

— Você não tem ideia de como fico feliz em saber que você concorda em ir. Você vai gostar, é um lugar muito aconchegante.
— Estou ansiosa, preciso mesmo distrair a mente. —Dandara respondeu.

Os dois saem da sala e ranjo os dentes com irritação, enquanto assisto eles caminhando para fora. A vontade de bater em alguma coisa é quase esmagadora quando Dandara segue Peter com um capacete na mão. No estacionamento ela sobe na moto dele e uma raiva inesperada borbulhou dentro de mim. Mesmo que eu não tivesse o direito de me sentir assim, isso não esfriava a queimação na minha garganta. Aquele idiota ia tirar o máximo proveito dela. Eu não estava com ciúmes, eu estava sendo protetor. No fundo, enterrado debaixo de toda aquela loucura, estava uma mulher que acreditava em contos de fadas. Seu noivo imbecil cagou nos planos dela, mas Dandara ainda ouvia músicas com frases como: Apenas continue nadando e uma hora você encontrará  sua felicidade.

Algumas pessoas nunca aprendem. Ela não enxerga o potencial para o perigo até depois que fosse ferida. E me irritou que ela fosse tão cega. Esse sentimento tornou-se imensamente pior quando percebi que era eu quem estava empurrando ela em direção desgraçado aproveitador.

Filho da puta!

Em casa, meu sono é levado para longe quando os pensamentos sobre a situação com Dandara domina minha mente. Eu não a vejo durante todo o dia, nenhum sinal seu ou de sua irmã ao redor da casa delas. Próximo da hora de um novo platão eu a encontrei saído de sua casa. Me apressei em alcançá-la e a pego na parada de táxis. A paro antes que entre em um carro. Ela
insistiu em usar um serviço de carro e não seguir para o hospital comigo, inventando uma desculpa esfarrapada sobre precisar parar em algum lugar. Mas eu sabia que era
porque ela estava evitando ficar sozinha comigo. Eu merecia cada gota do seu desprezo, mas insistir até que ela cedeu e entrou no meu carro. Nenhum de nós disse uma palavra durante os primeiros cinco minutos da viagem. Eventualmente, eu quebrei o gelo.

— O tratamento de Joshua começa na próxima semana.
— Eu soube.— Ela soa estranha, a voz quase fanhosa.

Volto-me para ela sentada no assento ao lado. O brilho lunar que atravessa a janela destaca cada polegada de seu lindo rosto. Maçãs do rosto altas, um nariz delicado,
com uma ligeira arrebitada, um punhado de sardas de cor clara sobre a testa e continuando a descer por aqueles penetrantes olhos azuis.

— Você está bem?

Ela assentiu, virando-se para encarar a janela. Nós dois ficamos em silêncio novamente por um longo tempo depois disso. Faltando poucos quilômetros para chegar ao hospital, meu celular começou a vibrar em cima do painel e acabou caindo no chão. Me inclinei para pegá-lo e foi quando tive mais um vislumbre do rosto de Dandara e posso dizer que ela está à beira das lágrimas.

Que diabos?

Uma onda de adrenalina percorreu minhas veias. O carro parou bruscamente
quando meu pé freou no meio do tráfego, dois pedestres quase sendo atropelados no processo.

— Dandara olhe para mim.

Ela não hesita, e quando se virou pude ver as lágrimas finalmente transbordando por suas bochechas coradas.

— Que porra é essa? Não chore. Porque você esta chorando?

Ela encolheu os ombros. Buzinas estavam tocando atrás de mim, mas mal notei.

— É melhor você mover este carro antes que você nos coloque em um  acidente.

Ela estava certa. Eu precisava encostar.
Estacionando ilegalmente na frente de uma loja, me coloquei em risco. Fiquei quieto por alguns momentos antes de me virar para ela e olhá-la diretamente nos olhos.

— Por que você está chorando? —Perguntei mais uma vez.
— Por sua causa. — As lágrimas que estavam ameaçando, começaram a fluir pelo rosto dela com mais rapidez— Eu não sei qual sua intenção, mas isso está me machucando. Eu só tenho tentado ser sua amiga, qual o grande problema nisso?
— Eu estou machucando você?
— Sim. Essas brigas constantes, as atitudes arrogantes, essas mudanças de humor, isso está sendo demais para mim. Você tem momentos que é incrível, outros horrível e em seguida finge que nada aconteceu. Toda vez que começamos a nos aproximar, você ergue a parede. Eu tenho sido tola em achar que podemos ser amigos.
— Sim você está certa.
— Por que você faz isso? Coloca essa distância e frieza?
— Porque se eu der qualquer coisa mais do que já dei, você poderia facilmente destruir minhas defesas até que estivesse exposto e me contorcendo sob seu olhar.— Eu confesso.
— Que besteira. A vida lhe deu uma mão difícil, sim. Mas isso não significa que você desiste. Isso significa que você respira fundo, e puxa todas as cartas ruins que você está segurando, as joga no centro da pilha e pega quatro novas.

Eu não consigo esboçar reação. Observando-a em tal aflição sinto uma dor aguda no meu peito. Eu queria dizer alguma coisa, me desculpar ou oferecer algum tipo de apoio verbal, mas parecia que as palavras estavam presas na minha garganta. Em vez disso, fiz o que parecia natural mesmo sabendo que não seria a melhor coisa para ela. Rastejo fora do cinto e puxo seu corpo para o meu. Dandara desenrola imediatamente os braços, e aperta-me com força, enterrando seu rosto em minha camisa, as lágrimas amortecendo o tecido. Acariciei a cabeça dela com uma mão e as costas dela com a outra.

E aí está. Ela me fazendo ultrapassar o limite das minhas defesas. Eu preciso esconder que ela tem esse poder sobre mim para mantê-la no controle e não descubra que não sou o homem que pensa que sou. Não sou um homem. Sou um monstro e ela merece mais do que metade de um ser humano com um coração endurecido e sem alma.

— Sei que palavras não serão suficientes, mas eu sinto muito pela maneira como tenho agido. — As palavras finalmente encontram o caminho.

Ela levanta seu rosto para mim, nossos narizes quase se tocando.

— Desculpas aceitas. E sinto muito por te chamar de bastardo arrogante.

Minhas sobrancelhas se abaixaram.

— Você não o fez.

Ela sorriu.

— Oh. Bem, eu pensei, então. Muito na verdade.

Eu não pude deixar de rir.

— Você é de outro mundo, Dandara Schiller.

Eu toquei sua bochecha e me perdi na imensidão azul por um tempo.

— Amigos?

Ela colocou sua mão sobre a minha.

— Amigos.

Beijei o topo de sua cabeça e firmei meu aperto ao redor dela. E ali, dentro de um carro estacionado de forma ilegal, Dandara conseguiu que um pequeno pedaço de minha alma se torna-se humana novamente.





Olá fantasminhas, espero que estejam gostando da história de Dandara e Jack. Como devem ter percebido, eu estou sendo bem generosa quanto as postagens, e isso se deve porque ainda há muitooos acontecimentos para ocorrer e estou aproveitando o máximo minhas férias em casa para agilizar a história.

Me recompense curtindo e deixando um comentário fofo.

Bjsss 😘😘😘😘😘❤️

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