Capítulo 42-Você não pode culpar a gravidade por se apaixonar.

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JACKSON FREMONT

— Eu pensei que tivesse sido clara o suficiente. Mas esperei e você não apareceu na minha sala. —Geórgia diz.
— Eu estive ocupado.
— Seu trabalho não pareceu importar quando você estava no estacionamento com sua residente.  —Diz ela, com os olhos acusadores.

Eu deixo os papéis caírem e cruzo meus dedos.

— Você tem qualquer negócio real que você veio aqui para discutir? Porque eu estava no meio de algo importante quando você interrompeu.
— O assunto em pauta é um negócio real. Você transou com sua residente no estacionamento do hospital. Você já esqueceu do código de ética?

Minha paciência quase inexistente pisca no limite. Eu não freio minha palavras.

— Se você for me punir, faça logo ao invés de estender a conversa. Reconheço meu erro e espero que você não tente tornar isso ainda mais constrangedor. Olhar para Dandara como se ela fosse a única culpada foi o suficiente para encerrar isso.

Geórgia parece surpresa.

— Eu não olho para ela como se fosse a única culpada.
— Sim, você faz. Duas vezes.
— Eu...não quis que parecesse isso.
— Pois pareceu. E eu não gostei disso. Qualquer seja seu problema com Dandara, guarde para você

Ela suspira profundamente.

— Eu não tenho nada contra Dandara. Pelo amor de Deus. Eu só estava frustrada e com um pouco de inveja, admito.

Estreitei meus olhos.

— O que você está dizendo?

Ela suspira novamente.

— Desde que você conheceu ela você parece...diferente.
— Diferente? Como?
— Eu não sei. Mais jovial, eu suponho.
— Jovial? O que eu sou? Um cara gordo velho?
— Você me entendeu. Ela está fazendo algo para você. Eu posso dizer com certeza porque tentei causar essa mudança por muito tempo. Mesmo depois que deixamos de ser um casal.

Isso me irrita por razões que não posso explicar. A maneira como ela coloca isso faz parecer que eu estive sempre precisando de um band aid.

— Você ficou frustrada por isso?
— Sim. E com inveja de Dandara por consegui isso de você.
— Isso é ridículo.
— Eu sei. Agora me sinto tão horrível. —Ela esconde o rosto atrás das mãos. — Não há grande negócio em você e Dandara estarem juntos.
— Sim, não há. Erramos no estacionamento e estou pronto para qual seja sua punição.

Algo melancólico aprofunda a expressão de Geórgia. Ela sorri para mim com um pouco de tensão.

— Você não negou.
— O que?
— Sobre você e Dandara estarem juntos. Vocês estão namorando?
— Eu não estou falando sobre isso com você.
— Somente diga sim ou não.

O “não” é a resposta para a pergunta dela, mas não parece o certo. Tão pouco o “sim”.

— Geórgia, eu admiro muito você e gosto da sua amizade, mas minha relação com Dandara não é da sua conta. Se o motivo da conversa é esse, acho que encerramos.

As sobrancelhas dela se franziram.

— Você gosta mesmo dela. —Ele diz suavemente — Eu vejo isso agora. Se não gostasse você não estaria tentando protegê-la do que acha que eu poderia fazer caso confirme o namoro.

Eu tremo, mas não respondo. Ela dá uma risada fraca.

— Eu sei que parece que estou com ciúmes bobo do ex, mas não é isso. Eu amo meu marido e não tenho ressalvas sobre o que sinto por ele. O que aconteceu foi que eu sempre me culpei por não ter conseguido te ajudar depois do que aconteceu com sua família. Eu desisti porque pensei que nada jamais poderia trazer o velho Jack. Mas vi que estava errada, o amor sempre foi sua cura. O meu não foi suficiente porque não era nosso destino ficar juntos. Dandara é o seu destino assim como Robert é o meu. Eu soube disso assim que vi vocês juntos. E sinceramente, não consegui me controlar de agir de maneira tão mesquinha hoje. Me desculpe por isso. Meu ego foi atingido ao ver que era sim possível fazer aquilo que eu nunca consegui.

Na batida do teu coração Where stories live. Discover now