Capítulo 37- Ser são é fácil, mas pra ser bêbado tem que ter talento.

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JACKSON FREMONT

A queimação em meu peito era quase suficiente para me distrair da bagunça em minha mente. Quase. Aumentei a inclinação da esteira e intensifiquei meus movimentos. Pés batendo com força no chão, músculos pegando fogo, música no mais alto volume, isso sempre funcionou.
Funcionou depois do que aconteceu com minha família. Funcionou depois que Geórgia e eu nos afastamos. Mas de alguma forma, não tem o mesmo poder agora. Eu me esforço para compor uma única resposta, tão distraído pelos pensamentos de desembrulhar uma certa mulher.

Um palpite.

Dandara Schiller.

Desde que dormimos juntos, ela é tudo em que consigo pensar. Os lábios dela. O cabelo dela. Seu gosto. O cheiro dela. Sua suavidade. Toda merda sobre ela me cativa. Agora, ela está em meus pensamentos como uma espécie invasora, assumindo tudo o que antes costumava prosperar lá. Não importava o quanto eu dedicasse para me distrair por tempo suficiente até conseguir alguma paz, ela está sempre lá me lembrando que sou como um viciado consumido pela necessidade de ter mais.

Era amedrontador.

E ela parece saber o poder que tem e o usa para me fazer ceder as suas tentativas de cavar meu passado. Dizer não para ela se tornou um desafio. Ela tem uma maneira única de ver as coisas, o que parece ter causado um lapso no meu julgamento em mais de uma ocasião.

E é tão ridículo isso.

Por que não posso tirá-la da minha cabeça ou voltar a fingir ser indiferente com ela? Claro, eu não quero vê-la chorando novamente, mas isso não justifica a quantidade de tempo e espaço que ela tem
ocupado em meus pensamentos.

Nada justifica isso.

— Ei —Alguém puxou meu fone de ouvido e eu virei em direção a minha mais nova fonte do aborrecimento.
— O que foi?—  Eu disse, encarando Wes.
— Se continuar correndo desse jeito você vai acabar jogado no chão— Ele diz—  O que foi que aconteceu entre vocês para te deixar tão impaciente?
— Entre quem?

Ele revirou os olhos.
— Você e Dandara.

Senti meu estômago borbulhar com o som daquele nome e voltei minha atenção para a esteira.

—  Por que você acha que isso tem alguma coisa a ver com ela?
— Porque eu não sou um maldito idiota.
— Nada está me incomodando. E mesmo se alguma coisa estivesse, por que diabos teria qualquer coisa a ver com ela?

Ele riu e balançou a cabeça.

—  Nunca conheci alguém que provocasse qualquer tipo de reação real em você. E sabe por que, não é?— Ele desligou sua
esteira e voltou toda a atenção para mim.

Mantive os olhos fixos à frente enquanto corria, tentando não encontrar seu olhar.
— Não, não sei, mas estou sentindo que você vai querer me explicar.
— Porque Dandara é tudo o que falta em você. Ela é a doçura necessária para neutralizar sua amargura.—  Ele disse, todo presunçoso.
— Você bateu a cabeça. — Toquei o botão que parava a esteira e me virei para ele.— Seriamente pelo visto. Blair está sugando mais neurônios seus que o de costume.

Eu estava suado, sem fôlego e exausto por
correr mais de quinze quilômetros. Mas, naquela hora, o aumento na minha pressão sanguínea não tinha nada a ver com o exercício.

Wes tomou um longo gole de sua garrafa de água e continuou sorrindo.
— Quem você acha que está enganando? O único perdendo neurônios com uma velocidade que compete com a luz é você, amigo. Nunca vi um homem cair rápido por uma mulher como esta acontecendo com você. Mas isso é compreensivo. O que não falta é motivos para se apaixonar por Dandara Schiller— Ele parou, limpando a garganta e levantando uma das mãos para contar dramaticamente seus argumentos—
Ela é inteligente, determinada, educada, doce e gentil. Isso foi o que eu descobri em apenas cinco encontros, tenho certeza que existe mais qualidades.

Na batida do teu coração Where stories live. Discover now