39.

31.5K 2.2K 699
                                    

Surpreendo-me quando os seus labios chocam com os meus. Foi tão simples, mas tão bom.

É como se tudo desaparecesse. Todas as más lembranças que eu tenho da minha vida, e são muitas, desapareceram. Paz, eu senti paz, o Harry traz-me paz.

O Harry é algo que eu quero, sempre quiz. Ele tem que ser meu, ele é como uma droga, uma droga boa. Sempre que penso que ele não será meu um pouco de mim morre.

Ele afasta-se e sorri. Aquele sorriso ilumina a minha vida. Ele é a minha vida, eu não estaria aqui sem ele. Mesmo que os seus amigos tivessem ajudado nisso.

Porque ninguém entende? Porque ninguém entende que eu amo-os, mesmo que o Harry seja o mais "importante" para mim.

Porque ninguém percebe que eles realmente salvaram-me? Que se não fossem eles os meus braços estariam cheios de cicatrizes, ou eu seria ainda mais depressiva, ou então que nem estaria mais neste mundo.

Porque é tão difícil o mundo perceber isso? Porque é tão difícil para a minha própria mãe entender?

-Porquê é que estás a chorar?- Harry limpa uma lágrima que escapou e pergunta preocupado.

-Porque é que eles são tão maus para mim? Porque é que ninguém me percebe?- levo as mãos a cara e deixo ele envolver-me nos seus braços.

-Quem é que é mau para ti, amor?- Harry sussura e aperta-me um pouco.

Ao ouvir ele chamar-me de amor, apenas faz com que eu chore mais. Isto não pode ser real! Ou será que pode?

-Todos! A minha mãe, o meu padrasto, os meus colegas, a sociedade, todos!- digo entre soluços.

-Eu estou aqui, eu não sou mau para ti, as tuas amigas não são más para ti.- massaja-me as costas.

-Mas...- tento dizer mas ele impede-me.

-Tens-me a mim, tens duas melhores amigas fantásticas, não precisas de mais ninguém. Ignora o mundo, deixa-os perderem-te.- as suas palavras são tão confusas na minha mente, mas ao mesmo tempo tão claras.

-Nunca me deixes Harry, peço por tudo!

-Não irei. Prometo!

Depois de uns minutos, eu afasto-me dele e olho para o chão, limpando as lágrimas que ainda estavam na minha face.

-Eu devia voltar para o quarto.- aponto para a porta tímidamente.

-Fica aqui comigo.- pede e eu engulo em seco. Sei que as suas palavras não têm segundas intenções, mas mesmo assim deixa-me nervosa. -Por favor?

Digo que sim com a cabeça e deixo a sua mão puxar a minha e guiar-me até a cama.

-Vou tomar um banho rápido, podes usar o meu telemóvel para não ficares sem fazer nada.- diz e dá-me os seu Iphone 6 para as mãos e eu fico sem saber o que fazer.

Sento-me na ponta da cama e olho para o ecrã do seu Iphone que pede um código.

-Ah! O código de segurança é o teu aniversário!- grita de dentro da casa de banho e eu arrega-lo os olhos.

A data do meu aniversário? O meu?

Arrisco e coloco os números.

0609

Parece estranho, se tirar os zeros fica 69... MARIANA DEIXA DE PENSAR NESSAS COISAS!! Mas não tenho culpa de nascer no dia seis de Setembro.

Assim que coloco os números, o Iphone desbloqueia e eu não resisto e vou ver as fotografias que o Harry tem.

Vejo fotos dele e a mãe, não há dúvida que ele saiu a mãe.

-Estas a divertir-te?- Harry pergunta a entrar no quarto novamente, apenas com calças de pijama vestidas.

-A tua mãe é muito bonita.- sorri e ele sorri também, e eu perco-me nas suas covinhas.

-É não é?- balanço a cabeça afirmando e devolvo-lhe o Iphone.

Harry dá a volta a cama e puxa os lençois até a meio da cama. Levanto-me e observo-o a deitar-se a a tapar o seu tronco.

-Deita aqui.- dá pequenas palmadas na cama e eu deito receosa.

Ele tapa-me com os lençois e vira-se apagando a luz, deixando que apenas a luz da lua ilumina-se o quarto.

-Tens muitos medos, Harry?- pergunto baixo.

-Alguns. Mas sabes como nos livramos deles?- pergunta e eu nego. -Enfrenta-lhos! Se algo te dá medo, faz exactamente isso, e vais ver que esse medo vai evaporar-se.

-E se um dos meus piores medos for de algum dia ter coragem para cortar-me ou algo pior, como ter coragem para cometer suicídio?- pergunto e olho-o nos olhos.

Os seus olhos verdes ainda brilham mais a luz da lua.

-Então antes de tentares te matar, lembra-te de que há lugares a que nunca fostes e coisas que tu nunca vistes. Livros que nunca lestes, arte que nunca chegas-te a apreciar. Pessoas com quem ainda nunca falas-te, músicas que nunca ouvistes. Lembra-te de que a prazeres na vida que ainda não tiveste, e que se estiveres morta nunca poderás ter.
E se por acaso algum dia quiseres cortar-te, pede-me o meu braço, eu irei deixar que o cortes vezes e vezes sem conta, porque eu não quero que o seu corpo seja marcado por cicatrizes que irão ficar para sempre a lembrar-te daquele dia, daquele sentimento de tristeza.- puxa-me pela cintura e aconchega-me ao seu peito.

-Nunca seria capaz de magoar-te.- digo. Nunca seria capaz de magoa-lo. Nunca.

-Eu sei, é exatamente por isso.

Hey
:(

Eu estou muito mal hoje, apenas deixei que os meus sentimentos e medos saíssem (mais uma vez) e escrevi neste capítulo.

Obrigada Mara do meu coração por me animares sempre, e obrigada Rodrigo (apesar de nem leres isto mas okay) por me fazeres rir com as tuas piadas que são piores que as do Harry.

E obrigada a vocês (leitoras) por lerem, votarem e comentarem. Vocês fazem parte das pequenas coisas que deixam-me feliz.

Love you ♡

Mariana Xx

Ps: Lu eu amo-te mais ♡

Direct Message || h.s.Where stories live. Discover now