O que exatamente a droga fazia?

— Esse milharal já está pronto para a colheita – Vovó guinchou— Consigo sentir o cheiro daqui, hum... milho verde, vovó gosta de bolo de milho.

Kara tentou ignorar a velha, ela estava atrapalhando sua linha de raciocínio. Mas quase inconscientemente ela cheirou o ar e realmente cheirava a milho. Como se tivesse levado uma pedrada na cabeça Kara se voltou para a velha de boca aberta.

—O olfato!– Ela exclamou alto demais.

— Não anjinho, já faz muito tempo que não tenho tato.

—Não! Olfato! – Kara recomeçou a andar de um lado para o outro no gramado—A droga é para o nariz dos cachorros, com o olfato comprometido eles não conseguem sentir o cheiro da droga dentro das espigas! Os cachorros da fazenda são cobaias de teste!

O corpo inteiro dela estava formigando a essa altura.

Mas a droga deveria ser temporária, caso contrário alguém perceberia. Aquele era um plano ousado e engenhoso, dificilmente alguém pararia para pensar que havia alguma coisa errada com os cachorros, principalmente se eles estivessem achando mercadorias ilícitas em outros caminhões.

Qualquer cachorro podia usar a droga e depois que o efeito passasse eles voltariam a sentir os cheiros normalmente. Alguém do grupo de checagem de carga devia receber alguma espécie de mensagem do motorista do caminhão e então dar as droga para os animais minutos antes e quando caminhão fosse parado pela polícia os cachorros não encontrariam nada.

Quantos outros negócios ilícitos haviam se beneficiado com isso? Porque certamente os cachorros ficavam inoperantes por mais tempo do que levava para verificar um caminhão. Será que Lionel cobrava algum tipo de taxa sobre isso? Por isso o laboratório era tão pequeno!Ele não precisava produzir tanto se ganhava com a produção dos outros!

Vovó ainda estava olhando com olhos perdidos para o milharal.

Kara de repente percebeu uma coisa; ela estava morta, não estava? Ela se lembrava de ter caído de uma janela e também se lembrava da dor excruciante nas costelas. Era tarde demais.

— O que aconteceu, anjinho?– Vovó perguntou se aproximando, os olhos um pouco mais claros—Porque está triste?

Kara bufou:

—Estou morta.

—Quem disse que está morta?

Kara riu roucamente.

— A essa altura já devo estar dentro de um caixão, meu braço está rasgado, acho que meu rosto está parecendo o rosto de alguém que bateu a cara em um poste de concreto e não sei se soube, mas cai de uma altura de cinco metros, minhas costelas estão detonadas. Talvez ainda haja mais.

— Se você está morta, o que eu sou?– Ela perguntou e parecia verdadeiramente curiosa. —Estou morta também?

—Não – Kara respondeu— Você é apenas parte da minha imaginação, não é real.

—Não saberemos até testarmos, venha aqui anjinho.

Kara olhou desconfiada para a velha.

—Aqui – A velha agarrou as duas bochechas de Kara como se ela fosse um bebê — Pronta?

—Pronta? Pronta pra quê?!

—Lá vai!

Vovó Mary deu uma bofetada na bochecha de Kara que fez a uivar de dor. Agora ela sabia de quem Lena tinha herdado aquela força invisível.

Operação LuthorWhere stories live. Discover now