Alfa no Alfa

XXXII

Os ponteiros do relógio andavam como se estivessem sendo arrastados por uma tartaruga, sua lentidão era um inferno, Sasuke queria poder sair logo daquele lugar. Havia ficado calado a maior parte do jantar, não podia mexer em seu celular pois seus pais iriam perceber que era outro e iria começar o falatório. Não podia sair da mesa porque achava que seria uma falta de etiqueta fora que provavelmente Naruto o seguiria.

— Não tenho mais nada a tratar com vocês. — Depois de mais e mais discussões e alguns "acordos", Fugaku finalmente resolveu ir embora. — E você vai para casa comigo. — Seus olhos escuros e cheio de ódio mirado para Sasuke que sentiu seu corpo todo arrepiar. Seria engraçado se ele tivesse visto que Naruto também arrepiou tudo do outro lado da mesa, olhando para os lados achando que era o frio.

— Ele vai comigo. — O vermelho carmim no olhar do filho mais velho era obscuro e tenebroso, fazendo as pernas do próprio pai balançarem sem forças. — Não vou deixar que toque em um só fio de seu cabelo. — Colocou sua mão por debaixo dos ferros da cadeira, puxando seu irmão para mais perto de seu corpo grande e forte.

— Não seria melhor ele ir comigo? — Os olhares dos Uchihas indo na direção do loiro foi tão robótico e medonho quanto nos filmes de terror.

— Não acha que você já fez merda demais? — Nagato abriu os olhos após colocar a taça de vinho na mesa novamente. Olhou para seu irmão ainda com seu olhar indiferente com seus ruivos cabelos descendo do seu pequeno rabo de cavalo.

— Sempre dá para piorar. — Seu sorriso cínico e infantil foi na direção do irmão com a cabeça levemente inclinada para o lado, atravessando por seu pai que ainda estava raciocinando o namoro de Mikoto e Kushina de anos atrás, não esqueceria isso tão fácil.

— Sasuke e Naruto vão conosco. — Shisui soltou sua frase, fazendo Kushina e Fugaku olharem para ele com seus olhares de reprovação. — Não é mais fácil? — Seu sorriso sarcástico misturado de malícia era uma confusão eterna.

— Esse moleque já me deu muito trabalho, quero ele longe do meu filho até essa marca se concretizar. — O garçom se aproximou da mesa com um papel em mãos, Fugaku logo pegou sua carteira e o cartão para pagar sua parte do jantar.

— Querido, você sabe muito bem que não se pode concretizar uma marca assim, isso pode demorar muito mais tempo que o normal, fora que Sasuke pode sentir vários efeitos colaterais-

— Não me importo. — Suas frias palavras foram lentamente saindo de seus lábios, impactando mais em sua fala.

— Aceito a ideia. Naruto, você vai comigo. — Itachi pagou sua parte do seu jantar e levantou, arrumando suas roupas para poder se despedir de todos. — Levante sua bunda daí e se despeça de seus pais. — Itachi levemente curvou sua coluna, beijando a testa de sua mãe e a de seu pai. Caminhou até o outro lado da mesa, se despedindo de Minato, Kushina e Nagato.

— Com autorização de quem você vai levar o meu filho? — Kushina levantou cruzando os braços, olhando fixamente para o moreno que abraçava Nagato em despedida.

— Do seu marido, agora se me der licença, preciso ir embora. — Kushina se virou para Minato que não possuía um bom olhar em seu rosto.

— Minato! — Sua voz saiu fina de indignação, mas antes que pudesse continuar seu discurso, foi interrompida pela fala do marido.

— Como assim você e a Mikoto namoraram? Você me odeia? Eu- — Sua cabeça bagunçada o impedia de raciocinar qualquer outra coisa em questão. Não prestava nem mesmo atenção em Shisui, que caminhava apoiado no braço do loiro, o puxando até a saída.

— Eu te explico mais tarde, agora você Ita- — Seu braço pousou no ombro do marido, que mantinha seu olhar baixo e confuso. Olhou para cima apenas vendo a figura de seu filho sair pela porta longe de seu alcance, nenhum membro da família Uchiha havia restado naquela grande mesa de vidro.