Silêncio.

— A vida adulta não é um conto de fadas, Dinah! Você sabe disso, mas ainda não possuí um filho para sustentar. — Mantinha um tom firme, ainda dentro de controles emocionais. — Crianças podem ficar doente a qualquer momento, crianças precisam de roupas, de remédios, de mantimentos, crianças gastam muito dinheiro Jane, eu sei que parece errado falar assim, mas é a porra da realidade! Se eu parar de trabalhar minha filha não vai ter o que comer, ou então vai precisar se privar de muitas coisas! Eu não sou mais a merda de uma adolescente que depende dos pais, eu tenho contas para pagar, eu tenho uma vida dependendo de mim, Hansen!

— Mas Mila...

— Não, DJ. Agora quem vai me escutar é você. — Interrompeu solene, arqueando levemente a sobrancelha de forma inconsciente anexada a outras tragadas na ponta do pedaço de papel. — Eu estou cansada de vocês jogarem na minha cara que ela está seguindo em frente em meio a transas com fulana ou encontros com seja lá quem for, eu e ela não somos a mesma pessoa! Foda-se que ela conheceu alguém e eu não, Lauren Jauregui não deu a luz a um filho depois de estar a beira da morte meses antes! Eu pari uma criança enquanto estava com a costela fraturada, Dinah! FRATURADA! — Finalmente berrou, deixando que lágrimas escorressem. — Ela e nem ninguém vai saber a dor desumana que eu passei, vocês não tem o direito de dizer que eu preciso de alguém, sendo que foi exatamente por ter alguém que minha vida virou esse puto inferno! — Espalmou a mão na mesa, levando os papéis a voarem. — Vocês não estiveram em um relacionamento abusivo, vocês não foram parar no hospital com chances de entrar em colapso, vocês... Vocês não sabem o que é ser a Camila de seis anos atrás que ainda me assombra em meus piores dias!

— Camila eu-

— Parem de tentar me fazer viver algo que não existe mais, aquela Camila morreu Dinah. Ela não existe mais e nunca mais vai voltar a existir, da mesma forma que Lauren fodeu a porra do nosso relacionamento quando quase me matou acidentalmente aquele dia! Como eu ia saber explicar o porque de não querer ver minha própria filha?! De não querer amamenta-la? Eu simplesmente não queria, inferno!— Gritou outra vez, em meio a soluços desenfreados, finalmente desabando na cadeira de couro elegante— Eu estou cansada disso! Do olhar de pena de vocês, do fato de todos vocês terem me tirado como a hija de puta o tempo inteiro, como se eu fosse a única a ter errado naquela maldita época. E sinto muito, mas se você viajou de Newcastle até aqui só para isso, é melhor dar meia volta e sair do meu escritório, sentar a bunda no seu carro e voltar para o Condado de Tyne and Wear. Eu me isolei daquela porra exatamente porque não quero viver em um local que me intoxica o tempo inteiro!

Dinah Jane aproximou-se lentamente em cima dos saltos elegantes, sentando-se na cadeira a frente da mulher chorosa. Olhos escuros eram tão brilhantes e sentimentais quanto, embora não chorasse.

Em que merda a vida de todos eles havia se enfiado? Onde estavam os encontros aos sábados, as músicas latinas e as brigas pelo melhor local na casa para se dormir? Onde estavam as reclamações pelos barulhos tendenciosos e o café da tarde com pés molhados pela piscina manchando o piso de madeira? Onde estavam os barulhos de secadores de cabelo em meio a mochilas lotadas de bebidas alcoólicas e roupas de banho?

Onde tudo aquilo havia ido parar? Porque eles continuavam perto uns dos outros, mas com tudo parecendo ao mesmo tempo tão estranho?

Lauren Jauregui só aparecia nos encontros entre amigos que eles tinham quando Camila não estava, e quando ambas estavam juntas, era a maldita tensão do século junto a tratamentos cordiais puramente superficiais e controlados, acompanhado de expressões de enterros.

Camila - Camren Where stories live. Discover now