Quando meus olhos pousaram na figura parada em frente a minha porta, eu tentei me convencer de que aquilo não passava de uma bela miragem. Não era possível a insistência do ser humano o levar a cometer um ato de perseguição tão grande – e estúpido, tremendamente estúpido –, como esse.
Austin. Parado em frente a minha porta, com Camila em sua frente, sendo praticamente prensada contra a parede enquanto tentava inutilmente se equilibrar sobre o pé não fraturado.
Eu não lembro como consegui caminhar do elevado até minha porta tão rápido – considerando que o corredor não era tão pequeno quanto aparentava ser pelo lado externo do prédio. A única coisa que eu sei, é que, em questão de pouquíssimos segundos eu me vi a menos de um metro de distância dos dois.
O ódio geralmente faz isso.
"O que está acontecendo?" Minha voz mais firme do que minhas pernas, me fizeram agradecer mentalmente.
Camila arregalou os olhos e em seguida franziu o cenho ao me ver. Austin deu dois passos para trás quase que de imediato.
"Austin... Huh... Austin d-decidiu aparecer para dar oi", ela mal conseguiu explicar. Os olhos completamente vidrados aos meus me fizeram questionar o que havia de tão interessante neles em uma hora dessas.
Cortei o contato visual lançando um sorriso falso para o homem há poucos centímetros de distância.
"Onde está Taylor?" Perguntei à Camila sem tirar os olhos do intruso.
Segundos se passaram até que eu escuto sua voz ecoar novamente.
"Ela saiu... Disse que precisava comprar algumas coisas e que já voltava em seguida."
Ri balançando a cabeça. Cristo, ele não podia ser mais ridículo nem se quisesse.
"Deixa eu ver se eu entendi", ponderei. "Eu saio por meia hora, minha irmã decide fazer compras e você magicamente aparece aqui e encontra Camila sozinha. Quais são as chances de isso acontecer sem que alguém saiba quem entra e sai desse apartamento?"
Eu ia dilacerá-lo. Nem que fosse com deboche ou puro sarcasmo.
"Olha, Lauren... Foi tudo ocasional", ele responde enfiando as mãos nos bolsos. A voz arrastada, o mesmo jeito despreocupado que Gordon gostava de exibir enquanto fingia prestar serviços àquele lugar. "Eu estava passando aqui perto e decidi vê-la."
"Ocasional?" Repeti. "Ocasional? Você acha que eu tenho quê? Cinco anos?!"
"Eu deixei meu telefone na recepção do hospital... Estava bem claro que eu pretendia visitá-la. Não só aqui, como na clínica."
"E não ficou claro o suficiente de que ela não queria te ver quando nós deixamos o hospital e não pegamos a porcaria do seu número?"
O risinho fraco que ele deixou escapar só fez meu sangue borbulhar ainda mais. Ele estava brincando com fogo.
"Lauren... Talvez nós devíamos—"
"Você nos seguiu", cortei Camila. Os olhos dele fixados nos meus. "Você seguiu a porra do meu táxi quando nós deixamos a clínica. Você é doente."
"Talvez eu seja", ele responde. "Mas eu apenas queria ver com os meus próprios olhos se Camila estava sendo bem cuidada por vocês. Claramente eu me enganei, pois em uma só visita eu a encontrei sozinha, sem nenhuma assistência e mancando sem o auxílio de uma mísera muleta. Se é que você pode comprar uma, considerando o horror de prédio que você mora—"
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Get Me Out
FanfictionNos últimos dois anos tudo o que eu mais queria era não ter que ir àquele manicômio todos os meses para visitá-la. O que é irônico, porque justo no dia em que ela finalmente saiu de lá eu encontrei uma razão para voltar. #3 5H (01/02/2020)
Strung out, a Little bit Hazy (part II)
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