"Eu não vejo resposta alguma, pai."
"Você está com medo, Lauren."
"Mas que droga, por que todo mundo vive dizendo isso?"
"Porque é a verdade!" Ele ri. "Lauren, você construiu uma coisa rara nas últimas semanas! Eu não sei exatamente em quanto tempo, mas considerando que ela já está no seu apartamento, eu posso afirmar com toda a certeza do mundo que a aproximação de vocês foi muito rápida. E não, não é algo ruim. É bom! Porque isso só mostra o quão profundo é o nível emocional em que vocês estão conectadas. Ver o tamanho do muro, ou em outras palavras, o quanto o relacionamento de vocês avançou nas últimas semanas, está te assustando como nunca, e isso é completamente normal."
Permaneci em silêncio.
"É simples, você está apaixonada."
Ri mentalmente.
"Você não tem como saber isso", rebati. "É impossível."
"Quando você tinha 17 anos, eu lembro de um dia em particular que você chegou em casa parecendo manteiga derretida. Sua mãe perguntou o motivo e você começou a falar de um garoto novo na sua classe. Dois meses depois, você nos apresentou ele como seu namorado e disse que estava perdidamente apaixonada por ele."
"Mas você odiava ele", completei.
"É, isso é verdade. Mas não é disso que eu estou falando. O que eu quero dizer é que... Enquanto vocês dois estavam namorando, havia um brilho diferente nos seus olhos. Isso durou meses, até vocês terminarem. E quando isso aconteceu, você se fechou completamente, e junto com isso, aquele brilho também foi embora."
"Pai..."
"Hoje eu vejo esse brilho de novo."
"Isso é loucura."
Isso era uma loucura. E o fato de que tudo o que ele havia dito fazia perfeito sentido só me deixou ainda mais alarmada do que antes.
"Você precisa relaxar", a voz calma me instrui. "Tente imaginar as coisas de um ângulo diferente."
"Você é maluco, sabia?"
"Ponto de vista, Lauren."
~~
Ao sair da cafeteria, eu decidi voltar pra casa e tentar remendar a situação caótica em que eu havia deixado Taylor e Camila.
No fundo eu sabia que agir daquela forma como eu estava agindo, não traria benefício algum para o meu relacionamento, e testemunhar dia após dia, a melhora significativa de Camila sem poder abraçá-la como antes era a definição exata de dor.
No momento em que o elevador abriu as portas, eu soube que havia algo de muito errado acontecendo. Nostalgia. Não daquelas em que você fica emotiva e chora ao recordar incontáveis lembranças antigas, mas o tipo em que você sente que algo ruim vai se repetir. E ninguém gosta disso.
O barulho das chaves de meu apartamento tilintando em meu bolso eram literalmente a trilha sonora para o meu estresse. Minhas mãos tremiam e meu corpo inteiro parecia estar sofrendo uma espécie de déjà vu, onde cada segundo que passava, trazia consigo uma memória ruim – como se eventos desagradáveis não fossem algo típico em minha vida. O cheiro familiar de colônia barata na cabine era o que mais me perturbava. Eu conhecia aquela essência de algum lugar, só não conseguia encaixar as peças e anexar uma imagem à fragrância.
E a viajem até o quarto andar pareceu demorar séculos até que o sonido familiar da campainha se fizesse ouvir e as portas se abrissem novamente.
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Get Me Out
FanfictionNos últimos dois anos tudo o que eu mais queria era não ter que ir àquele manicômio todos os meses para visitá-la. O que é irônico, porque justo no dia em que ela finalmente saiu de lá eu encontrei uma razão para voltar. #3 5H (01/02/2020)
Strung out, a Little bit Hazy (part II)
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