Strung out, a Little bit Hazy (part II)

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"Ela disse que me amava", falei sem rodeios. Quando se tratava de conversas com meu pai, eu sabia que enrolar não era uma opção.

Ele pisca algumas vezes levantando uma das sobrancelhas no processo. A expressão pacífica era um verdadeiro enigma pra mim.

"E?"

"Eu não soube responder", falei.

"Oh..."

Ele estava prestes a fazer um discurso, eu conseguia sentir.

"Pai—"

"Se você me permite perguntar... Qual é o nome dessa moça?"

"Camila."

"Ok, Camila. Pelo que eu entendi, você não me contou nem metade do que aconteceu nesse último mês, mas eu acho que eu já tenho o suficiente pra te dar um pedacinho do meu ponto de vista."

"Oh meu Deus..."

"Você lembra da história de quando eu conheci sua mãe?" Ele indaga inclinando o corpo para frente.

"Sim, eu lembro, mas o que isso tem a ver?"

"Quando eu a conheci, nós éramos apenas adolescentes. E descobrir o que sentíamos um pelo outro não foi algo simultâneo."

"Eu não sei qual metáfora você está prestes a usar, mas eu tenho certeza que eu não vou entender absolutamente nada no final."

"Lauren. Me escute."

"Ok."

"Na época em que Clara disse que me amava pela primeira vez, eu ainda não havia percebido o que eu sentia por ela. E quando eu ouvi aquilo, eu surtei de tal forma que me fez questionar o que eu estava fazendo comigo mesmo. Nós éramos amigos, e na maioria das vezes, eu agia por impulso e fazia coisas sem nem ao menos me dar conta do que elas significavam. "

"O que você fazia?"

"Eu agia como se ela fosse a coisa mais preciosa do universo, e dizia para mim mesmo que aquilo não era nada demais", ele ri. "Tempo não quer dizer absolutamente nada, Lauren. Uma semana, um mês, um ano. Não importa. Se você sente palpitações, aquela vontade de estar perto, a necessidade de proteger e cuidar... Pode ter certeza de que há algo ali."

"Mas... É tudo tão confuso", tentei justificar.

"Oh querida... É mais simples do que você imagina. Eu não sei de qual nível de afeição nós estamos falando aqui, mas é bem claro que você também tem sentimentos por essa moça. Ainda que sejam apenas por empatia. Eles ainda contam."

"Eu contratei uma advogada pra tentar tirá-la de lá", confessei do nada.

"Allyson?" O choque de informação aparente nos olhos.

"Yeap."

"Oh meu Deus..."

"E depois eu discuti com o pai dela... O cara é um verdadeiro maluco que não enxerga a filha maravilhosa que tem."

"Claramente não é apenas empatia", o ouvi murmurar.

"Pai..."

"Eu vou te falar uma coisa e quero que você preste muita atenção, ok?" Assenti em resposta. "Imagine o relacionamento, ou seja lá o que vocês tenham, como um grande muro. Cada coisa que vocês fazem, cada visita, cada gesto, cada pedacinho da amizade de vocês, representa um bloco. Consegue imaginar isso?"

"Eu acho."

"Ok, aí está a sua resposta."

O encarei confusa. Era incrível a mania que ele tinha de dar lições de moral usando metáforas completamente sem nexos.

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