Dazed and Kinda Lonely (part I)

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"Eu acho que a Srta. Já causou problemas o suficiente", ele pondera.

Eu estava prestes a rebater o comentário quando uma voz conhecida ecoa pelo pátio e interrompe minha linha de raciocínio.

"HEY!" A figura descia a escadaria da entrada aos pulos, praticamente tropeçando nos últimos degraus. Pela primeira vez no dia, eu fui capaz de colocar um sorriso genuíno no rosto. "As chaves!" Ela grita se aproximando.

Retirei o chaveiro do bolso e joguei por cima da grade. Ri mentalmente ao vê-la pegar o objeto no ar com facilidade e murmurar "idiota" para a figura masculina que nos observava atentamente.

"Sabe", falei enquanto observava Dinah se afastar e ir em direção ao meu carro estacionado do outro lado do lote. "Pra um simples porteiro, até que você anda sabendo demais, não?"

Ele dá de ombros enfiando as duas mãos nos bolsos. Torce o nariz ao ver o quão séria eu estava sendo.

"Eu escuto coisas. Não é minha culpa."

"Da última vez que eu chequei, o portão ficava um pouco afastado da clínica", uni as sobrancelhas. "É curioso você escutar coisas que são faladas e discutidas um tanto quanto... Longe."

"É curioso você visitar uma pessoa que mal conhece e levá-la pra sua casa como se tudo que estivesse acontecendo não passasse de uma grande piada. Quer dizer, quem imaginaria que a sua casa também está virando um hospício."

Quando você acha que sabe até onde a petulância de certas pessoas vai, você conhece um porteiro como Gordon e passa a reavaliar sua vida inteira.

Balancei a cabeça rindo.

"Já que você se acha tão esperto e dono da verdade, deixa eu te falar uma coisa. Eu tenho uma amiga chamada Allyson Brooke", ri baixinho. "Se você anda bisbilhotando as coisas do jeito certo, já sabe quem ela é. De qualquer forma, ela é uma advogada, sabe? Minha advogada, aliás. E sei lá, eu já tenho alguns processos pessoais sendo cuidados por ela... Talvez ela não vá se importar em colocar mais um por danos morais na lista."

"Eu não tenho medo de você", ele rebate.

"E você acha que eu tenho? Querido, você pode se achar esperto ou coisa do tipo, mas adivinhe? Você não é. Você diz que a minha casa está virando um hospício? Oh, adivinhe novamente: É culpa sua. Se você passasse mais tempo tomando conta da merda desse portão ao invés de cuidar da vida alheia, não teria deixado Camila fugir, ela consequentemente não teria sido atropelada por outro idiota, e tudo estaria nos conformes como deveria estar."

O homem averte os olhos me fazendo grunhir irritada. Ele era do tipo que, quando ouvia a primeira dose de verdade na vida, ignorava o ato como se não fosse absolutamente nada.

Meu carro entrou em minha visão periférica e pela primeira vez em meses eu o vi caminhar com vontade e disposição para abrir a entrada. Talvez ele realmente quisesse que eu fosse embora, pensei. Dinah parou o veículo a poucos metros da saída e abriu a porta estalando os dedos para chamar minha atenção. Antes que eu entendesse o que ela estava prestes a fazer, a enfermeira contornou o veículo e abriu a porta do carona.

"Você não pode sair em hora de trabalho", o porteiro interferiu.

"O monsenhor falou que ela não podia entrar. Não que eu não podia sair", ela ri.

O olhar que Gordon lançou para nós foi impagável. Eu realmente não deveria aparecer aqui de novo depois disso.

"Pra onde vamos?" Indaguei assim que liguei a ignição.

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